Open-access PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS ÀS INTENÇÕES DE PATERNIDADE EM HOMENS COM HIV/AIDS EM FORTALEZA, CEARÁ

Resumos

Objetivou-se analisar a prevalência e os fatores associados às intenções de paternidade em 162 homens com HIV/Aids em Fortaleza, Ceará. A coleta de dados ocorreu de junho a setembro de 2012, por meio de questionário, aplicado em ambulatórios de referência. Para a análise, utilizou-se o teste qui-quadrado de Pearson e o modelo de regressão logística. Tinham intenção de ter filho, 41,4%. Idade inferior a 35 anos (p<0,001), querer filho antes do diagnóstico (p<0,001), tempo do relacionamento inferior a cinco anos (p=0,022), parceiro querer filho (p<0,001), não ter filho com parceiro (p=0,047), parceiro não ter filho (p=0,032) e tempo de terapia superior a três anos (p=0,030), apresentaram associação estatisticamente significativa para homens desejarem filhos. Na análise multivariada, querer filho antes do diagnóstico (p=0,004; OR: 9,81; IC:1,84-52,20) e parceiro desejar filho (p<0,001; OR:9,72; IC:3,48-27,12) se mantiveram estatisticamente significativas. A intenção de paternidade permanece em muitos homens mesmo após o diagnóstico de HIV/Aids.

HIV; Paternidade; Saúde sexual e reprodutiva; Fertilidade


Resumos

The aim of this study was to analyze the prevalence and factors associated with paternity intention in 162 men with HIV/AIDS in Fortaleza, Ceará. Data were collected from June to September 2012 using a questionnaire in reference outpatient centers. Pearson's chi-squared test and logistic regression model were used for analysis. In all, 41.4% of men had the intention to have children. Age <35 years (p<0.001), desire to have children before diagnosis (p<0.001), relationship for less than five years (p=0.022), partner's desire to have children (p<0.001), having no children with the partner (p=0.047), partner without children (p=0.032) and therapy for more than three years (p=0.030) presented significant statistical association with men's desire to have children. In the multivariate analysis, the desire to have children before diagnosis (p=0.004; OR:9.81; CI:1.84-52.20) and partner's desire to have children (p<0.001; OR:9.72; CI:3.48-27.12) remained statistically significant. Many men still intend to be fathers even after the HIV/AIDS diagnosis.

HIV; Paternity; Sexual and reproductive health; Fertility


Se objetivó analizar la prevalencia y factores asociados con intenciones de paternidad en 162 hombres con VIH/SIDA en Fortaleza, Ceará. Los datos fueron recopilados entre junio y septiembre de 2012 utilizando un cuestionario en ambulatorios de referencia. Se utilizó Prueba χ² de Pearson y modelo de regresión logística para análisis. Tenían la intención de tener hijos, 41.4%. Menores de 35 años (p<0,001), deseo de tener hijos antes del diagnóstico (p<0,001), relación < cinco años (p=0,022), deseo de pareja de tener hijos (p<0,001), no tener un hijo con su pareja ( p=0,047), pareja no tener hijos (p=0,032) y terapia > tres años (p=0,030) se asociaron con el deseo de tener hijos. En el análisis multivariante, deseo de tener hijos antes del diagnóstico (p=0,004; OR:9,81; IC:1,84-52,20) y deseo de pareja de tener hijos (p<0,001; OR:9,72; IC:3,48-27.12) se mantuvo estadísticamente significativa. Intención de paternidad se mantuvo en muchos hombres incluso después del diagnóstico de VIH/SIDA.

VIH; Paternidad; Salud sexual y reproductiva; Fertilidad


INTRODUÇÃO

A infecção pelo HIV/Aids ainda se configura como um complexo problema de saúde pública, apesar dos avanços conquistados em relação à prevenção e ao tratamento. Até o final de 2013, 35 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo, sendo 3,2 milhões de crianças e 2,1 milhões de adolescentes.1 A maioria das pessoas que vivem com HIV estão em plena atividade sexual e reprodutiva.2 Por esse motivo, mantêm a intenção e concretizam o desejo de ter filhos, o que levou a questão da maternidade/paternidade a merecer atenção dos serviços de saúde.

