Acessibilidade / Reportar erro

Biossorção: uma revisão sobre métodos alternativos promissores no tratamento de águas residuais

Biosorption: a review of promising alternative methods in wastewater treatment

RESUMO

Métodos convencionais de tratamento de águas residuais apresentam determinadas limitações, como a baixa remoção de poluentes orgânicos refratários, necessidade de grandes áreas de instalação e os elevados custos para implementação e operação. Assim, processos alternativos vêm sendo aplicados para o tratamento de água residuais, como a adsorção, pela sua versatilidade e a possibilidade de utilização de materiais alternativos (biossorventes). O processo de biossorção é considerado uma alternativa biotecnológica para o tratamento de águas residuais, por meio da utilização dos biossorventes, como resíduos agroindustriais. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma revisão bibliográfica de caráter exploratória e qualitativa, relacionando a aplicação do processo de biossorção na remoção de contaminantes em águas residuais. Assim, a maioria das biomassas vivas e mortas demonstraram ótimos resultados na captação de poluentes em meio aquoso, sendo promissoras no tratamento de águas residuais industriais. Além disso, resíduos agroindustriais que se acumulam por não apresentarem o correto gerenciamento, também foram testados para metais pesados e em sua maioria tiveram bom desempenho de capacidade biossortiva. A biomassa de natureza microbial apresentou menores valores de capacidade adsortiva para a remoção de poluentes, já que foi necessário o controle de nutrientes e das variáveis necessárias à sobrevivência das células. É importante destacar a maior complexidade de remoção dos compostos orgânicos, visto que apresentam em suas estruturas química grupos funcionais específico de natureza iônica diferente, dificultando a interação entre biossorvente e poluente orgânico. Por conseguinte, foi possível identificar a versatilidade do processo de biossorção, bem como a possibilidade de utilização de materiais alternativos.

Palavras-chave
Contaminantes; Tratamento de Águas Residuárias; Processo de Adsorção; Biossorventes

ABSTRACT

Conventional wastewater treatment methods have certain limitations, such as the low removal of refractory organic pollutants, the need for large areas of installation, and the high costs for implementation and operation. Thus, alternative processes have been applied for the treatment of wastewater, such as adsorption, due to its versatility and the possibility of using alternative materials (biosorbents). The biosorption process is considered a biotechnological alternative for the treatment of wastewater, through the use of biosorbents, as agro-industrial waste. In this context, the present work aims to present an exploratory and qualitative bibliographic review, relating the application of the biosorption process in the removal of contaminants in wastewater. Thus, most of the living and dead biomasses showed excellent results in capturing pollutants in aqueous media, being promising in the treatment of industrial wastewater. In addition, agro-industrial waste that accumulate because they are not properly managed, have also been tested for heavy metals and have mostly performed well in terms of biosorptive capacity. Microbial biomass had lower adsorptive capacity values to pollutant removal since it was necessary to control nutrients and the variables necessary for cell survival. It is important to highlight the greater complexity of removal of the organic compounds, since they present in their chemical structures specific functional groups of different ionic nature, making the interaction between biosorbent and organic pollutant difficult. Therefore, it was possible to identify the versatility of the biosorption process, as well as the possibility of using alternative materials.

Keywords
Contaminants; Wastewater Treatment; Adsorption Process; Biosorbents

1. INTRODUÇÃO

As águas residuais apresentam uma diversidade de poluentes, que devem ser removidos de forma adequada, a fim de minimizar o grande impacto ambiental [1SAHA, S., ZUBAIR, M., KHOSA, M. A., et al.. Keratin and chitosan biosorbents for wastewater treatment: A review. Journal of Polymers and the Environment, v. 27, n. 7, p. 1389-1403, Apr. 2019.]. Em diversas indústrias, como de fertilizantes, metalúrgicas, couro e eletrólise, presencia-se muitas vezes o descarte inadequado de resíduos nos recursos hídricos contendo poluentes, de forma direta e indireta [2MAHMUD, H. N. M. E., HUQ, A. K. O., YAHYA, R. The removal of heavy metal ions from wastewater/aqueous solution using polypyrrole-based adsorbents: a review. RSC Advances, v. 6, n. 18, p. 14778-14791, Jan. 2016.]. Assim, necessita-se de um tratamento efetivo, para permitir a reutilização dos recursos hídricos de forma correta e segura [3SÁ, A., ABREU, A. S., MOURA, I., et al. Polymeric materials for metal sorption from hydric resources. In: Water Purification. [S.l.: s.n.]. p. 289-322, 2017.]. Dentre os principais contaminantes presentes nas águas residuais, destacam-se os íons metálicos, corantes, antibióticos e pesticidas, os quais são classificados como poluentes orgânicos persistentes (POPs) de difícil remoção, bioacumuladores e apresentam alta estabilidade química e elevada toxicidade [4AGORO, M. A., ADENIJI, A. O., ADEFISOYE, M. A., et al. Heavy metals in wastewater and sewage sludge from selected municipal treatment plants in eastern cape province, South Africa. Water, v. 12, n. 10, p. 1-19, Oct. 2020.-6TROJANOWICZ, M. Removal of persistent organic pollutants (POPs) from waters and wastewaters by the use of ionizing radiation. Science of The Total Environment, v. 718, p. 1-18, May. 2020.].

Diante disso, os nanomateriais têm sido utilizados no tratamento de águas residuais, em função de suas propriedades específicas (elevada área superficial específica e alta reatividade química) e apresentam um considerável resultado em relação à qualidade da água no final do processo, embora muitas vezes apresentem um custo considerável envolvido na aplicação [7JIANG, M., QI, Y., LIU, H., et al. The role of nanomaterials and nanotechnologies in wastewater treatment: a bibliometric analysis. Nanoscale Research Letters, v. 13, n. 1, p. 1-13, Aug. 2018.].

Os principais nanomateriais utilizados no tratamento de águas residuais são baseados em materiais estruturados de carbono, como nanotubos de carbono, grafeno e óxido de grafeno [8YU, D., XU, C. Mapping research on carbon emissions trading: a co-citation analysis. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 74, p. 1314-1322, Jul. 2017.]. Além disso, esses materiais apresentam os efeitos de toxicidade não são completamente elucidados, com uma morfologia heterogênea que pode gerar certo grau de toxicidade para os organismos vivos e o meio ambiente [9MANIKAM, M. K., HALIM, A. A., HANAFIAH, M. M., et al. Removal of ammonia nitrogen, nitrate, phosphorus and COD from sewage wastewater using palm oil boiler ash composite adsorbent. Desalination and Water Treatment, v. 149, p. 23-30, Jan. 2019.].

Vale ainda mencionar que os principais métodos terciários de tratamento de águas residuais consistem em troca iônica, processo de separação por membrana, fotocatálise heterogênea, eletroprecipitação e processos oxidativos avançados (POAs) [10AZIMI, A., AZARI, A., REZAKAZEMI, M., et al. Removal of heavy metals from industrial wastewaters: A review. ChemBioEng Reviews, v. 4, n. 1, p. 37-59, Feb. 2017.]. Embora eficientes, estes processos estão associados a algumas desvantagens, como a remoção incompleta do poluente, elevada geração de lodo, alta demanda de reagentes e energia, lodos residuais com metais precipitados e incrustação de membranas [11KANAMARLAPUDI, S. L. R. K., CHINTALPUDI, V. K., MUDDADA, S. Application of biosorption for removal of heavy metals from wastewater. In: Biosorption. [S.l.: s.n.], 2018.].

Dessa forma, os biossorventes apresentam uma excelente alternativa na remoção de contaminantes presentes na água em grandes ou mínimas concentrações, pois oferecem alta eficiência, baixo custo operacional e a possibilidade de reutilização de materiais [12SALMAN, M., ATHAR, M., FAROOQ, U. Biosorption of heavy metals from aqueous solutions using indigenous and modified lignocellulosic materials. Reviews in Environmental Science and Bio/Technology, v. 14, n. 2, p. 211-228, Feb. 2015., 13SINGH, S., KUMAR, V., DATTA, S., et al. Current advancement and future prospect of biosorbents for bioremediation. Science of The Total Environment, v. 709, p. 1-24, Mar. 2020.]. A preparação de um biossorvente caracteriza-se pela fonte precursora de biomassa residual, podendo ser matéria viva ou inativa [14ALOTHMAN, Z. A., BAHKALI, A. H., KHIYAMI, M. A., et al. Low cost biosorbents from fungi for heavy metals removal from wastewater. Separation Science and Technology, v. 55, n. 10, p. 1766-1775, May. 2019.]. No caso da biomassa inativa, os poluentes orgânicos ligam-se passivamente por meio de cargas iônicas à biomassa, enquanto na biomassa viva o processo apresenta maior complexidade [15FOMINA, M., GADD, G. M. Biosorption: current perspectives on concept, definition and application. Bioresource Technology, v. 160, p. 3-14, May. 2014.]. Os biossorventes de origem microbiológica (biomassa viva) atuam em um processo de bioacumulação, o qual é ativo e mediado pelo metabolismo do microrganismo presente, acontecendo o acúmulo de poluentes no interior das células vivas [16CHEN, S. H., CHEOW, Y. L., NG, S. L., et al. Bioaccumulation and biosorption activities of indoor metal-tolerant penicillium simplicissimum for removal of toxic metals. International Journal of Environmental Research, v. 14, n. 2, p. 235–242, Mar. 2020.].

