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MEME É GÊNERO? QUESTIONAMENTOS SOBRE O ESTATUTO GENÉRICO DO MEME

IS MEME A GENRE? QUESTIONS ABOUT MEME´S GENERIC STATUS

RESUMO

Nos últimos anos, tem-se assumido academicamente o pressuposto de que os memes publicizados no Facebook e em outros sites de redes sociais (SRS) são gêneros textuais/ discursivos (cf. PASSOS, 2012PASSOS, M. V. F. (2012). O gênero “meme” em propostas de produção de textos: implicações discursivas e multimodais. Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU.; WIGGINS; BOWERS, 2014WIGGINS, B. E; BOWERS, G. B. (2014). Meme as genre: a structurational analysis of the memescape. New media and society, State College, v. 17, n. 11, pp. 1-21.; SILVA, 2016SILVA, A. A. (2016). Memes virtuais: gênero do discurso, dialogismo, polifonia e heterogeneidade enunciativa. Revista Travessias, v. 10, n. 3, 28 ed, pp. 341-361.; GUERRA, BOTTA, 2018GUERRA, C.; BOTTA, M. C. (2018). O meme como gênero discursivo nativo no meio digital: principais características e análise preliminar. Domínios de linguagem, Uberlândia, v. 12, n. 3, pp. 1859-1877.), tese defendida à luz de diferentes critérios e de distintas teorias de gêneros. O objetivo deste trabalho é discutir o estatuto genérico dos memes em sites de redes sociais. Para atender ao objetivo, baseio-me em Bakhtin (2009BAKHTIN, M. (2009). Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec.; 2011)BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: ______. Estética da criação verbal. (2011). 6 ed. São Paulo: Martins Fontes. e em Miller (1984 [2009])MILLER, C. (2009). Gênero como ação social. In: ______. Estudos sobre gênero textual, agência e tecnologia. DIONÍSIO, A. P.; HOFFNAGEL, J. C. (Org.).Trad. e adaptação de Judith Chambliss Hoffnagel et al. Recife: EDUFPE, pp. 21-44. para a discussão do conceito de gênero; e em Dawkins (2010)DAWKINS, R. (1976). O gene egoísta. Belo Horizonte: Itatiaia, São Paulo: Edusp, 2010., Blackmore (2000)BLACKMORE, B. (2000). The power of memes. Scientific American, v. 283, n. 4, p. 52-61. Disponível em: http://www.susanblackmore.co.uk/Articles/SciAm00.html. Acesso em: 29 mar. 2020.
http://www.susanblackmore.co.uk/Articles...
, Knobel e Lankshear (2005KNOBEL; M.; LANKSHEAR, C. (2005). Memes and affinities: Cultural replication and literacy education. ANNUAL NRC, Miami.; 2007)KNOBEL; M.; LANKSHEAR, C. (2007). A new literacies sampler. London: Routledge. e Cavalcante e Oliveira (2019)CAVALCANTE, M. M.; OLIVEIRA, R. (2019). O recurso aos memes em diferentes padrões de gêneros à luz da Linguística Textual. Revista do Programa de Pós-graduação em Letras de Passo Fundo, v. 15, n. 1, pp. 8-23., que discutem sobre a natureza do meme. Metodologicamente, analiso sete enunciados reconhecidos socialmente como memes, que foram publicados no Facebook nos últimos cinco anos. Os critérios para tal foram a viralização e os traços de remixabilidade em sua constituição. Os resultados sugerem que, sob o rótulo de meme, na verdade, estão gêneros diversos, como anúncios publicitários e institucionais, tiras cômicas e tiras cômicas seriadas, críticas, lembretes e mensagens motivacionais, o que leva a questionar o estatuto genérico do que se reconhece sociocognitivamente como meme.

Palavras-chave:
meme; gênero; remix

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