Historicamente, as mulheres sempre foram mais responsáveis pelas questões reprodutivas, entretanto, ao longo dos últimos anos, essa situação vem se modificando e o homem passou a ser sujeito ativo nesse processo.3 A intenção de ter filhos está presente na vida das pessoas, independente do sexo,3-4 e de viver com HIV.5-6 Ocorre que, quando uma pessoa com HIV/Aids expressa essa intenção, geralmente a ideia não é muito aceita, gerando polêmica inclusive entre os profissionais de saúde, que têm dificuldade de compreendê-la como um direito que deve ser respeitado e considerado pelas políticas públicas.4

Essa mudança em relação ao desejo de ter filhos em pessoas que vivem com o HIV/Aids ocorreu muito em função do advento da terapia antirretroviral. O uso da terapia, além aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida, fez com que muitas pessoas com HIV passassem a elaborar projetos para o futuro, dentre eles, planejar ter filho.4,7 Estudos têm mostrado também a eficácia da terapia antirretroviral na redução da transmissão vertical (TV) quando usada durante a gestação de mulheres com HIV.8-9

Estar com HIV, apesar de acarretar profundas implicações no processo de concepção,3 não tem sido impedimento para que se concretize a vontade de ter um filho.10 Entretanto, apesar da melhoria na qualidade de vida e considerável redução na TV após a introdução da terapia antirretroviral, a maternidade/paternidade em pessoas com HIV ainda é uma situação preocupante devido às barreiras no acesso às medidas profiláticas necessárias para evitar a TV.3

Para que o processo de reprodução ocorra em circunstâncias seguras, ou seja, livre do HIV, os direitos reprodutivos devem ser respeitados e estratégias disponibilizadas, visando garantir o diagnóstico precoce e as condições necessárias para o acompanhamento adequado. Por outro lado, as pessoas devem estar cientes da possibilidade da TV, pois essa decisão deve ser tomada da forma mais segura e consciente possível.3

Em geral, os estudos que desenvolveram a temática da concepção em pessoas com HIV/Aids são escassos e envolveram mais as mulheres ou o casal. Diante da complexidade e da relativa escassez de estudos que envolveram a intenção de ter filhos em homens com HIV, esse estudo teve por objetivo analisar a prevalência e os fatores associados às intenções de paternidade em homens com HIV/Aids em Fortaleza, Ceará.

MÉTODOS

Pesquisa de corte transversal realizada em Fortaleza, em dois ambulatórios de hospitais de referência para o atendimento de pessoas com HIV/Aids, um vinculado à Secretaria de Saúde do Estado e o outro à Universidade Federal do Ceará (UFC). Essas instituições foram selecionadas por serem responsáveis por 93% das notificações e acompanhamento dos casos de HIV/Aids em Fortaleza.11

A população do estudo foi composta por homens com HIV/Aids que se encontravam em acompanhamento ambulatorial nos referidos hospitais, independente do tempo de tratamento.

A amostra foi calculada considerando um total de 3115 casos de Aids em pessoas maiores de 20 anos residentes em Fortaleza, entre os anos de 2000 e 2008,11 prevalência de gravidez em mulheres com HIV de 6,9%,12 intervalo de confiança de 99% e erro amostral de 5%. A amostra necessária foi de 162 homens. Para o cálculo da amostra foram consideradas as notificações de casos de Aids em homens na faixa etária acima de 20 anos e em mulheres na idade fértil (20 a 49 anos) na cidade de Fortaleza.11

Os anos de 2000 a 2008 foram incluídos devido à disponibilização pelo SUS da terapia antirretroviral, o que garantiu o acesso ao tratamento às pessoas que vivem com HIV/Aids. A amostra foi distribuída proporcionalmente entre os dois serviços, considerando-se o percentual de notificações.