Assim, a biossorção caracteriza-se por ser um processo de remoção de poluentes orgânicos, utilizando um material biológico (biossorvente), por meio da adesão dos poluentes na superfície da biomassa, seja por interações físicas e/ou reações químicas [17MRVČIĆ, J., STANZER, D., ŠOLIĆ, E., et al. Interaction of lactic acid bacteria with metal ions: opportunities for improving food safety and quality. World Journal of Microbiology and Biotechnology, v. 28, n. 9, p. 2771-2782, Jun. 2012.]. Além disso, é um processo rápido, podendo ser irreversível ou reversível, conforme a interação poluente/biossorvente, existindo a possibilidade de recuperação da biomassa [1SAHA, S., ZUBAIR, M., KHOSA, M. A., et al.. Keratin and chitosan biosorbents for wastewater treatment: A review. Journal of Polymers and the Environment, v. 27, n. 7, p. 1389-1403, Apr. 2019., 18GAVRILESCU, M. Biomass - a resource for environmental bioremediation and bioenergy. In: Recent Developments in Bioenergy Research. [S.l.: s.n.], 2020. p. 19–63.]. A biomassa utilizada tem origem de diferentes fontes de obtenção, como derivada de plantas, resíduos agrícolas e industriais e biopolímeros [19GIESE, E. C. Biosorption as green technology for the recovery and separation of rare earth elements. World Journal of Microbiology and Biotechnology, v. 36, n. 4, p. 1-11, Mar. 2020.].

Assim, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma revisão bibliográfica sistemática integrativa sobre a aplicação de diferentes biossorventes na remoção de poluentes orgânicos persistentes (POPs) e poluentes orgânicos emergentes (POEs) e íons metálicos, a fim de traçar um panorama da aplicação do processo de biossorção no tratamento de águas residuais.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Principais poluentes de águas residuais

Os principais poluentes orgânicos presentes nos corpos d’água são os metais pesados, que se caracterizam por serem carcinogênicos e bioacumuladores nos organismos vivos, promovendo intoxicações graves, sendo denominados persistentes e emergentes [20AYANGBENRO, A., BABALOLA, O. A new strategy for heavy metal polluted environments: A review of microbial biosorbents. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 14, n. 1, p. 1-16, Jan. 2017.]. Dentre os compostos orgânicos persistentes, temos os pesticidas, inseticidas, organoclorados, herbicidas e bifenilos policlorados [21WAHLANG, B. Exposure to persistent organic pollutants: impact on women’s health. Reviews on Environmental Health, v. 33, n. 4, p. 331-348, ago. 2018.]. Enquanto, os compostos emergentes têm origem antropogênica e são caracterizados por serem contaminante mais recentes e sem uma legislação específica, sendo oriundos tanto de origem antrópica (presentes em efluentes domésticos, industriais, hospitalares, das atividades agrícola e pecuária), quanto de ocorrência natural (como em diferentes espécies de plantas) [22GARCÍA, J., GARCÍA-GALÁN, M. J., DAY, J. W., et al. A review of emerging organic contaminants (EOCs), antibiotic resistant bacteria (ARB), and antibiotic resistance genes (ARGs) in the environment: Increasing removal with wetlands and reducing environmental impacts. Bioresource Technology, v. 307, p. 1-10, Jul. 2020.]. Os antibióticos fornecem uma dificuldade de remoção do meio aquoso e estão relacionados com a possibilidade de aumento de resistência de determinadas bactérias [23TUROLLA, A., CATTANEO, M., MARAZZI, F., et al. Antibiotic resistant bacteria in urban sewage: Role of full-scale wastewater treatment plants on environmental spreading. Chemosphere, v. 191, p. 761-769, jan. 2018.].

Além disso, outra classe de compostos orgânicos são os corantes, que são produzidos em largas escalas a nível industrial e lançados no meio ambiente, causam sérios problemas aos ecossistemas existentes [24LELLIS, B., FÁVARO-POLONIO, C. Z., PAMPHILE, J. A., et al. Effects of textile dyes on health and the environment and bioremediation potential of living organisms. Biotechnology Research and Innovation, v. 3, n. 2, p. 275-290, jul. 2019.]. Além de serem tóxicos e carcinogênicos, suas pigmentações são muito fortes e, dessa forma, podem conferir uma cor intensa às águas, até mesmo em concentrações pequenas, afetando a penetração da luz solar no ambiente aquático [25DONKADOKULA, N. Y., KOLA, A. K., NAZ, I., et al. A review on advanced physicochemical and biological textile dye wastewater treatment techniques. Reviews in Environmental Science and Bio/Technology, v. 19, n. 3, p. 543-560, jul. 2020.]. Os corantes podem ser classificados, quando à sua estrutura química, em diversas classes como azo, antraquinonas, metalizados e sulfurosos [26ZANONI, M.V.B., YAMANAKA, H. Corantes: caracterização química, toxicológica, métodos de detecção e tratamento. São Paulo: Cultura acadêmica, 2016.].

2.2 Bioacumulação de metais e compostos orgânicos

A biomassa utilizada no tratamento de águas residuais pode ser composta por seres microbiológicos vivos, culminando na bioacumulação, em que acontece o cultivo da biomassa de um microrganismo nas proximidades do metal a ser acumulado [11KANAMARLAPUDI, S. L. R. K., CHINTALPUDI, V. K., MUDDADA, S. Application of biosorption for removal of heavy metals from wastewater. In: Biosorption. [S.l.: s.n.], 2018., 27TORRES, E. Biosorption: A review of the latest advances. Processes, v. 8, n. 12, p. 1-23, dez. 2020.]. Desde que a solução contenha os nutrientes necessários para o crescimento, o organismo inicia seus processos metabólicos e ativa seus sistemas de transporte para o acúmulo do poluente de interesse em seu interior [28MUSTAPHA, M. U., HALIMOON, N. Microorganisms and biosorption of heavy metals in the environment: A review paper. Journal of Microbial & Biochemical Technology, v. 7, n. 5, p. 253-256, 2015.].

O processo ocorre em duas etapas: a primeira etapa é a adsorção do metal em direção às células, que é feita de maneira rápida e acompanhada pelos mecanismos de interação eletrostática, troca iônica, complexação de superfície, processo redox e precipitação, enquanto que a segunda etapa acontece de uma forma irreversível e lenta que inclui o transporte dos metais no interior das células por transporte ativo [29YANG, T., CHEN, M.-L., WANG, J.-H. Genetic and chemical modification of cells for selective separation and analysis of heavy metals of biological or environmental significance. TrAC Trends in Analytical Chemistry, v. 66, p. 90-102, mar. 2015., 30DERCO, J., VRANA, B. Introductory chapter: Biosorption. In: Biosorption. [S.l.: s.n.], 2018.], conforme o metabolismo celular [31VIDYASHANKAR, S., RAVISHANKAR, G. Algae-based bioremediation. In: Bioremediation and Bioeconomy. [S.l.: s.n.], 2016. p. 457-493.]. Os íons metálicos após entrarem no interior das células podem ser imobilizados em uma organela (vacúolo) ou se ligarem internamente a compostos intracelulares, como os polissacarídeos [32MOGHADDAM, S. A. E., HARUN, R., MOKHTAR, M. N., et al. Potential of zeolite and algae in biomass immobilization. BioMed Research International, v. 2018, p. 1-15, dez. 2018.]. Além disso, as células podem transformar os metais adsorvidos em espécies com menor toxicidade ou expulsá-los para fora de seus interiores pelo sistema de efluxo [33IGIRI, B. E., OKODUWA, S. I. R., IDOKO, G. O., et al. Toxicity and bioremediation of heavy metals contaminated ecosystem from tannery wastewater: A review. Journal of Toxicology, v. 2018, p. 1-16, set. 2018.].

A principal limitação da tecnologia envolvendo a biomassa viva é que o meio nutritivo para o crescimento celular contém fontes de carbono [34WANG, X., XIA, K., YANG, X., et al. Growth strategy of microbes on mixed carbon sources. Nature Communications, v. 10, n. 1, p. 1-7, mar. 2019.]. Além disso, devem ser escolhidos microrganismos capazes de resistir à toxicidade do meio, já que há o interesse de remoção da maior quantidade de metais possível [35DAS, S., DASH, H. R., CHAKRABORTY, J. Genetic basis and importance of metal resistant genes in bacteria for bioremediation of contaminated environments with toxic metal pollutants. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 100, n. 7, p. 2967-2984, fev. 2016.].

A Figura 1 ilustra a diferença entre os processos de bioacumulação e de biossorção. Já a Figura 2, esquematiza uma célula viva com os principais mecanismos que promovem a entrada de íons metálicos na célula viva, bem como interações que acompanham o processo de biossorção na superfície celular.

