Open-access Reflexões sobre um dispositivo de análise da prática profissional e sua possível utilização na enfermagem

RESUMO

Na enfermagem, para que o trabalho não se torne mecanicista, a equipe necessita desenvolver um olhar crítico sobre seu saber, seu saber-fazer e seu saber-ser. A formação de profissionais da enfermagem, pensada a partir de uma perspectiva crítica e reflexiva, motivou este estudo, que se pautou no referencial teórico e na experiência das autoras com a utilização do dispositivo de análise da prática profissional Groupe Entraînement de Analyse de Situations Éducatives. Esse dispositivo visa, em grupo, analisar situações profissionais com a presença de um facilitador. O objetivo é analisar as contribuições do Groupe Entraînement de Analyse de Situations Éducatives para a formação de profissionais reflexivos na enfermagem. As etapas, regras de funcionamento e o papel dos participantes são explicitados, a fim de promover um ambiente seguro para todos, permitindo aos membros do grupo a elaboração de hipóteses para compreender a situação e desenvolver competências de análise e reflexão. Conclui-se que o referido dispositivo oferece a oportunidade de abrir um espaço para o pensamento reflexivo, respeitando os diferentes papéis e tempos destinados à fala de cada participante, construindo a sua identidade profissional.

DESCRITORES: Enfermagem; Educação em Enfermagem; Educação Continuada em Enfermagem; Prática Profissional

ABSTRACT

In order for nursing work not to become mechanistic, the team needs to develop a critical eye to its knowledge, its know-how and its know-to-be. The training of nursing professionals from a critical and reflective perspective motivated this study, which was based on the theoretical reference and the experience of the authors with use of the analytical methodology of the Groupe Entraînement de Analyze de Situations Éducatives (Training Group to Analyze Educational Situations) professional practice. This methodology aims to analyze professional situations in a group with the presence of a facilitator. The objective is to analyze the contributions of the Groupe Entraînement de Analyze de Situations Éducatives to train reflective professionals in nursing. The steps, rules of operation and the role of the participants are explained in order to promote a safe environment for all, enabling group members to develop hypotheses to understand the situation and develop analysis and reflection skills. It is concluded that this methodology offers the opportunity to open a space for reflective thinking, respecting the different roles and times intended for the speech of each participant, building their professional identity.

DESCRIPTORS: Nursing; Education, Nursing; Education, Nursing, Continuing; Professional Practice

RESUMEN

En la enfermería, a fin de que el trabajo no se convierta en mecanicista, el equipo necesita desarrollar una mirada crítica sobre su saber, su saber-hacer y su saber-ser. La formación de profesionales enfermeros, pensada desde una perspectiva crítica y reflexiva, motivó este estudio, que se pautó en el marco de referencia teórico y en la experiencia de las autoras con la utilización del dispositivo de análisis de la práctica profesional Groupe Entraînement de Analyse de Situations Éducatives. Ese dispositivo tiene el fin de analizar en grupo situaciones profesionales con la presencia de un facilitador. El objetivo es analizar los aportes del Groupe Entraînement de Analyse de Situations Éducatives para la formación de profesionales reflexivos en la enfermería. Se enseñan las etapas, reglas de funcionamiento y el papel de los participantes, a fin de promover un entorno seguro para todos, permitiendo a los miembros del grupo la elaboración de hipótesis para comprender la situación y desarrollar competencias de análisis y reflexión. Se concluye que el mencionado dispositivo brinda la oportunidad de abrir un espacio para el pensamiento reflexivo, respetando los diferentes papeles y tiempos destinados al habla de cada participante, construyendo su identidad profesional.

DESCRIPTORES: Enfermería; Educación en Enfermería; Educación Continua en Enfermería; Práctica Profesional

INTRODUÇÃO

O cuidado na enfermagem não é limitado à utilização de equipamentos, materiais e conhecimentos estruturados, mas está circunscrito também a um processo de relações, de intervenções e subjetividades. No entanto, apesar dos avanços na organização do trabalho em saúde, os cuidados de enfermagem ainda estão focados nos procedimentos técnico-científicos e nas tarefas a serem executadas, o que aponta uma prática profissional fragmentada e tecnicista, caracterizando um trabalho mecanizado e uma impessoalidade nas relações organizacionais1.

Pode-se dizer que essa é uma herança dos princípios tayloristas adotados na organização do trabalho da enfermagem, na qual a atuação dos enfermeiros, na maioria das vezes, ainda se baseia na supervisão e no controle das tarefas, o que dificulta o desenvolvimento do trabalho em equipe, a partir de uma prática profissional mais crítica e reflexiva2.