Foram incluídos no estudo homens com diagnóstico de HIV/Aids, independente de ter parceiro(a) e da orientação sexual; com idade igual ou superior a 18 anos. Foram excluídos aqueles que já tinham se submetido à vasectomia.

A coleta de dados ocorreu no período de junho a setembro de 2012 por meio de um questionário aplicado pela pesquisadora, juntamente com duas bolsistas do curso de graduação em Enfermagem, devidamente treinadas. O questionário constava de variáveis sóciodemográficas, comportamentais, dados do diagnóstico e tratamento do HIV/Aids, dados do parceiro sexual e do serviço de saúde, e questões que abordavam a intenção de ter filho. Os homens foram convidados a participar do estudo enquanto aguardavam atendimento ambulatorial. Caso aceitassem, eram conduzidos a um local privativo para a aplicação do questionário.

Os dados foram processados no Programa Estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 19.0. Foi realizada uma análise descritiva utilizando a distribuição de frequências para as variáveis categóricas e cálculo de média e desvio padrão para as variáveis numéricas. Na análise bivariada, utilizou-se o teste qui-quadrado de Pearson ou o teste exato de Fisher, quando pertinente, para analisar associações estatísticas, estabelecendo um nível de significância de 5% e intervalo de confiança de 95%. Em seguida, aquelas com valor de p<0,05 foram analisadas no programa Data Analysis and Statistical Software (STATA), versão 11.0, utilizando-se o modelo de regressão logística multivariada. Como variável dependente foi definida a intenção de ter filho em homens com diagnóstico de HIV/Aids.

Os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos foram respeitados, conforme as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital São José de Doenças Infecciosas, com o parecer de n. 047/2008 e do Comitê do Hospital Universitário Walter Cantídio, com o parecer de n. 042.06.12. Somente após a anuência do entrevistado e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, iniciou-se a coleta de dados.

RESULTADOS

Dos 162 homens entrevistados, 67 (41,4%) referiram intenção de ter filho e, destes, 53 (79,1%) relataram que o principal motivo era o desejo de constituir família.

A idade variou de 18 a 67 anos (média:39,7; DP:10,2) e a maioria tinha mais de 40 anos (48,8%). Tinham dez ou mais anos de estudo, 89 (54,9%); referiram ter uma religião, 156 (96,3%); exerciam atividade remunerada, 91 (56,2%); iniciaram a vida sexual com idade igual ou inferior a 18 anos, 143 (88,3%); e mantinham-se sexualmente ativos, 120 (74,1%) (Tabela 1).

Tabela 1
- Dados sociodemográficos de homens com HIV/Aids acompanhados em ambulatórios de referência. Fortaleza, Ceará, Brasil, 2012

Um total de 72 (44,4%) já tinham filhos (média:1,56; DP:0,49) e 23 (31,9%) informaram que as crianças nasceram após o diagnóstico de HIV. Quatro (17,4%) tinham filhos com HIV. Declararam-se heterossexuais, 80 (49,4%); homossexuais, 66 (40,7%); e bissexuais, 16 (9,9%). Tinham parceiro fixo, 92 (56,8%) e, destes, 65 (70,7%) residiam com o mesmo. Também tinham diagnóstico de HIV os parceiros de 37 (40,2%) homens (Dados não exibidos em tabela).

A maior parte dos entrevistados, 129 (79,6%), relatou não estar com diagnóstico de Aids na ocasião da entrevista e 33 (20,4%) encontravam-se com alguma doença oportunista. A grande maioria, 146 (90,1%), estava em uso de terapia antirretroviral e, destes, 86 (58,9%) faziam uso há mais de três anos. Estiveram internados anteriormente, 74 (45,7%), sendo que para a maioria, 49 (66,2%), a internação havia ocorrido há menos de um ano da entrevista (dados não exibidos em tabela).