Figura 1
Comparação entre os processos de bioacumulação e biossorção [Adaptado de [29YANG, T., CHEN, M.-L., WANG, J.-H. Genetic and chemical modification of cells for selective separation and analysis of heavy metals of biological or environmental significance. TrAC Trends in Analytical Chemistry, v. 66, p. 90-102, mar. 2015.]]
Figura 2
Mecanismos de captação de metais pesados por microrganismos [Adaptado de [20AYANGBENRO, A., BABALOLA, O. A new strategy for heavy metal polluted environments: A review of microbial biosorbents. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 14, n. 1, p. 1-16, Jan. 2017.]]

Conforme a Figura 2, a parede celular dos microrganismos atua como um complexo trocador de íons, em virtude das características aniônicas e dos grupos funcionais presentes, como a carboxila, o grupo amino, sulfato e fosfato, que serão responsáveis pela captação de cátions metálicos adsorvidos, promovendo uma série de interações eletrostáticas e outros processos (troca iônica, precipitação, bioacumulação) [20AYANGBENRO, A., BABALOLA, O. A new strategy for heavy metal polluted environments: A review of microbial biosorbents. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 14, n. 1, p. 1-16, Jan. 2017.].

2.3 Biossorção e dessorção de metais e compostos orgânicos

A utilização de biomassa residual como biossorvente vem sendo estudada como potencial alternativa para o tratamento de águas residuais com metais e poluentes orgânicos, em virtude da possibilidade de promover um valor agregado para esse resíduo, além do baixo custo e boa capacidade de remoção [36OJIMA, Y., KOSAKO, S., KIHARA, M., et al. Recovering metals from aqueous solutions by biosorption onto phosphorylated dry baker’s yeast. Scientific Reports, v. 9, n. 1, p. 1–9, jan. 2019.]. As vantagens do processo são a operação simples, sem a necessidade de inserção de nutrientes ao meio e possibilidade de regeneração do biossorvente [37ARYAL, M. A comprehensive study on the bacterial biosorption of heavy metals: materials, performances, mechanisms, and mathematical modellings. Reviews in Chemical Engineering, v. 0, n. 0, p. 1-40, jan. 2020.-39JACOB, J. M., KARTHIK, C., SARATALE, R. G., et al. Biological approaches to tackle heavy metal pollution: A survey of literature. Journal of Environmental Management, v. 217, p. 56-70, jul. 2018.]. Dessa forma, vários métodos vêm sendo desenvolvidos baseados na biossorção demonstrando uma efetividade nos resultados, um processo economicamente viável e uma aceitabilidade ambiental [40FREITAS, G. R., VIEIRA, M. G. A., SILVA, M. G. C.. Fixed bed biosorption of silver and investigation of functional groups on acidified biosorbent from algae biomass. Environmental Science and Pollution Research, v. 26, n. 36, p. 36354-36366, Nov. 2019.-43DENIZ, F., ERSANLI, E. T. An effectual biosorbent substance for removal of manganese ions from aquatic environment: A promising environmental remediation study with activated coastal waste of zostera marina plant. BioMed Research International, v. 2020, p. 1-8, jul. 2020.].

As características desejadas em um biossorvente estão relacionadas com a capacidade de retenção dos poluentes [44SALMAN, M., ATHAR, M., FAROOQ, U. Biosorption of heavy metals from aqueous solutions using indigenous and modified lignocellulosic materials. Reviews in Environmental Science and Bio/Technology, v. 14, n. 2, p. 211-228, Feb. 2015.], principalmente relacionado com alta seletividade por metais e/ou compostos orgânicos, além da sua disponibilidade em grandes quantidades.

Além disso, os compostos orgânicos estão presentes principalmente em corantes sintéticos, antibióticos, pesticidas e herbicidas e causam sérios problemas em ecossistemas até mesmo em pequenas concentrações [45GEORGIN, J., FRANCO, D. S. P., NETTO, M. S., et al. Treatment of water containing methylene by biosorption using brazilian berry seeds (Eugenia uniflora). Environmental Science and Pollution Research, v. 27, n. 17, p. 20831-20843, Apr. 2020., 46SUN, W., SUN, W., WANG, Y. Biosorption of direct fast scarlet 4bs from aqueous solution using the green-tide-causing marine algae Enteromorpha prolifera. Spectrochimica Acta Part A: Molecular and Biomolecular Spectroscopy, v. 223, p. 1-8, Dec. 2019.]. Entretanto, técnicas físico-químicas de tratamento de águas residuais não são tão efetivas e geram um custo mais elevado e problemas ambientais adicionais [47DADA, A. O., ADEKOLA, F. A., ODEBUNMI, E. O., et al. Sustainable and low-cost ocimum gratissimum for biosorption of indigo carmine dye: kinetics, isotherm, and thermodynamic studies. International Journal of Phytoremediation, v. 22, n. 14, p. 1524-1537, Jul. 2020.]. Dessa forma, estudos vêm sendo realizados aplicando a biossorção como uma alternativa viável por meio de sistemas nanoestruturados, a fim de promover uma maior remoção dos poluentes orgânicos [48EZEKOYE, O. M., AKPOMIE, K. G., EZE, S. I., et al. Biosorptive interaction of alkaline modified Dialium guineense seed powders with ciprofloxacin in contaminated solution: central composite, kinetics, isotherm, thermodynamics, and desorption. International Journal of Phytoremediation, v. 22, n. 10, p. 1028-1037, Feb. 2020.-51SUNSANDEE, N., RAMAKUL, P., PHATANASRI, S., et al. Biosorption of dicloxacillin from pharmaceutical waste water using tannin from indian almond leaf: Kinetic and equilibrium studies. Biotechnology Reports, v. 27, p. 1-12, set. 2020.].

A Figura 3 mostra o funcionamento geral do processo de adsorção do poluente pela biomassa e posterior remoção do poluente da biomassa saturada.

Figura 3
Esquematização do funcionamento do processo de biossorção e dessorção [Adaptado de [52MEDHI, H., CHOWDHURY, P. R., BARUAH, P. D., et al. Kinetics of aqueous Cu(II) biosorption onto thevetia peruviana leaf powder. ACS Omega, v. 5, n. 23, p. 13489-13502, jun. 2020.]]

Em alguns casos, como na biossorção de ouro [53PÁEZ-VÉLEZ, C., RIVAS, R. E., DUSSÁN, J. Enhanced gold biosorption of lysinibacillus sphaericus CBAM5 by encapsulation of bacteria in an alginate matrix. Metals, v. 9, n. 8, p. 1-10, Jul. 2019., 54PAN, H.-W., IIZUKA, A., SHIBATA, E. Gold recovery from dilute aqueous solution by a biosorbent derived from woody biomass. Chemical Engineering Communications, p. 1-14, set. 2020.], platina [55GODLEWSKA-ZYŁKIEWICZ, B., SAWICKA, S., KARPI ˙ NSKA, J. Removal of platinum and palladium from wastewater by means of biosorption on fungi Aspergillus sp. and Aaccharomyces sp. Water, v. 11, n. 7, p. 1-17, jul. 2019.] e paládio [55GODLEWSKA-ZYŁKIEWICZ, B., SAWICKA, S., KARPI ˙ NSKA, J. Removal of platinum and palladium from wastewater by means of biosorption on fungi Aspergillus sp. and Aaccharomyces sp. Water, v. 11, n. 7, p. 1-17, jul. 2019., 56TAN, L., DONG, H., LIU, X., et al. Mechanism of palladium(ii) biosorption by providencia vermicola. RSC Advances, v. 7, n. 12, p. 7060-7072, 2017.], após a ocorrência da captação do poluente pelo biossorvente, tem-se o interesse na recuperação do poluente e regeneração da capacidade do biossorvente de desempenhar sua função [19GIESE, E. C. Biosorption as green technology for the recovery and separation of rare earth elements. World Journal of Microbiology and Biotechnology, v. 36, n. 4, p. 1-11, Mar. 2020.]. O processo de dessorção deve proporcionar a retirada do poluente, de qualquer natureza, na forma concentrada para poluentes com valor agregado, sendo necessária a utilização de um eluente que possua as seguintes características [57FREITAS, G. R., SILVA, M. G. C., VIEIRA, M. G. A. Biosorption technology for removal of toxic metals: a review of commercial biosorbents and patents. Environmental Science and Pollution Research, v. 26, n. 19, p. 19097-19118, maio 2019., 58BAYUO, J., ABUKARI, M. A., PELIG-BA, K. B. Desorption of chromium (VI) and lead (II) ions and regeneration of the exhausted adsorbent. Applied Water Science, v. 10, n. 7, p. 1-6, jun. 2020.]:

  • baixo custo;

  • ambientalmente aceitável;

  • seletivo com a biomassa (biossorvente);

  • garantir capacidade intacta de ligação ao poluente.

2.4 Fatores que alteram a eficiência do processo biossortivo

Para a obtenção do melhor desempenho e capacidade máxima de adsorção, deve-se controlar diversos fatores que interferem na interação da superfície da biomassa com o poluente [59REDHA, A. A. Removal of heavy metals from aqueous media by biosorption. Arab Journal of Basic and Applied Sciences, v. 27, n. 1, p. 183-193, jan. 2020.]. A Tabela 1 mostra as principais variáveis de interesse que devem ser controladas para otimização do processo de biossorção.