Entretanto, a enfermagem é uma profissão que tem seu campo próprio de conhecimento, fundamentações e práticas, os quais exigem dos profissionais competência técnica, capacidade de reflexão, de análise crítica e aprofundamento constante dos conhecimentos científicos. Para que o trabalho não se torne mecanicista e desumano, a equipe de enfermagem deve encontrar estratégias para resolver os problemas, enfrentar os desafios, reconhecer seus limites e desenvolver um olhar crítico sobre seu saber, seu saber-fazer e seu saber-ser.

A formação de profissionais da enfermagem, pensada a partir de uma perspectiva crítica e reflexiva, motivou esta reflexão teórica, que se iniciou durante o pós-doutorado em Ciências da Educação, realizado pela primeira autora na Universidade Cergy-Pontoise, França. Nesse período, foi possível acompanhar o trabalho de duas facilitadoras que utilizam, na formação de profissionais da área da educação e do setor médico-social, um dispositivo de análise da prática profissional (APP), denominado Groupe Entraînement de Analyse de Situations Éducatives (GEASE)3), (4. Na França, esse dispositivo também é utilizado nos cursos de enfermagem e na educação permanente nos serviços de saúde5.

A expressão “análise das práticas” está relacionada a um certo número de dispositivos que começam a ter uma importância crescente, a partir de 1990, na formação inicial ou na educação permanente das profissões das áreas da educação e do setor social. Tais dispositivos foram utilizados inicialmente nos Institutos Universitários de Formação de Professores, na França. A maioria desses dispositivos reúne grupos de trabalhadores que vêm de diferentes estabelecimentos, mas que exercem a mesma profissão para, coletivamente, analisar a sua prática, de forma que são frequentemente utilizados nas profissões que possuem como objeto de trabalho as relações interpessoais6), (7.

Nessa perspectiva, a análise das práticas se apresenta como uma modalidade interessante de formação quando uma parte importante do trabalho não pode ser prescrita, ou seja, quando o profissional precisa construir permanentemente respostas adaptadas às diversas situações singulares que surgem no trabalho. Essa análise é também identificada como um meio de profissionalização, na medida em que permite trabalhar a dimensão identitária na construção de uma profissão7.

Na área da saúde, as práticas profissionais são dinâmicas e influenciadas pelas mudanças que ocorrem na sociedade contemporânea. Além disso, a enfermagem e outras profissões da área trabalham, essencialmente, com as relações interpessoais, principalmente com a dimensão subjetiva dos profissionais e usuários. Perante esses e outros fatores, as equipes necessitam, constantemente, refletir sobre a sua prática, visto que não existem respostas prontas para as diversas situações encontradas no cotidiano.

Diante desse fato, ao conhecer a APP, como uma metodologia de formação crítica e reflexiva, a autora supracitada, ao retornar do seu pós-doutorado, elaborou o projeto de extensão: “Utilização de dispositivo de análise da prática profissional na educação permanente para formar profissionais reflexivos na enfermagem”. Esse projeto contou com a participação de uma bolsista, aluna do curso de graduação em enfermagem, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais.

A partir dessas experiências e do aporte teórico que subsidia essa metodologia de formação, as autoras questionaram: quais são as contribuições da utilização de dispositivos de APP na construção de uma postura de profissional reflexivo na enfermagem brasileira? Como pensar as transposições, especificamente, do método GEASE para a formação dos profissionais de enfermagem no Brasil?

Para responder a essas questões e apontar subsídios teóricos para a formação, educação permanente dos profissionais de enfermagem e realização de projetos (ensino, pesquisa e extensão) na área da saúde, as autoras elaboraram este estudo teórico, que pode contribuir para o avanço e o desenvolvimento do conhecimento da profissão. Isso pode valorizar e consolidar, cada vez mais, o compartilhamento de saberes e práticas, por meio de intercâmbios nacionais e internacionais.

Ressalta-se que, no Brasil, foi encontrada somente uma investigação que utiliza um dispositivo de análise da prática, adaptado ao GEASE, como instrumento de coleta de dados, em uma pesquisa realizada junto aos trabalhadores da enfermagem, na atenção básica do município de Campinas-SP8. Sendo assim, a escassez de literatura acerca do tema também se constitui em justificativa para a realização deste ensaio teórico.