A tabela 2 traz uma análise dos dados sociodemográficos, relacionando-os com a intenção de ter filhos. Identificou-se que ter idade igual ou inferior a 35 anos foi a única variável que apresentou associação estatisticamente significativa para que os homens com HIV/Aids tivessem intenção de ter filhos (p<0,001; OR:4,62; IC:2,21-9,67).

Tabela 2
- Análise dos dados sociodemográficos relacionados com a intenção de ter filho em homens com HIV/Aids. Fortaleza, Ceará, Brasil, 2012

Querer filho antes do diagnóstico de HIV (p<0,001; OR:17,64; IC:5,10-92,5), tempo de relacionamento inferior ou igual a cinco anos (p=0,022; OR:2,65; IC:1,05-6,74), o parceiro querer filho (p<0,001; OR:9,99; IC:3,48-29,2), não ter filhos com o(a) parceiro(a) atual (p=0,047; OR:2,60; IC:0,91-7,84) e o(a) parceiro(a) não ter filho de outro relacionamento (p=0,032; OR:2,60; IC:0,99-7,00) foram as variáveis que apresentaram associação estatisticamente significativa para os homens desejarem ter filhos (Tabela 3).

Tabela 3
- Relações entre intenção de ter filho com as variáveis comportamentais e relativas aos parceiros sexuais de homens com HIV/Aids. Fortaleza, Ceará, Brasil, 2012

Na tabela 4, a análise das questões relacionadas ao diagnóstico e ao tratamento mostrou que a variável tempo de terapia antirretroviral superior a três anos (p=0,030; OR:2,10; IC:1,01-4,36) apresentou associação estatisticamente significativa com a intenção de terem filhos entre os homens com HIV/Aids.

Tabela 4
- Intenção de ter filho em homens com HIV/Aids relacionados aos dados do diagnóstico e tratamento. Fortaleza, Ceará, Brasil, 2012

Na análise multivariada ajustada, o(a) parceiro(a) querer filho (p<0,001; OR:9,72; IC:3,48-27,12) e querer filhos antes do diagnóstico de HIV (p=0,004; OR:9,81; IC:1,84-52,20) foram as variáveis que mantiveram associação estatisticamente significativa com a intenção de ter filhos (Tabela 5).

Tabela 5
- Análise multivariada da intenção de ter filho em homens com HIV/Aids. Fortaleza, Ceará, Brasil, 2012

DISCUSSÃO

A prevalência de homens que queriam filho, mesmo após o diagnóstico de HIV, foi semelhante à encontrada em outros estudos.2,13 Esses achados reforçam que a intenção de concepção é uma realidade na vida das pessoas, independente de viverem ou não com a infecção pelo HIV.5 Na maioria das vezes, a infecção pode adiar, mas não remover essa intenção.14 Ocorre que, no contexto da infecção pelo HIV/Aids, a reprodução suscita questões polêmicas, tendo em vista as implicações envolvidas.14-16

Os homens mais jovens e que faziam uso da terapia antirretroviral há mais de três anos tinham mais intenção de ter filhos, situação possivelmente relacionada ao fato de não terem concretizado o desejo de ser pai e apresentarem melhoria no estado de saúde e na qualidade de vida resultante do uso da terapia antirretroviral, situação evidenciada também em outros estudos.7,4

Querer filho antes do diagnóstico do HIV e o parceiro(a) desejar filho foram fatores que se mantiveram influenciando o processo da paternidade. Estudos com homens e mulheres com HIV mostram que as razões para querer filhos se diferenciam entre os sexos,5 e estão fortemente influenciadas pelo desejo do parceiro.5-6

O que se pode constatar é que o fato de viver com HIV não é impedimento para que se concretize o sonho de maternidade/paternidade, situação que pode ocorrer de forma segura, caso a pessoa tenha acesso ao tratamento e aos métodos de reprodução assistida.17 Essas alternativas têm aumentado a expectativa de vida e a possibilidade de conceber com segurança.18