Tabela 1
Principais fatores a serem observados na captação de poluentes pelas biomassas e suas considerações.

2.5 Biossorventes imobilizados

A biomassa imobilizada é utilizada com o intuito de melhorar o desempenho na adsorção de poluentes a nível industrial e quando se analisa a biomassa viva, a liberdade de células em um processo de biossorção que opera de modo contínuo apresenta algumas desvantagens, como dificuldade de separação da fase sólida e líquida, perda de biossorvente após regeneração e menor eficácia [60GE, N., XU, J., LI, F., et al. Immobilization of inactivated microbial cells on magnetic Fe3O4@CTS nanoparticles for constructing a new biosorbent for removal of patulin in fruit juice. Food Control, v. 82, p. 83-90, dez. 2017., 61XIE, J., FENG, N., WANG, R., et al. A reusable biosorbent using ca-alginate immobilized providencia vermicola for pd(II) recovery from acidic solution. Water, Air, & Soil Pollution, v. 231, n. 2, p. 1-12, jan. 2020.]. Além disso, outra vantagem observada é facilitação da coleta da biomassa e aumento da tolerância das células a fatores desfavoráveis, como acidez, temperaturas elevadas [62VASILIEVA, S. G., LOBAKOVA, E. S., LUKYANOV, A. A., et al. Immobilized microalgae in biotechnology. Moscow University Biological Sciences Bulletin, v. 71, n. 3, p. 170-176, jul. 2016-64VELKOVA, Z., KIROVA, G., STOYTCHEVA, M., et al. Immobilized microbial biosorbents for heavy metals removal. Engineering in Life Sciences, v. 18, n. 12, p. 871-881, ago. 2018.].

Existem algumas técnicas que são aplicadas na imobilização de biossorventes no meio aquoso e envolvem métodos físicos e químicos [65RASHEED, A., GHOUS, T., MUMTAZ, S., et al. Immobilization of pseudomonas aeruginosa static biomass on eggshell powder for on-line preconcentration and determination of Cr(VI). Open Chemistry, Walter de Gruyter GmbH, v. 18, n. 1, p. 303-313, abr. 2020.]. A Tabela 2 mostra os principais métodos utilizados na imobilização de microrganismos em meio aquoso para posterior aplicação na remoção de poluentes.

Tabela 2
Exemplos de técnicas utilizadas na imobilização de biomassas com atividade microbiológica.

2.6 Modelos de adsorção

Os modelos usados na biossorção tentam descrever e modelar a cinética ocorrida no processo, tendo como função a compreensão dos mecanismos e etapas limitantes relacionadas à biossorção [71NWIDI, I., AGUNWAMBA, J. Comparative analysis of some existing kinetic models with proposed models in the biosorption of three heavy metals in a flow-batch reactor using five selected micro-organisms. Nigerian Journal of Technology, v. 35, n. 3, p. 1-5, jul. 2016.]. A quantificação do desempenho do biossorvente é realizada por meio das isotermas, por meio do equilíbrio entre os sítios ativos dos biossorvente e a concentração do poluente (adsorvato) [72RANGABHASHIYAM, S., BALASUBRAMANIAN, P. Characteristics, performances, equilibrium and kinetic modeling aspects of heavy metal removal using algae. Bioresource Technology Reports, v. 5, p. 261-279, fev. 2019.].

A Tabela 3 mostra alguns modelos cinéticos e considerações utilizados na adsorção de poluentes em meio aquoso e a Tabela 4 as isotermas mais comumente utilizadas, bem como suas equações e descrições.

Tabela 3
Principais modelos cinéticos de adsorção relacionando tempo e a capacidade de adsorção.
Tabela 4
Principais modelos de isotermas para o estudo de equilíbrio de adsorção.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A revisão bibliográfica sobre os biossorventes utilizados no tratamento de poluentes em águas residuais foi realizada de acordo com artigos e capítulos de livros recentes, as quais foram verificadas nas bases de dados científicas e de Engenharia, como o Ei Compendex, o Science Direct e o Scopus, juntamente com as recomendações de autores. A metodologia apresentada no estudo é uma pesquisa sistemática integrativa, em que foram apresentados materiais biossorventes, principais poluentes de águas residuais, mecanismos da biossorção e os principais efeitos que influenciam na biossorção, de forma geral. Pela pesquisa realizada, publicações foram selecionadas e dispostas em tabelas. Cada subgrupo de biossorventes foi apresentado em determinada tabela e então os dados obtidos mais importantes dessas pesquisas foram descritos e discutidos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Biossorção para remoção de íons metálicos com microrganismos vivos

A Tabela 5 apresenta uma série de estudos com a utilização de biomassa com microrganismos vivos em meio aquoso, pelo processo de biossorção no tratamento de águas residuais com a presença de íons metálicos que apresentaram diferentes porcentagens de captura dos íons metálicos, bem como distintas condições do melhor rendimento possível.

Tabela 5
Principais biossorventes utilizados no processo de remoção de metais pesados por biossorção.

Os biossorventes vivos selecionados mostraram bons resultados no processo de remoção de metais pesados em meio aquoso. Quando comparamos a remoção de cromo (VI) envolvendo outros tipos de biossorventes, verificamos a utilização de biomassas oriundas de outras fontes. O trabalho desenvolvido por SUTKOWY; KŁOSOWSKI [86RANI, S., BANSAL, M., KAUR, K., et al. Biosorption of copper(ii) ions using timber industry waste based biomass. Rasayan Journal of Chemistry, v. 12, n. 03, p. 1247-1261, Jan. 2019.] cultivou a alga de espécie Pseudopediastrum boryanum em um fotobioreator em condições ideais e recolheu a biomassa para secagem e utilização nos testes de adsorção. Neste caso, a biomassa morta não alcançou um desempenho satisfatório, alcançando 70% de eficiência de remoção e uma baixa capacidade de remoção. Os trabalhos que apresentam a maior capacidade remoção e eficiência de cromo (VI) são aqueles que envolvem materiais sintetizados em laboratório, tais como óxido de grafeno e nanotubos de carbono [87BLAGOJEV, N., KUKIć, D., VASIć, V., et al. A new approach for modelling and optimization of Cu(II) biosorption from aqueous solutions using sugar beet shreds in a fixed-bed column. Journal of Hazardous Materials, v. 363, p. 366–375, Feb. 2019., 88KULKARNI, R. M., SHETTY, K. V., SRINIKETHAN, G. Kinetic and equilibrium modeling of biosorption of nickel (II) and cadmium (II) on brewery sludge. Water Science and Technology, v. 79, n. 5, p. 888-894, Mar. 2019.], porém o ponto negativo está na incerteza dos efeitos de toxicidade aos seres vivos e de acumulação na natureza, além de não estarem disponíveis em abundância usualmente.

Uma desvantagem no uso de biossorventes vivos são as condições ideais que devem ser mantidas para o metabolismo celular continuar em funcionamento, como visto em KALOLA; DESAI [89ESCUDERO, L. B., VANNI, G., DUARTE, F. A., et al. Biosorption of silver from aqueous solutions using wine industry wastes. Chemical Engineering Communications, v. 205, n. 3, p. 325-337, Jan. 2018.] e MUSA; PENG; XU [90ZHANG, C., REN, H.-X., ZHONG, C.-Q., et al. Biosorption of Cr(VI) by immobilized waste biomass from polyglutamic acid production. Scientific Reports, v. 10, n. 1, p. 1-8, Feb. 2020.], o que ocasiona uma preocupação na quantidade suportada de metais pesados pelos microrganismos no meio aquoso. Além disso, mesmo que não seja utilizada viva, a biomassa deve ser cultivada em condições específicas, para que se consiga obter uma quantidade razoável de matéria para os testes de adsorção. A vantagem em se utilizar a biomassa viva está relacionada ao mecanismo de bioacumulação intracelular, ausente na biomassa morta, que permite a aplicação potencial in situ, a diminuição da possibilidade de produção de poluição secundária e menor alteração na capacidade de adsorção com a variação de pH [90ZHANG, C., REN, H.-X., ZHONG, C.-Q., et al. Biosorption of Cr(VI) by immobilized waste biomass from polyglutamic acid production. Scientific Reports, v. 10, n. 1, p. 1-8, Feb. 2020., 91KALAK, T., DUDCZAK-HAŁABUDA, J., TACHIBANA, Y., et al. Effective use of elderberry (sambucus nigra) pomace in biosorption processes of Fe(III) ions. Chemosphere, v. 246, p. 1-8, May. 2020.].