O objetivo desta reflexão teórica é analisar as contribuições do dispositivo GEASE para a formação de profissionais reflexivos na enfermagem.

Análise da prática profissional: conceitos e breve histórico

Neste estudo, a palavra prática não está relacionada a um trabalho sobre as técnicas e procedimentos realizados pelos profissionais, mas é utilizada no sentido de práxis, entendida como a relação complexa e indissociável, do pensar e do fazer, considerando que o trabalhador constrói a sua prática na experiência cotidiana, nos acontecimentos que surgem, na maneira em que os tratam e nas rotinas que se instalam9.

A partir do entendimento da palavra prática, busca-se compreender as abordagens teóricas que deram origem à análise das práticas e fazer uma aproximação com alguns conceitos que sustentam os seus diversos dispositivos. De forma sintética, pode-se dizer que a análise das práticas, desenvolvida atualmente, tem origem em duas correntes teóricas principais: os trabalhos de Balint e a abordagem reflexiva de Schön7), (8), (10.

Nos anos 1940, na Tavistock Clinic de Londres, Michaël Balint, médico e psicanalista, constatou que a formação médica tradicional não preparava o médico para se relacionar com seus pacientes. Por outro lado, ele elaborou a hipótese de que a relação entre o paciente e seu médico (como confiança, dependência, segurança) tinha uma importância determinante no processo de cura. Assim, ele propôs aos médicos generalistas a realização de seminários, hoje conhecidos como “grupos Balint”, onde pudessem refletir, a partir de situações reais, a relação médico-paciente, tendo como referencial teórico a psicanálise e coordenados por líderes psicanalistas. Essa era uma abordagem interessante para compreender o que se passava nessa relação, no aspecto emocional, e que trabalhava com os conceitos de transferência, contratransferência e inconsciente como principais ferramentas teóricas11), (12), (13.

Na França, os dispositivos de análise da prática, inicialmente, foram utilizados na educação, e verificou-se que o modelo Balint foi amplamente difundido nessa área, tornando-se uma referência pertinente nos trabalhos realizados com grupos de professores, visto que a relação professor-aluno também mobiliza afetos, emoções e representações, como no caso da relação que ocorre entre os médicos e os seus pacientes. Esses dispositivos tinham o objetivo de ajudar o professor a clarear a repetição de certos comportamentos, suas reações intuitivas, seu mal-estar diante de alguns alunos (como se sentir agredido, por exemplo)7.

Posteriormente, outras áreas, como a social e de saúde, começaram a utilizar dispositivos de APP, o que também evidencia essa influência teórica e metodológica até os dias de hoje, em que o foco principal é a análise de uma situação real vivenciada por um profissional no seu trabalho, assim como ocorria nos “grupos Balint”. Dessa forma, deve ficar claro que há uma articulação com a dimensão privada do profissional, ela é autorizada e encorajada, mas jamais imposta. Os dispositivos de APP tratam, então, de um trabalho de formação, e não terapêutico, em que se utiliza da cooperação ativa de todos os participantes do grupo7.

A outra corrente teórica que subsidia a análise das práticas tem origem nos trabalhos de Donald Schön e Chris Argyris sobre a ciência da ação. Eles partem do princípio de que a ação é fonte de conhecimento, a partir do qual Schön vai desenvolver o conceito de “profissional reflexivo”. Ele constatou que as situações da prática profissional são marcadas pela complexidade, incerteza, instabilidade, particularidade e conflitos de valor. Para o autor, os problemas não chegam determinados nas mãos do profissional, este deve saber reconstruir o problema em um problema que ele pode resolver. É a reflexão na ação, a medida que o profissional reflete, em seguida ao resultado da sua ação, ao ver os resultados produzidos6), (7), (14.

O conceito de reflexividade, desenvolvido pelo pedagogo Donald Schön, possibilita trabalhar uma variedade de temas encontrados simultaneamente na vida ou na prática profissional, reunindo as ciências, a técnica e a arte para compreender a complexidade da condição humana, buscando desenvolver a autonomia e a tomada de consciência dos sujeitos e da coletividade14.

A prática reflexiva permite capacitar os profissionais para lidar, de maneira crítica, com os determinantes do processo de trabalho e realizar as suas práticas com autonomia e protagonismo15. Nessa perspectiva, a experiência e a ação devem ser analisadas individualmente e coletivamente, para que se possa construir e expressar os saberes do grupo, reconhecendo-as como autênticas fontes de conhecimento16.