Vale ressaltar que a assistência ao planejamento familiar, bem como o aconselhamento reprodutivo em pessoas acompanhadas em ambulatórios de HIV/Aids, são mais voltados para mulheres. Na África do Sul, evidenciou-se que os profissionais reconheciam os direitos sexuais e reprodutivos das pessoas com HIV/Aids. Entretanto, vivenciam conflitos entre garantir esses direitos e prevenir a disseminação do HIV,19 e concentravam a atenção nas mulheres.20

Por questões culturais e/ou estruturais, os homens, por muitos anos, foram praticamente excluídos dos serviços de saúde e do envolvimento com as questões reprodutivas.21 Só mais recentemente, foi elaborada uma política pública de saúde voltada para essa população.22

No que diz respeito aos homens que vivem com HIV/Aids e que desejam ter filhos, atenção especial deve ser dada pelos serviços de saúde, uma vez que esses homens já podem se sentir excluídos e discriminados por conta do HIV, situação que se agrava com o desejo de paternidade, considerando a falta de preparo dos serviços em acolher essas demandas específicas.

Por esse motivo, o desejo de paternidade em homens que vivem com HIV/Aids merece atenção especial das políticas públicas e dos profissionais de saúde, considerando que querer filho após o diagnóstico tem se mostrado uma experiência significativa, justificando inclusive a superação das dificuldades por parte das pessoas que pretendem vivenciar a situação.23

Os profissionais de saúde resistem em aceitar a ideia, alegando os riscos envolvidos.19 Ademais, desconsideram a individualidade, o respeito à sexualidade e os aspectos subjetivos envolvidos nesse processo.

Esse estudo apresenta algumas limitações. Por ser do tipo transversal, não considerou as questões subjetivas que estão envolvidas com a paternidade, situação que pode ter influência direta no desejo de ter filhos. Outra limitação é que, por se tratar de uma temática sensível e de difícil abordagem, pode ter influenciado as respostas dos participantes. Entretanto, acredita-se que as entrevistadoras estavam devidamente capacitadas na abordagem das questões, o que amenizou esse viés. Por outro lado, houve cuidado em desenvolver interação com os entrevistados, para tornar o momento da entrevista descontraído, bem como as perguntas claras, abrindo espaço para um diálogo aberto quando havia alguma dúvida. Apesar dessas limitações, destaca-se a relevância por ser um assunto pouco documentado quando se trata de homens.

A partir desses achados, sugere-se algumas recomendações no intuito de contribuir para a elaboração de políticas públicas de atenção voltadas para pessoas que vivem com HIV/Aids, especialmente os homens, população normalmente invisível aos serviços de saúde: 21 realizar capacitações permanentes com os profissionais de saúde por meio de oficinas participativas, onde possam expressar e discutir suas limitações em relação à aceitação da concepção em pessoas com HIV/Aids; as unidades de saúde divulgarem e garantirem os direitos reprodutivos das pessoas que vivem HIV/Aids; ofertar serviços e métodos de planejamento familiar com aconselhamento reprodutivo, de forma a auxiliar as pessoas que vivem com HIV/Aids a conceberem com menor probabilidade de transmissão vertical e a tomarem decisões mais seguras.

CONCLUSÃO

Esse estudo evidenciou que querer ter filhos é uma realidade presente na vida de alguns homens, mesmo após o diagnóstico de HIV/Aids, e que essa decisão mostra-se complexa e influenciada por alguns fatores.

Os aspectos que estiveram fortemente associados ao fato do homem querer ter filho foi o(a) parceiro(a) também manifestar a mesma intenção e querer filho antes do diagnóstico. A concretização da paternidade em homens com HIV/Aids deve ser respeitada e entendida como um direito, com garantia de minimização dos riscos e apoio dos serviços de saúde.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Nov 2015
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2015

Histórico

  • Recebido
    28 Out 2014
  • Aceito
    17 Ago 2015
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