A remoção de lantânio (III) [81GIESE, E. C., DEKKER, R. F. H., BARBOSA-DEKKER, A. M. Biosorption of lanthanum and samarium by viable and autoclaved mycelium of Botryosphaeria rhodina MAMB-05. Biotechnology Progress, v. 35, n. 3, p. 1-8, Mar. 2019.] pela biomassa viva fúngica atingiu uma eficiência de remoção excelente. O bom desempenho também é visto no trabalho desenvolvido por GIESE; JORDÃO [92ALI, M. M., BHAKTA, J. N. Biosorption of zinc from aqueous solution using leaves of Corchorus olitorius as a low-cost biosorbent. Water Environment Research, v. 92, n. 6, p. 821-828, Dec. 2019.], em que células vivas de espécie Bacillus subtilis quimicamente modificadas por hidróxido de sódio atingiram eficiência semelhante na remoção do metal pesado. Tais células foram recolhidas do solo e postas em condições essenciais a nível laboratorial para o seu cultivo e posterior recolhimento para os testes de adsorção. Outro trabalho que testou a remoção do lantânio (III) foi de DA COSTA; DA SILVA; VIEIRA [93VILLEN-GUZMAN, M., GUTIERREZ-PINILLA, D., GOMEZ-LAHOZ, C., et al. Optimization of Ni(II) biosorption from aqueous solution on modified lemon peel. Environmental Research, v. 179, p. 1-23, Dec. 2019.], o qual sintetizou um material contendo partículas de sericina/alginato reticuladas por poli (álcool vinílico). Este material conseguiu atingir o desempenho dos trabalhos anteriores, com uma eficiência de remoção perto de 96%. Porém, o material sintético não se encontra em abundância na natureza e é necessário um preparo experimental com etapas químicas para que se atinja a eficiente remoção. Dessa forma, tanto as utilizações da biomassa propriamente viva, englobando também o material morto recolhido do cultivo, quanto a sintetização de materiais que exigem um preparo prévio, necessitam de um tempo para que se alcance o material de interesse antes dos testes de adsorção. Assim, para a escolha do melhor material adsorvente deve-se ser levado em consideração o tempo de preparo do material, a poluição envolvida no processo, os custos de cultivo da biomassa e síntese de materiais modificados com inserção de compostos orgânicos e inorgânicos. Como visto nos trabalhos anteriores envolvendo a remoção de lantânio (III) em solução, necessita-se a comparação dos métodos para a escolha do melhor adsorvente, a qual envolve o custo benefício e o tempo para se alcançar a alta eficiência.

O procedimento experimental apresentado para a adsorção de cádmio (II) em meio aquoso por [82] envolveu a comparação do desempenho da biomassa viva e morta com matéria bacteriana, em que para pequenas concentrações do íon metálico, a biomassa viva obteve melhor capacidade de remoção. O cultivo bacteriano durou dois dias e maior parte do metal poluente retido ficou adsorvido na parede celular com a menor quantidade bioacumulado no interior das células vivas. SALMAN et al. [94DINH, V.-P., XUAN, T. D., HUNG, N. Q., et al. Primary biosorption mechanism of lead (II) and cadmium (II) cations from aqueous solution by pomelo (Citrus maxima) fruit peels. Environmental Science and Pollution Research, p. 1-12, Jul. 2020.] utilizou a planta de espécie Sorghum bicolor L., a qual foi recolhida em terreno natural e caracterizada a nível laboratorial com potencial efetividade no processo de adsorção por sua alta porosidade. O material foi modificado quimicamente com a inserção de tioureia na tentativa de maximização das interações entre adsorvente e poluente. Porém o material somente alcançou uma capacidade máxima de remoção de 17,241mg g-1. O contraste com o primeiro trabalho não se deve ao fato do mecanismo adicional bioacumulativo, já que apresenta uma participação pequena na capacidade máxima de remoção apresentada. A maior área superficial e grupos funcionais mais propensos a interações entre o poluente e o material adsorvente podem ser explicações para a diferença na capacidade de adsorção. Já a diferença dos resultados entre a biomassa morta e viva pode ser justificada pelo melhor ajuste dos resultados experimentais da matéria viva com o modelo de Freudlich e da matéria morta com o modelo de Langmuir. Pelo modelo de Freudlich, a adsorção acontece em multicamadas, fazendo com que fique retida uma maior quantidade de poluente na superfície celular. MAHMOUDI et al. [95WANG, Y., HUANG, K. Biosorption of tungstate onto garlic peel loaded with Fe(III), Ce(III), and Ti(IV). Environmental Science and Pollution Research, v. 27, n. 27, p. 33692-33702, Jun. 2020.] testou a remoção do poluente com o material sintetizado óxido de grafeno coberto por sílica, o qual utilizou no seu método de preparação o reagente com grau de toxicidade permanganato de potássio. O teste experimental apresentou o valor máximo na capacidade de remoção igual a 42mg g-1, que é inferior ao do estudo apresentado na Tabela 5.

Uma alternativa para remoção de íons metálicos, é a utilização de biofilmes microbianos como uma comunidade de células aderidas em uma superfície para a remoção de mercúrio (II) [83FATHOLLAHI, A., COUPE, S. J., EL-SHEIKH, A. H., et al. The biosorption of mercury by permeable pavement biofilms in stormwater attenuation. Science of The Total Environment, v. 741, p. 1-12, Nov. 2020.], pois além de parte do poluente ficar aprisionado no biofilme, há a atuação do filtro geotêxtil como uma barreira extra contra a passagem dos contaminantes. A Figura 4 ilustra a esquematização da retenção de íons de mercúrio pelo biofilme microbial apoiado pelo filtro geotêxtil.

Figura 4
Processo de biossorção em um biofilme [Adaptado de [83FATHOLLAHI, A., COUPE, S. J., EL-SHEIKH, A. H., et al. The biosorption of mercury by permeable pavement biofilms in stormwater attenuation. Science of The Total Environment, v. 741, p. 1-12, Nov. 2020.]]

Biomassa oriunda do cultivo de algas também foi utilizada em testes de remoção de mercúrio (II) em solução por KUMAR; SINGH; SIKANDAR [96NISHIKAWA, E., SILVA, M. G. C., VIEIRA, M. G. A. Cadmium biosorption by alginate extraction waste and process overview in life cycle assessment context. Journal of Cleaner Production, v. 178, p. 166-175, Mar. 2018.]. As análises previamente realizadas determinaram uma grande área superficial do material, bem como uma diversidade de grupos funcionais capazes de maximizar as interações com íon metálico. A eficiência de remoção alcançou 93% e o processo foi conduzido em batelada em livre circulação no meio aquoso, diferente do trabalho anterior que utilizou uma membrana imobilizada. A forma como a biomassa permanece localizada ao longo do experimento pode trazer dificuldades em sua aplicabilidade em corpos d´água reais ou nas indústrias, já que a captação do adsorvente/poluente livre se torna mais trabalhoso, gerando mais custo e tempo desperdiçado.

4.2 Aplicação do processo de biossorção para remoção de íons metálicos com resíduos agroindustriais

Muitas indústrias produzem grandes quantidades de subprodutos e resíduos que não são reaproveitados e se acumulam no meio ambiente. Dessa forma, a utilização dessas biomassas para um processo importante de captura de poluentes é promissora, contornando dois problemas existentes. O grande volume de biomassa disponível para o processo de adsorção é importante, já que pode ser utilizado no tratamento de efluentes industriais, os quais representam grandes concentrações de resíduos em meio aquoso despejados continuamente. Um exemplo em que isso acontece é nas indústrias têxteis, com o volume gerado de corantes com propriedades químicas e físicas maléficas aos organismos vivos e ao meio ambiente. A Tabela 6 mostra alguns trabalhos recentes em que foram utilizados resíduos e subprodutos oriundos de indústrias alimentícias, do processamento de madeira, da produção de bebidas alcoólicas e da agricultura, indicando uma gama significativa de resíduos agroindustriais sendo utilizados na remoção de íons metálicos em solução, independentemente de sua origem.

Tabela 6
Principais rejeitos agroindustriais usados como biossorventes na remoção de poluentes em águas residuais.

Assim, existe uma gama significativa de resíduos agroindustriais sendo utilizados na remoção de íons metálicos em solução, independentemente de sua origem.

4.3 Aplicação do processo de biossorção para remoção de íons metálicos utilizando microrganismos inativos

A Tabela 7 apresenta materiais diversificados sem atividade microbiológica que foram submetidos a variações de condições iniciais em testes de remoção de íons metálicos em um meio aquoso.

Tabela 7
Exemplos de biossorventes mortos utilizados na remoção de metais em águas residuais.

4.4 Aplicação do processo de biossorção para remoção de diferentes poluentes orgânicos

Os compostos orgânicos também representam uma fonte de poluentes importantes no meio ambiente e dessa forma, diversos trabalhos têm sido realizados com biomassas, que apresentam ou não atividade microbiológica, para as suas remoções do meio aquoso que estão inseridos. A captação de compostos orgânicos apresenta uma complexidade um pouco maior devido ao fato de apresentarem diversos grupos funcionais capazes de interferirem no processo biossortivo. A Tabela 8 apresenta uma lista geral de poluentes orgânicos com as respectivas biomassas que foram estudadas nas suas remoções.

Tabela 8
Exemplos de biossorventes utilizados na remoção de compostos orgânicos em águas residuais.