A partir dessas considerações teóricas é que se pode compreender a APP como uma metodologia de formação que utiliza diversos dispositivos produtores de saberes e de saberes experienciais (a partir da reflexão na ação). De modo geral, essa metodologia de formação tem as seguintes características17:

  • Abordagem finalizada - é um método de formação; visa à construção de identidade profissional e à profissionalização.

  • Abordagem grupal - um membro do grupo expõe sua prática e com a ajuda de seus pares tenta elucidá-la ou dar um sentido, ele mesmo, para sua prática.

  • Abordagem de acompanhamento - o facilitador, que é um expert, tem a função de fornecer referenciais de leitura e subsídios teóricos que permitam compreender a situação analisada, e não dar as soluções ou receitas para os problemas expostos.

  • Abordagem instrumentalizada por saberes e ferramentas de análise - os saberes são apreendidos em quatro dimensões: instrumental (formalizar a prática); heurística (abrem pistas de reflexão); de problematização (ajuda a colocar os problemas); e de mudanças (permite a criação de novas representações).

  • Abordagem e lugar de articulação prática-teoria-prática - sempre se inicia por meio de relatos de práticas vivenciadas e trazidas pelo grupo. Os pares questionam, propõem pistas de análise, o facilitador fornece aportes e saberes teóricos que servem de ferramentas de leitura para a compreensão, mas, o que importa, é a palavra do grupo.

Assim, a APP é feita pelos participantes do grupo que trabalham a coconstrução do sentido que dão às suas práticas e o aperfeiçoamento das técnicas profissionais. Essa elaboração individual passa a ser um trabalho grupal, que possui uma certa duração e necessita da presença de um facilitador, em geral um profissional que domina as práticas analisadas, garantindo assim o dispositivo subsidiado no referencial teórico escolhido10.

Em relação ao facilitador, ele pode assumir diferentes posturas: condução, acompanhamento, regulação ou de formação, o seu papel é garantir a estrutura do dispositivo, as regras de funcionamento e a segurança do grupo. É preciso saber escutar, ter experiência na condução de grupos e se beneficiar de uma supervisão7), (18.

Diferentes tipos de dispositivos de análise da prática profissional

Na literatura, encontram-se diferentes dispositivos de APP, e o que há em comum entre eles é a utilização de uma situação de estágio/trabalho como ponto de partida para uma reflexão dos estudantes/profissionais. A diferença entre esses dispositivos se dá em virtude da sua finalidade e da abordagem teórica em que estão ancorados. A seguir, serão apresentados alguns exemplos de dispositivos encontrados na literatura francesa6), (7), (19:

Grupo de Aprofundamento Profissional (GAP) - busca o acompanhamento das pessoas em equipes pedagógicas; permite aos próprios participantes o encontro de suas estratégias de ação. É um dispositivo que ajuda o narrador a tomar decisão, mediante diversas proposições feitas pelos membros do grupo, é um espaço de fala e de desenvolvimento da escuta que está ancorado no movimento rogeriano (teoria não diretiva de Carls Roger, centrada no cliente), com uma abordagem filosófica e humanista da relação.

Grupo de orientação Balint - centralizado no acompanhamento da pessoa. Serão trabalhadas as articulações psíquicas inconscientes entre a personalidade individual, singular e a personalidade profissional. É um espaço onde o indivíduo não vai somente falar ou se expressar, mas, sobretudo, poderá elaborar as questões que influenciam a sua personalidade, o seu inconsciente, a sua prática profissional, a partir de uma orientação psicanalítica. No entanto, não se constitui em um grupo de soluções e nem de terapia.

Groupe Entraînement de Analyse de Situations Éducatives (GEASE) - é utilizado em grupo, pretende desenvolver competências de análise e adquirir conhecimentos por meio da repetição do ato de analisar diversas situações da prática profissional, buscando explicitar nas ações os “saberes que estão escondidos”. É uma ferramenta de formação que visa à transformação das pessoas, dos hábitos, dos grupos, das equipes e das instituições, tem uma perspectiva de análise psicossociológica ou reflexiva e uma das suas abordagens teóricas centrais é a da multirreferencialidade.