5. CONCLUSÕES

Com a presente revisão bibliográfica foi possível identificar resultados promissores quanto à inovação na eliminação de poluentes em águas residuais. A tecnologia da biossorção permite uma grande variedade de combinações possíveis para a aplicabilidade de diferentes biomassas na adsorção do contaminante de interesse. A eficiência da biomassa deve ser compensatória com o tempo necessário de biossorção, assim como o custo envolvido, disponibilidade e possibilidade de reaproveitamento de biomassa. Dessa forma, a biossorção mostra-se uma técnica de remoção de poluentes orgânicos promissora e alternativa às técnicas convencionais utilizadas no tratamento de águas residuais. Por conseguinte, os resultados indicam uma alta seletividades de biossorventes para remoção de diferentes poluentes orgânicos, como íons metálicos e corantes, por meio do estudo de equilíbrio e cinética de adsorção para a compreensão do mecanismo do processo de biossorção.

AGRADECIMENTOS

Os autores gostariam de agradecer ao Laboratório de Síntese de Nanomateriais (015) da Universidade Franciscana (UFN) por seu apoio e assistência no presente trabalho. Além disso, este trabalho recebeu apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS–Project 19/2551-0001606-9).

REFERENCES

  • SAHA, S., ZUBAIR, M., KHOSA, M. A., et al. Keratin and chitosan biosorbents for wastewater treatment: A review. Journal of Polymers and the Environment, v. 27, n. 7, p. 1389-1403, Apr. 2019.
  • MAHMUD, H. N. M. E., HUQ, A. K. O., YAHYA, R. The removal of heavy metal ions from wastewater/aqueous solution using polypyrrole-based adsorbents: a review. RSC Advances, v. 6, n. 18, p. 14778-14791, Jan. 2016.
  • SÁ, A., ABREU, A. S., MOURA, I., et al Polymeric materials for metal sorption from hydric resources. In: Water Purification. [S.l.: s.n.]. p. 289-322, 2017.
  • AGORO, M. A., ADENIJI, A. O., ADEFISOYE, M. A., et al Heavy metals in wastewater and sewage sludge from selected municipal treatment plants in eastern cape province, South Africa. Water, v. 12, n. 10, p. 1-19, Oct. 2020.
  • YASEEN, D. A., SCHOLZ, M. Textile dye wastewater characteristics and constituents of synthetic effluents: a critical review. International Journal of Environmental Science and Technology, v. 16, n. 2, p. 1193-1226, Nov. 2018.
  • TROJANOWICZ, M. Removal of persistent organic pollutants (POPs) from waters and wastewaters by the use of ionizing radiation. Science of The Total Environment, v. 718, p. 1-18, May. 2020.
  • JIANG, M., QI, Y., LIU, H., et al The role of nanomaterials and nanotechnologies in wastewater treatment: a bibliometric analysis. Nanoscale Research Letters, v. 13, n. 1, p. 1-13, Aug. 2018.
  • YU, D., XU, C. Mapping research on carbon emissions trading: a co-citation analysis. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 74, p. 1314-1322, Jul. 2017.
  • MANIKAM, M. K., HALIM, A. A., HANAFIAH, M. M., et al. Removal of ammonia nitrogen, nitrate, phosphorus and COD from sewage wastewater using palm oil boiler ash composite adsorbent. Desalination and Water Treatment, v. 149, p. 23-30, Jan. 2019.
  • AZIMI, A., AZARI, A., REZAKAZEMI, M., et al. Removal of heavy metals from industrial wastewaters: A review. ChemBioEng Reviews, v. 4, n. 1, p. 37-59, Feb. 2017.
  • KANAMARLAPUDI, S. L. R. K., CHINTALPUDI, V. K., MUDDADA, S. Application of biosorption for removal of heavy metals from wastewater. In: Biosorption [S.l.: s.n.], 2018.
  • SALMAN, M., ATHAR, M., FAROOQ, U. Biosorption of heavy metals from aqueous solutions using indigenous and modified lignocellulosic materials. Reviews in Environmental Science and Bio/Technology, v. 14, n. 2, p. 211-228, Feb. 2015.
  • SINGH, S., KUMAR, V., DATTA, S., et al Current advancement and future prospect of biosorbents for bioremediation. Science of The Total Environment, v. 709, p. 1-24, Mar. 2020.
  • ALOTHMAN, Z. A., BAHKALI, A. H., KHIYAMI, M. A., et al. Low cost biosorbents from fungi for heavy metals removal from wastewater. Separation Science and Technology, v. 55, n. 10, p. 1766-1775, May. 2019.
  • FOMINA, M., GADD, G. M. Biosorption: current perspectives on concept, definition and application. Bioresource Technology, v. 160, p. 3-14, May. 2014.
  • CHEN, S. H., CHEOW, Y. L., NG, S. L., et al. Bioaccumulation and biosorption activities of indoor metal-tolerant penicillium simplicissimum for removal of toxic metals. International Journal of Environmental Research, v. 14, n. 2, p. 235–242, Mar. 2020.
  • MRVČIĆ, J., STANZER, D., ŠOLIĆ, E., et al Interaction of lactic acid bacteria with metal ions: opportunities for improving food safety and quality. World Journal of Microbiology and Biotechnology, v. 28, n. 9, p. 2771-2782, Jun. 2012.
  • GAVRILESCU, M. Biomass - a resource for environmental bioremediation and bioenergy. In: Recent Developments in Bioenergy Research. [S.l.: s.n.], 2020. p. 19–63.
  • GIESE, E. C. Biosorption as green technology for the recovery and separation of rare earth elements. World Journal of Microbiology and Biotechnology, v. 36, n. 4, p. 1-11, Mar. 2020.
  • AYANGBENRO, A., BABALOLA, O. A new strategy for heavy metal polluted environments: A review of microbial biosorbents. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 14, n. 1, p. 1-16, Jan. 2017.
  • WAHLANG, B. Exposure to persistent organic pollutants: impact on women’s health. Reviews on Environmental Health, v. 33, n. 4, p. 331-348, ago. 2018.
  • GARCÍA, J., GARCÍA-GALÁN, M. J., DAY, J. W., et al. A review of emerging organic contaminants (EOCs), antibiotic resistant bacteria (ARB), and antibiotic resistance genes (ARGs) in the environment: Increasing removal with wetlands and reducing environmental impacts. Bioresource Technology, v. 307, p. 1-10, Jul. 2020.
  • TUROLLA, A., CATTANEO, M., MARAZZI, F., et al. Antibiotic resistant bacteria in urban sewage: Role of full-scale wastewater treatment plants on environmental spreading. Chemosphere, v. 191, p. 761-769, jan. 2018.
  • LELLIS, B., FÁVARO-POLONIO, C. Z., PAMPHILE, J. A., et al. Effects of textile dyes on health and the environment and bioremediation potential of living organisms. Biotechnology Research and Innovation, v. 3, n. 2, p. 275-290, jul. 2019.
  • DONKADOKULA, N. Y., KOLA, A. K., NAZ, I., et al. A review on advanced physicochemical and biological textile dye wastewater treatment techniques. Reviews in Environmental Science and Bio/Technology, v. 19, n. 3, p. 543-560, jul. 2020.
  • ZANONI, M.V.B., YAMANAKA, H. Corantes: caracterização química, toxicológica, métodos de detecção e tratamento São Paulo: Cultura acadêmica, 2016.
  • TORRES, E. Biosorption: A review of the latest advances. Processes, v. 8, n. 12, p. 1-23, dez. 2020.
  • MUSTAPHA, M. U., HALIMOON, N. Microorganisms and biosorption of heavy metals in the environment: A review paper. Journal of Microbial & Biochemical Technology, v. 7, n. 5, p. 253-256, 2015.
  • YANG, T., CHEN, M.-L., WANG, J.-H. Genetic and chemical modification of cells for selective separation and analysis of heavy metals of biological or environmental significance. TrAC Trends in Analytical Chemistry, v. 66, p. 90-102, mar. 2015.
  • DERCO, J., VRANA, B. Introductory chapter: Biosorption. In: Biosorption. [S.l.: s.n.], 2018.
  • VIDYASHANKAR, S., RAVISHANKAR, G. Algae-based bioremediation. In: Bioremediation and Bioeconomy. [S.l.: s.n.], 2016. p. 457-493.
  • MOGHADDAM, S. A. E., HARUN, R., MOKHTAR, M. N., et al. Potential of zeolite and algae in biomass immobilization. BioMed Research International, v. 2018, p. 1-15, dez. 2018.
  • IGIRI, B. E., OKODUWA, S. I. R., IDOKO, G. O., et al. Toxicity and bioremediation of heavy metals contaminated ecosystem from tannery wastewater: A review. Journal of Toxicology, v. 2018, p. 1-16, set. 2018.
  • WANG, X., XIA, K., YANG, X., et al. Growth strategy of microbes on mixed carbon sources. Nature Communications, v. 10, n. 1, p. 1-7, mar. 2019.
  • DAS, S., DASH, H. R., CHAKRABORTY, J. Genetic basis and importance of metal resistant genes in bacteria for bioremediation of contaminated environments with toxic metal pollutants. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 100, n. 7, p. 2967-2984, fev. 2016.
  • OJIMA, Y., KOSAKO, S., KIHARA, M., et al. Recovering metals from aqueous solutions by biosorption onto phosphorylated dry baker’s yeast. Scientific Reports, v. 9, n. 1, p. 1–9, jan. 2019.
  • ARYAL, M. A comprehensive study on the bacterial biosorption of heavy metals: materials, performances, mechanisms, and mathematical modellings. Reviews in Chemical Engineering, v. 0, n. 0, p. 1-40, jan. 2020.
  • LIU, T., HOU, J.-H., WANG, J.-B., et al. Biosorption of heavy metals from aqueous solution by the novel biosorbent Pectobacterium sp. ND2. Environmental Progress & Sustainable Energy, v. 37, n. 3, p. 968-974, set. 2017.
  • JACOB, J. M., KARTHIK, C., SARATALE, R. G., et al. Biological approaches to tackle heavy metal pollution: A survey of literature. Journal of Environmental Management, v. 217, p. 56-70, jul. 2018.
  • FREITAS, G. R., VIEIRA, M. G. A., SILVA, M. G. C.. Fixed bed biosorption of silver and investigation of functional groups on acidified biosorbent from algae biomass. Environmental Science and Pollution Research, v. 26, n. 36, p. 36354-36366, Nov. 2019.
  • WANG, N., QIU, Y., XIAO, T., et al. Comparative studies on pb(II) biosorption with three spongy microbe-based biosorbents: High performance, selectivity and application. Journal of Hazardous Materials, v. 373, p. 39-49, Jul. 2019.
  • CUI, D., TAN, C., DENG, H., et al. Biosorption mechanism of aqueous Pb2+, Cd2+, andNni2+ ions on extracellular polymeric substances (EPS). Archaea, v. 2020, p. 1-9, jun. 2020.
  • DENIZ, F., ERSANLI, E. T. An effectual biosorbent substance for removal of manganese ions from aquatic environment: A promising environmental remediation study with activated coastal waste of zostera marina plant. BioMed Research International, v. 2020, p. 1-8, jul. 2020.
  • SALMAN, M., ATHAR, M., FAROOQ, U. Biosorption of heavy metals from aqueous solutions using indigenous and modified lignocellulosic materials. Reviews in Environmental Science and Bio/Technology, v. 14, n. 2, p. 211-228, Feb. 2015.
  • GEORGIN, J., FRANCO, D. S. P., NETTO, M. S., et al. Treatment of water containing methylene by biosorption using brazilian berry seeds (Eugenia uniflora). Environmental Science and Pollution Research, v. 27, n. 17, p. 20831-20843, Apr. 2020.
  • SUN, W., SUN, W., WANG, Y. Biosorption of direct fast scarlet 4bs from aqueous solution using the green-tide-causing marine algae Enteromorpha prolifera Spectrochimica Acta Part A: Molecular and Biomolecular Spectroscopy, v. 223, p. 1-8, Dec. 2019.
  • DADA, A. O., ADEKOLA, F. A., ODEBUNMI, E. O., et al. Sustainable and low-cost ocimum gratissimum for biosorption of indigo carmine dye: kinetics, isotherm, and thermodynamic studies. International Journal of Phytoremediation, v. 22, n. 14, p. 1524-1537, Jul. 2020.
  • EZEKOYE, O. M., AKPOMIE, K. G., EZE, S. I., et al. Biosorptive interaction of alkaline modified Dialium guineense seed powders with ciprofloxacin in contaminated solution: central composite, kinetics, isotherm, thermodynamics, and desorption. International Journal of Phytoremediation, v. 22, n. 10, p. 1028-1037, Feb. 2020.
  • BOZORGINIA, S., JAAFARI, J., TAGHAVI, K., et al. Biosorption of ceftriaxone antibiotic by pseudomonas putida from aqueous solutions. International Journal of Environmental Analytical Chemistry, p. 1-15, mar. 2021.
  • SINTAKINDI, A., ANKAMWAR, B. Fungal biosorption as an alternative for the treatment of dyes in waste waters: a review. Environmental Technology Reviews, v. 10, n. 1, p. 26–43, jan. 2021.
  • SUNSANDEE, N., RAMAKUL, P., PHATANASRI, S., et al. Biosorption of dicloxacillin from pharmaceutical waste water using tannin from indian almond leaf: Kinetic and equilibrium studies. Biotechnology Reports, v. 27, p. 1-12, set. 2020.
  • MEDHI, H., CHOWDHURY, P. R., BARUAH, P. D., et al. Kinetics of aqueous Cu(II) biosorption onto thevetia peruviana leaf powder. ACS Omega, v. 5, n. 23, p. 13489-13502, jun. 2020.
  • PÁEZ-VÉLEZ, C., RIVAS, R. E., DUSSÁN, J. Enhanced gold biosorption of lysinibacillus sphaericus CBAM5 by encapsulation of bacteria in an alginate matrix. Metals, v. 9, n. 8, p. 1-10, Jul. 2019.
  • PAN, H.-W., IIZUKA, A., SHIBATA, E. Gold recovery from dilute aqueous solution by a biosorbent derived from woody biomass. Chemical Engineering Communications, p. 1-14, set. 2020.
  • GODLEWSKA-ZYŁKIEWICZ, B., SAWICKA, S., KARPI ˙ NSKA, J. Removal of platinum and palladium from wastewater by means of biosorption on fungi Aspergillus sp and Aaccharomyces sp. Water, v. 11, n. 7, p. 1-17, jul. 2019.
  • TAN, L., DONG, H., LIU, X., et al. Mechanism of palladium(ii) biosorption by providencia vermicola. RSC Advances, v. 7, n. 12, p. 7060-7072, 2017.
  • FREITAS, G. R., SILVA, M. G. C., VIEIRA, M. G. A. Biosorption technology for removal of toxic metals: a review of commercial biosorbents and patents. Environmental Science and Pollution Research, v. 26, n. 19, p. 19097-19118, maio 2019.
  • BAYUO, J., ABUKARI, M. A., PELIG-BA, K. B. Desorption of chromium (VI) and lead (II) ions and regeneration of the exhausted adsorbent. Applied Water Science, v. 10, n. 7, p. 1-6, jun. 2020.
  • REDHA, A. A. Removal of heavy metals from aqueous media by biosorption. Arab Journal of Basic and Applied Sciences, v. 27, n. 1, p. 183-193, jan. 2020.
  • GE, N., XU, J., LI, F., et al. Immobilization of inactivated microbial cells on magnetic Fe3O4@CTS nanoparticles for constructing a new biosorbent for removal of patulin in fruit juice. Food Control, v. 82, p. 83-90, dez. 2017.
  • XIE, J., FENG, N., WANG, R., et al. A reusable biosorbent using ca-alginate immobilized providencia vermicola for pd(II) recovery from acidic solution. Water, Air, & Soil Pollution, v. 231, n. 2, p. 1-12, jan. 2020.
  • VASILIEVA, S. G., LOBAKOVA, E. S., LUKYANOV, A. A., et al. Immobilized microalgae in biotechnology. Moscow University Biological Sciences Bulletin, v. 71, n. 3, p. 170-176, jul. 2016
  • HU, M. Z., TANG, Y. N., WANG, X. Y. Immobilized microorganism technology and the application of wastewater treatment. Advanced Materials Research, v. 955-959, p. 383-386, jun. 2014.
  • VELKOVA, Z., KIROVA, G., STOYTCHEVA, M., et al. Immobilized microbial biosorbents for heavy metals removal. Engineering in Life Sciences, v. 18, n. 12, p. 871-881, ago. 2018.
  • RASHEED, A., GHOUS, T., MUMTAZ, S., et al. Immobilization of pseudomonas aeruginosa static biomass on eggshell powder for on-line preconcentration and determination of Cr(VI). Open Chemistry, Walter de Gruyter GmbH, v. 18, n. 1, p. 303-313, abr. 2020.
  • DAS, M., ADHOLEYA, A. Potential uses of immobilized bacteria, fungi, algae, and their aggregates for treatment of organic and inorganic pollutants in wastewater. In: ACS Symposium Series. [S.l.: s.n.], p. 319-337, 2015..
  • MOGHADDAM, S. A. E., HARUN, R., MOKHTAR, M. N., et al. Potential of zeolite and algae in biomass immobilization. BioMed Research International, v. 2018, p. 1-15, Dec. 2018.
  • GIESE, E. C., SILVA, D. D. V., COSTA, A. F. M., et al. Immobilized microbial nanoparticles for biosorption. Critical Reviews in Biotechnology, v. 40, n. 5, p. 653-666, abr. 2020.
  • LESTARI, I. Biosorption of Zn(II) metal ion by ca-alginate immobilized durian (Durio zibethinus) seed. Journal of Chemical Natural Resources, v. 1, n. 2, p. 60-68, ago. 2019.
  • TAN, L., DONG, H., LIU, X., et al. Mechanism of palladium(ii) biosorption by providencia vermicola. RSC Advances, v. 7, n. 12, p. 7060-7072, 2017.