A abordagem multirreferencial foi elaborada inicialmente por Jacques Ardoino, que reconhece a complexidade e a heterogeneidade que caracterizam as práticas sociais. Esse é o conceito fundamental para compreender os fenômenos no âmbito das ciências humanas, especialmente os fenômenos educacionais. Para o referido autor, essa abordagem deve ser construída por meio da conjugação e aproximação de diversas disciplinas, que se inscrevem em um universo dialético, no qual o pensamento e o conhecimento são concebidos em um constante movimento, possibilitando a construção do conhecimento, o que implica um rompimento com o pensamento linear, unitário e reducionista20.

Nessa perspectiva, a metodologia do GEASE se apoia na abordagem da multirreferencialidade para que o grupo possa apreender e compreender as situações em todas as suas dimensões, permitindo acessar os vários níveis de análise: pedagógico, institucional, sociológico, psicológico, entre outros, o que possibilita uma visão diversificada das situações vivenciadas21.

Conforme citado anteriormente, a experiência das autoras é com a utilização do dispositivo de análise da prática profissional GEASE, foco desta reflexão teórica que busca identificar quais são suas possíveis contribuições para a formação de profissionais reflexivos na enfermagem brasileira.

O dispositivo GEASE: sua sigla e modo de funcionamento

O GEASE é um dispositivo de APP que é utilizado em grupo, visando analisar situações profissionais complexas, a fim de construir uma postura de profissional reflexivo3), (5), (22.

As principais finalidades desse dispositivo são: construir, manter e restaurar a identidade profissional, visto que as pessoas sempre são capturadas pelas instituições e pelas tarefas a cumprir3. A captura institucional dos profissionais se dá, na maioria das vezes, por meio da rotina, que é difícil de ser quebrada, por normas rígidas, comportamentos cristalizados, jogos de interesse, relações de dominação, condutas autoritárias, entre outros fatores que contribuem para a produção de profissionais acríticos e mecanizados.

Para conduzir o dispositivo GEASE, o facilitador necessita garantir três regras básicas para o seu funcionamento: a confidencialidade, o não julgamento de valores e a implicação de cada participante com o trabalho realizado.

Na condução do dispositivo GEASE, a implicação tem um sentido de envolvimento e comprometimento de todos os participantes do grupo e do facilitador, em todas as fases do desenvolvimento das sessões de análise prática, elemento fundador da existência do grupo e da sua evolução. O GEASE enfatiza principalmente o engajamento do narrador, pois, se nenhuma situação for relatada, não é possível propor aos participantes um trabalho de análise da prática19), (22. Por outro lado, o envolvimento de cada um para analisar a situação descrita possibilita um diálogo interativo entre os participantes, que trazem consigo seus referenciais e suas condutas, ou seja, situações profissionais que servem como caixa de ressonância, que “toca” a prática de cada um, a partir de uma reflexão coletiva. Assim, a implicação dos participantes é uma condição sine qua non para a realização do GEASE22.

A dimensão de grupo no dispositivo GEASE é de fundamental importância, visto que esse é um lugar de escuta e proteção para o narrador e os demais participantes. Sendo assim, durante todo o desenvolvimento da sessão de análise de prática, o facilitador necessita garantir as regras de confidencialidade e de não julgamento de valor acerca das pessoas envolvidas e dos acontecimentos relatados3), (22. Nesse sentido, não é permitido aos participantes a expressão de ideias ou opiniões preconcebidas, sem conhecimento, análise ou reflexão sobre a situação vivenciada, condição indispensável para que os profissionais se sintam seguros, protegidos e para que a fala seja a mais autêntica possível.

Assim, a utilização do GEASE na formação profissional permite aos estudantes/profissionais a apropriação das competências de análise da sua própria prática, em um momento de estrita confidencialidade e fora de quaisquer julgamentos de valor que possam levar a discussões e análises infundadas e unilaterais23.

O significado da sigla GEASE3:

G (Groupe) - Grupo

O GEASE não é um grupo de discussão ou para debater um problema geral, como: de onde vem a autoridade do médico?; existe um bom método para gerenciar as relações humanas?; entre outras questões amplas e gerais, mas para discutir situações específicas vivenciadas no trabalho. Esse dispositivo também não se constitui em um grupo de expressão com a finalidade terapêutica que permite superar um trauma ou lutar contra uma dependência, por exemplo, os Alcoólicos Anônimos. Ressalta-se que, mesmo que haja os tempos de trocas, de argumentação, uma relação de apoio e ajuda, o GEASE deve se distinguir de grupos de cunho terapêutico.

O dispositivo GEASE se constitui, então, em um grupo de formação para analisar situações do trabalho que se mostram importantes na formação profissional, apoiado em diferentes saberes (ciências sociais, políticas, história, filosofia, entre outros).

E (Entraînement) - Treinamento/repetição

A frequência e a regularidade do GEASE permitem exercer, progredir, construir e refinar as competências de análise. Pergunta-se: por que é necessário se “treinar”? Porque são atitudes e posturas mentais que não são espontâneas e que é preciso descobrir e se assegurar do que vai dizer. Para ter essas atitudes é preciso de tempo e de várias sessões. É necessário multiplicar os ensaios, os erros e as retificações.

A sessão é um momento em que se coloca um parêntese na situação relatada e se procura somente compreender, com a ajuda do ponto de vista e das interpretações do outro, sem que haja julgamento de valor ou conselhos para agir, por exemplo: “você não poderia jamais ter feito isso” ou “você deveria ter feito isso, pensando no seu futuro”, entre outros. É devido a esses parênteses que a situação relatada se torna em suspensão e serve de suporte para treinar a elaboração de questões, hipóteses e fazer a análise de uma situação, que é “emprestada” ao grupo pelo narrador.

Dessa forma, a finalidade principal desse trabalho de grupo não é nem de ajuda terapêutica, nem ajudar o relator a tomar decisão (se isso acontecer como benefício secundário, será melhor), mas se treinar a analisar situações com o objetivo de formação, a fim de modificar certas atitudes espontâneas que nós, seres humanos, temos, como: tendência a ter uma visão unilateral das coisas e situações; procurar apenas uma explicação; incapacidade de se colocar no lugar do outro; ter capacidade de escuta e de se distanciar da situação. Ou seja, se treinar para ter uma postura reflexiva que se abre para a complexidade das situações para melhor compreender e agir nas situações reais da vida profissional, presente ou futura.

A (Analyse) - Análise

Depois da exposição de uma situação pelo narrador, o grupo intervém para explorar a situação e elaborar hipóteses que permitam interpretá-la. O narrador elabora seu discurso a partir de extratos de fatos brutos, representações imaginárias e interpretações pessoais que dão sentido ao que ele vivenciou. Esse relato já é considerado uma análise, que, de alguma forma, ainda é enigmática para o narrador, mas, no momento da exposição, ele se força a organizar as ideias para além da transposição da linguagem. Esse primeiro tempo do relato, antes mesmo da intervenção do grupo, frequentemente contribui para que o narrador possa ver as coisas já de uma forma diferente.

Na fase de coleta de dados complementares, os participantes do grupo são incitados a fazerem questões de esclarecimento da situação (precisar o cenário, perceber os envolvidos, seus status, suas relações, entre outras) e trazerem à tona alguns elementos que foram omitidos. Isso ajuda o narrador a precisar os detalhes, a encontrar as palavras certas, a esclarecer as questões que estavam escondidas na “zona sombria”.

S (Situation) - Situação

A situação é uma configuração singular na qual agem e reagem os sujeitos de uma situação relatada. É um tempo preciso, de recortes, lugar específico para trocas. Pode-se dizer que as situações passam basicamente por três etapas: real; representada/relatada/descrita; e elaborada/pensada, a partir de conceitos.

E (Éducative) - Educativa

O GEASE pode ser utilizado em várias etapas da profissionalização dos indivíduos: na fase de formação inicial, contribuindo para a construção da identidade profissional, como uma ferramenta que pode ajudar a dar senso na articulação teoria/prática. Na educação permanente, outra fase da formação, em que reforça a identidade profissional, permitindo analisar as experiências vivenciadas nas dificuldades e no sofrimento, restaurando, frequentemente, a autoestima, o que possibilita a confrontação dos saberes experienciais e os referenciais teóricos. Nessa fase de formação, esse dispositivo também pode se tornar um lugar para iniciar a capacitação de pessoas para conduzir o grupo, e não somente um lugar de análise de situações.

Etapas de funcionamento e avaliação do GEASE

Para operacionalizar o GEASE, os participantes e o facilitador são dispostos em roda para facilitar o diálogo entre todos, em um grupo de 12 a 15 pessoas, no máximo. O facilitador apresenta o dispositivo, evidenciando claramente o seu objetivo, suas regras de funcionamento e o seu desenvolvimento a partir das seguintes etapas, as quais são idênticas em todos os encontros3), (21), (22), (23.

  • Escolha da situação: cada participante relata, brevemente, uma situação profissional específica, enquanto os demais tomam nota para, em seguida, escolherem aquela que será analisada. Duração aproximada: 15 minutos.