  • NWIDI, I., AGUNWAMBA, J. Comparative analysis of some existing kinetic models with proposed models in the biosorption of three heavy metals in a flow-batch reactor using five selected micro-organisms. Nigerian Journal of Technology, v. 35, n. 3, p. 1-5, jul. 2016.
  • RANGABHASHIYAM, S., BALASUBRAMANIAN, P. Characteristics, performances, equilibrium and kinetic modeling aspects of heavy metal removal using algae. Bioresource Technology Reports, v. 5, p. 261-279, fev. 2019.
  • QIU, H., LV, L., PAN, B., et al. Critical review in adsorption kinetic models. Journal of Zhejiang University-Science A, v. 10, n. 5, p. 716-724, 2009.
  • BONILLA-PETRICIOLET, A., MENDOZA-CASTILLO, D.I., REYNEL-ÁVILA, H.E. Adsorption processes for water treatment and purification. In: Springer Nature [S.l.: s.n.], 2017. p. 19-51.
  • HO, Y. S. Review of second-order models for adsorption systems. Journal of Hazardous Materials, v. 136, n. 3, p. 681-689, 2006.
  • DOTTO, G. L., VIEIRA, M. L. G., ESQUERDO, V. M., et al. Equilibrium and thermodynamics of azo dyes biosorption onto Spirulina platensis. Brazilian Journal of Chemical Engineeering, v. 30, p. 13–21, 2013.
  • WONG, Y.C., SZETO, Y.S., CHEUNG, W.H., MCKAY, G. Adsorption of acid dyes on chitosan - Equilibrium isotherm analyses. Process Biochemistry, v. 39, p. 693-702, 2004.
  • LANGMUIR, I. The adsorption of gases on plane surfaces of glass, mica and platinum. Journal of the American Chemical Society, v. 40, p. 1361-1403, 1918.
  • Freundlich, H. Over the adsorption in solution. The Journal of Physical Chemistry, v. 57, p. 358-471, 1906.
  • HUSSEIN, M. H., HAMOUDA, R. A., ELHADARY, A. M. A., et al. Characterization and chromium biosorption potential of extruded polymeric substances from Synechococcus mundulus induced by acute dose of gamma irradiation. Environmental Science and Pollution Research, v. 26, n. 31, p. 31998-32012, Sep. 2019.
  • GIESE, E. C., DEKKER, R. F. H., BARBOSA-DEKKER, A. M. Biosorption of lanthanum and samarium by viable and autoclaved mycelium of Botryosphaeria rhodina MAMB-05. Biotechnology Progress, v. 35, n. 3, p. 1-8, Mar. 2019.
  • XU, S., XING, Y., LIU, S., et al. Characterization of Cd+2 biosorption by Pseudomonas sp strain 375, a novel biosorbent isolated from soil polluted with heavy metals in southern china. Chemosphere, v. 240, p. 1-7, Feb. 2020.
  • FATHOLLAHI, A., COUPE, S. J., EL-SHEIKH, A. H., et al. The biosorption of mercury by permeable pavement biofilms in stormwater attenuation. Science of The Total Environment, v. 741, p. 1-12, Nov. 2020.
  • LIU, L., LIU, J., LIU, X., et al. Kinetic and equilibrium of U(VI) biosorption onto the resistant bacterium bacillus amyloliquefaciens. Journal of Environmental Radioactivity, v. 203, p. 117-124, Jul. 2019.
  • LI, D., LI, R., DING, Z., et al. Discovery of a novel native bacterium of Providencia sp with high biosorption and oxidation ability of manganese for bioleaching of heavy metal contaminated soils. Chemosphere, v. 241, p. 1-10, Feb. 2020.
  • RANI, S., BANSAL, M., KAUR, K., et al. Biosorption of copper(ii) ions using timber industry waste based biomass. Rasayan Journal of Chemistry, v. 12, n. 03, p. 1247-1261, Jan. 2019.
  • BLAGOJEV, N., KUKIć, D., VASIć, V., et al. A new approach for modelling and optimization of Cu(II) biosorption from aqueous solutions using sugar beet shreds in a fixed-bed column. Journal of Hazardous Materials, v. 363, p. 366–375, Feb. 2019.
  • KULKARNI, R. M., SHETTY, K. V., SRINIKETHAN, G. Kinetic and equilibrium modeling of biosorption of nickel (II) and cadmium (II) on brewery sludge. Water Science and Technology, v. 79, n. 5, p. 888-894, Mar. 2019.
  • ESCUDERO, L. B., VANNI, G., DUARTE, F. A., et al. Biosorption of silver from aqueous solutions using wine industry wastes. Chemical Engineering Communications, v. 205, n. 3, p. 325-337, Jan. 2018.
  • ZHANG, C., REN, H.-X., ZHONG, C.-Q., et al. Biosorption of Cr(VI) by immobilized waste biomass from polyglutamic acid production. Scientific Reports, v. 10, n. 1, p. 1-8, Feb. 2020.
  • KALAK, T., DUDCZAK-HAŁABUDA, J., TACHIBANA, Y., et al. Effective use of elderberry (sambucus nigra) pomace in biosorption processes of Fe(III) ions. Chemosphere, v. 246, p. 1-8, May. 2020.
  • ALI, M. M., BHAKTA, J. N. Biosorption of zinc from aqueous solution using leaves of Corchorus olitorius as a low-cost biosorbent. Water Environment Research, v. 92, n. 6, p. 821-828, Dec. 2019.
  • VILLEN-GUZMAN, M., GUTIERREZ-PINILLA, D., GOMEZ-LAHOZ, C., et al. Optimization of Ni(II) biosorption from aqueous solution on modified lemon peel. Environmental Research, v. 179, p. 1-23, Dec. 2019.
  • DINH, V.-P., XUAN, T. D., HUNG, N. Q., et al. Primary biosorption mechanism of lead (II) and cadmium (II) cations from aqueous solution by pomelo (Citrus maxima) fruit peels. Environmental Science and Pollution Research, p. 1-12, Jul. 2020.
  • WANG, Y., HUANG, K. Biosorption of tungstate onto garlic peel loaded with Fe(III), Ce(III), and Ti(IV). Environmental Science and Pollution Research, v. 27, n. 27, p. 33692-33702, Jun. 2020.
  • NISHIKAWA, E., SILVA, M. G. C., VIEIRA, M. G. A. Cadmium biosorption by alginate extraction waste and process overview in life cycle assessment context. Journal of Cleaner Production, v. 178, p. 166-175, Mar. 2018.
  • OTHMANI, A., KESRAOUI, A., SEFFEN, M. Removal of phenol from aqueous solution by coupling alternating current with biosorption. Environmental Science and Pollution Research, p. 1-16, Jul. 2020.
  • BÓ, L. G., ALMEIDA, R. M., CARDOSO, C. M. M., et al. Acetylsalicylic acid biosorption onto fungal-bacterial biofilm supported on activated carbons: an investigation via batch and fixed-bed experiments. Environmental Science and Pollution Research, v. 26, n. 28, p. 28962-28976, Aug. 2019.
  • WANG, L., XIAO, H., HE, N., et al. Biosorption and biodegradation of the environmental hormone nonylphenol by four marine microalgae. Scientific Reports, v. 9, n. 1, p. 1-11, Mar. 2019.
  • SILVA, A., COIMBRA, R. N., ESCAPA, C., et al. Green microalgae Scenedesmus obliquus utilization for the adsorptive removal of nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) from water samples. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 17, n. 10, p. 1-24, May. 2020.
  • WERNKE, G., FAGUNDES-KLEN, M. R., VIEIRA, M. F., et al. Mathematical modelling applied to the rate-limiting mass transfer step determination of a herbicide biosorption onto fixed-bed columns. Environmental Technology, v. 41, n. 5, p. 638-648, Aug. 2018.
  • MOGHAZY, R. M., LABENA, A., HUSIEN, S. Eco-friendly complementary biosorption process of methylene blue using micro-sized dried biosorbents of two macro-algal species (ulva fasciata and sargassum dentifolium): Full factorial design, equilibrium, and kinetic studies. International Journal of Biological Macromolecules, v. 134, p. 330-343, Aug. 2019.
  • SELVAKUMAR, A., RANGABHASHIYAM, S. Biosorption of rhodamine b onto novel biosorbents from kappaphycus alvarezii, gracilaria salicornia and gracilaria edulis. Environmental Pollution, v. 255, p. 1-12, Dec. 2019.
  • LEBRON, Y. A. R., MOREIRA, V. R., SANTOS, L. V. S. Biosorption of methylene blue and eriochrome black t onto the brown macroalgae fucus vesiculosus: equilibrium, kinetics, thermodynamics and optimization. Environmental Technology, v. 42, n. 2, p. 279-297, Jun. 2019.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jan 2023
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    11 Abr 2020
  • Aceito
    01 Fev 2022
Laboratório de Hidrogênio, Coppe - Universidade Federal do Rio de Janeiro, em cooperação com a Associação Brasileira do Hidrogênio, ABH2 Av. Moniz Aragão, 207, 21941-594, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel: +55 (21) 3938-8791 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revmateria@gmail.com