  • Apresentação da situação: o relator expõe ao grupo a situação escolhida, sem ser interrompido pelos demais participantes. Ao final, ele elabora uma questão que guiará a análise reflexiva. Duração aproximada: 15 minutos.

  • Coleta de informações complementares: os demais participantes tiram suas dúvidas acerca do contexto, dos envolvidos, dos elementos do discurso e dos pontos obscuros da situação. Não são aceitos comentários, julgamentos de valores, interpretações e questões fechadas. Duração aproximada: 30 minutos.

  • Elaboração de hipóteses: o relator se retira do grupo e não participa da discussão. De costas para o grupo, com o sentido de tomar distância da situação, ele deverá escutar a discussão, sem poder reagir, mas ele é motivado a tomar nota sobre as reflexões dos membros do grupo, os quais são convidados a formular hipóteses se apoiando naquilo que é conhecido da situação apresentada. Duração aproximada: 45 minutos.

  • Síntese do relator: o relator volta para o grupo e se exprime livremente sobre aquilo que entendeu, sem ser interrompido pelos demais participantes. Ele elabora a sua interpretação da situação, a partir da avaliação das hipóteses formuladas pelos demais participantes. Duração aproximada: 15 minutos.

  • Fase metacognitiva: é uma síntese das observações e expressões, em que cada um é convidado a exprimir livremente a sua vivência no dispositivo, ou seja, suas impressões, sentimentos, falhas, pontos positivos e ou negativos, entre outras. Duração aproximada: 30 minutos.

Além das etapas de funcionamento desse dispositivo de APP, também se faz necessário conhecer os pontos positivos e tensões relacionadas a sua utilização. Dessa forma, a síntese de uma avaliação realizada por Nadine Faingold, em 2003 na França, a partir das respostas de facilitadores que coordenaram sessões de APP utilizando o GEASE23, é um estudo importante para subsidiar as reflexões das autoras deste ensaio teórico.

Na sua avaliação, a referida autora destaca que, apesar de o facilitador ter de seguir as etapas do GEASE de forma rigorosa, isso é exatamente o que lhe dá segurança para saber quais são os objetivos e aonde quer chegar com a APP. Os facilitadores consideraram que os participantes do grupo aprenderam a analisar as situações, uma vez que as discussões contribuíram para que o narrador encontrasse as suas próprias respostas. Além disso, os facilitadores evitaram julgamento de valor que levavam a discussões estéreis e infundadas, na perspectiva de protegerem a pessoa do relator. Um dos pontos mais positivos apontados foi a qualidade das trocas de experiências, a sinceridade dos debates e a relação de confiança que se estabeleceu durante as sessões de APP. Progressivamente, os participantes melhoraram a qualidade da escuta e a formulação das questões compartilhadas no grupo23.

Como tensões da utilização do GEASE encontradas nas avaliações, pode-se apontar a dificuldade de alguns alunos/profissionais em compartilhar seus problemas, aqueles que não querem tomar a palavra para relatar uma situação de estágio/profissional. Além disso, os facilitadores apontaram a dificuldade de alguns participantes em cumprirem quesitos, como: frequência, assiduidade, pontualidade, entre outros fatores, e também o fato de determinados alunos/profissionais se colocarem no papel de “meros consumidores da formação”, ao buscarem sempre respostas prontas, em vez de problematizarem as situações complexas23.

Contribuições e transposições do dispositivo GEASE para a formação reflexiva na enfermagem brasileira

Diante das considerações teóricas pode-se apontar algumas contribuições importantes do GEASE para a formação de profissionais reflexivos na enfermagem, tais como:

ser um dispositivo que parte de uma situação específica e vivenciada por um aluno/profissional, permitindo que este tome “uma certa distância” da situação relatada. Ressalta-se que “tomar distância” não significa deixar de apreender a complexidade das situações numa perspectiva sistêmica, pois é necessário levar em consideração o contexto, os envolvidos, o trabalho realizado, as implicações dos sujeitos e os aspectos organizacionais.

as suas etapas, regras de funcionamento e o papel dos participantes são explicitados desde o primeiro encontro, a fim de promover um ambiente seguro para todos. A partir do discurso do relator e das emoções vivenciadas, os membros do grupo são encorajados a elaborar diferentes hipóteses interpretativas para transcender toda uma visão unilateral da situação, visando desenvolver competências de análise e determinadas posturas mentais, como a capacidade de se colocar no lugar do outro, de ter uma escuta ativa, de não expor seus juízos de valores de forma infundada (não julgamento de valor).

o fato de as sessões de APP, com a metodologia do GEASE, serem coletivas e circunscritas a uma temporalidade, que visa a uma alternância entre encontros do grupo e retorno às organizações, permite aos alunos/trabalhadores a reflexão sobre a importância do trabalho em equipe, ajudando o relator a modificar sua própria representação de uma situação e os demais participantes a entrarem em contato com os diversos pontos de vistas.

os dispositivos de APP, em especial o GEASE, fazem parte dos currículos das escolas de enfermagem da França como um método de formação oficial, em que as instituições reconhecem a necessidade desse tempo de construção da prática reflexiva, o que pode ser estudado e aplicado pelas escolas brasileiras.

Essas características possibilitam que esse método de formação, que, inicialmente, foi utilizado na área da educação na França, possa ser reproduzido em diversas áreas profissionais, bem como em outras realidades, como, por exemplo, na graduação e educação permanente na enfermagem brasileira.

Assim, é necessário partir de alguns questionamentos para pensar as transposições para a esta realidade:

como inserir os dispositivos de APP, em especial o GEASE, na formação dos profissionais de enfermagem, não como disciplina, mas como um espaço de formação reflexiva e construção/fortalecimento da identidade profissional?

como trabalhar as questões da educação permanente, não em uma perspectiva “bancária”, mas utilizando dispositivos, como o GEASE, que possibilitam analisar a prática profissional a partir de situações vivenciadas pelos profissionais? O projeto de extensão que foi citado neste artigo pode ser considerado uma primeira experimentação, no entanto, ainda precisa ser estudado, avaliado e pesquisado de forma mais aprofundada.

Muitos outros questionamentos poderiam ser trazidos neste ensaio, no entanto, optou-se por tecer no próximo tópico algumas considerações, sem cunho conclusivo, mas no sentido de abrir caminhos para dar continuidade ao estudo e às discussões acerca do dispositivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A literatura consultada e as experiências das autoras, especialmente aquelas obtidas a partir do projeto de extensão mencionado neste artigo, permitem fazer algumas considerações, mesmo que incipientes, sobre a utilização do dispositivo GEASE na formação dos profissionais (graduação e educação permanente) da enfermagem brasileira.

Considera-se que esse é um dispositivo que oferece a oportunidade de abrir um espaço para o pensamento reflexivo dos profissionais de enfermagem, uma vez que nas sessões de APP eles se deparam com uma diversidade de situações que são relatadas, questionadas e analisadas, possibilitando a construção coletiva do conhecimento, a partir do reconhecimento da complexidade do processo de trabalho e das relações interpessoais.

Nesse espaço coletivo, tanto os participantes quanto o facilitador têm a possibilidade de fazer uma autocrítica e uma autorreflexão, pois todos têm a oportunidade de aprender a ouvir, a respeitar e aceitar ou não os diferentes pontos de vista relacionados às situações de trabalho/estágio, que são elaborados por meio de questionamentos e análises interpretativas construídas pelo grupo, e não a partir de julgamentos prévios unilaterais.

Nessa perspectiva, a importância do trabalho em equipe e da potência dos grupos torna-se evidente nos vários contextos organizacionais. Nas sessões do GEASE, em alguns momentos os participantes servem de “espelho” uns para os outros, na medida em que as situações compartilhadas fazem eco nas vivências individuais, o que pode contribuir para a construção da identidade profissional de trabalhadores da enfermagem críticos e reflexivos.

As autoras deste ensaio teórico ressaltam que na literatura francesa encontram-se desde artigos de pesquisa até relatos de experiências acerca da utilização de dispositivos de APP, inclusive avaliando o GEASE. Entretanto, a realidade brasileira é diferente, o que pode dificultar a operacionalização desses dispositivos na íntegra. Portanto, elas consideram necessário conhecer ainda mais esses dispositivos, tanto da perspectiva teórica quanto da prática, para compreender as possibilidades de adaptação/criação da sua utilização na formação de profissionais reflexivos na enfermagem brasileira.

Assim, a partir desta reflexão teórica sugere-se a realização de outros estudos e pesquisas, tendo como foco de investigação os dispositivos de APP, a fim de proporcionar a consolidação de teorias e métodos de formação que sustentem a ciência em enfermagem, contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento e da profissão.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Fev 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    28 Fev 2018
  • Aceito
    15 Ago 2018
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