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Propriedades Psicométricas da Versão Brasileira da Escala Multidimensional de Orientação Esportiva (MSOS)

Resumo

Este estudo investigou as propriedades psicométricas da versão brasileira da Escala Multidimensional de Orientação Esportiva (MSOS). O instrumento foi traduzido e adaptado por três especialistas da área. A amostra de validação foi composta por 643 atletas de modalidades coletivas e individuais. Os resultados demonstraram traduções claras e pertinentes entre os três especialistas, e consistência interna satisfatória dos itens em português. A AFE sugeriu a exclusão de nove itens e a retenção de quatro fatores. O modelo da AFC com 16 itens apresentou índices de ajustamento satisfatórios [/gl = 2,70; CFI = 0,928; TLI = 0,911, RMSEA = 0,05]. A escala com 16 itens apresentou adequada confiabilidade (CC > 0,70). Concluiu-se que a versão brasileira da MSOS apresentou propriedades psicométricas aceitáveis.

Palavras-chave:
psicometria; orientação esportiva; psicologia do esporte

Abstract

This study investigated the psychometric properties of the Brazilian version of the Multidimensional Sportspersonship Orientations Scale (MSOS). The cross-cultural adaptation committee was composed of three experts. Our validation sample consisted of 643 athletes from individual and team sports. The results showed clear and relevant content validation and satisfactory internal consistency of the items in the Portuguese version. EFA suggested the exclusion of nine items and the retention of four factors. The CFA analysis with 16 items showed satisfactory adjustment of the model [/df = 2.70; CFI = 0.928; TLI = 0.911, RMSEA = 0.05]. The 16-item scale had adequate reliability (> 0.70). It was concluded that the Brazilian version of MSOS showed acceptable psychometric properties.

Keywords:
psychometrics; sportspersonship orientations; sport psychology

No esporte, o clima de desempenho e os objetivos de conquista podem promover uma conduta esportiva em que o atleta visa ganhar a qualquer custo. Entretanto, o âmbito esportivo também pode desenvolver atitudes condizentes com a moral social, como respeito às regras e ao próximo. Com o objetivo de compreender as atitudes morais e as ações atléticas, os pesquisadores têm buscado examinar a noção de orientação esportiva, a fim de avaliar tendências para um bom comportamento esportivo.

A orientação esportiva, com base na abordagem psicossocial, propõe a compreensão multidimensional do espírito esportivo, apontando questões positivas como a preocupação e respeito pelas regras e oficiais da arbitragem, convenções sociais, oponentes, bem como o compromisso total com o esporte. Além disso, o espírito esportivo na perspectiva multidimensional compreende aspectos negativos que podem ser observados nos comportamentos esportivos adotados pelos atletas que podem se manifestar por más condutas e quando cometem erros ao concorrer às premiações individuais (Vallerand et al., 1996Vallerand, R. J., Deshaies, P., Cuerrier, J. P., Brière, N. M., & Pelletier, L. G. (1996). Toward a multidimensional definition of sportsmanship. Journal of Applied Sport Psychology, 8(1), 89-101. https://doi.org/10.1080/10413209608406310
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).

Neste sentido, o comportamento pró-social é representado pela cooperação, altruísmo e partilha, tendo como principal característica atitudes voluntárias afim de ajudar ou beneficiar outras pessoas (Al-Yaaribi et al., 2018Al-Yaaribi, A., Kavussanu, M., & Ring, C. (2018). The effects of prosocial and antisocial behaviors on emotion, attention, and performance during a competitive basketball task. Journal of Sport and Exercise Psychology, 40(6), 303-311. https://doi.org/10.1111/sms.12068
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). As atividades realizadas, bem como as relações estabelecidas no contexto esportivo, auxiliam este processo, como a interação social com técnicos, companheiros de equipe, pais e torcedores. Essas relações podem influenciar a tendência do atleta em respeitar as regras, adversários e companheiros de equipe, contribuindo para seu desenvolvimento e conduta moral (Guivernau & Duda, 2002Guivernau, M., & Duda, J. L. (2002). Moral atmosphere and athletic aggressive tendencies in young soccer players. Journal of Moral Education, 31(1), 67-85. https://doi.org/10.1080/03057240120111445
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). Sendo assim, o comportamento moral refere-se à capacidade do atleta de raciocinar e agir de acordo com os princípios morais (Kavussanu & Stanger, 2017Kavussanu, M., & Stanger, N. (2017). Moral behavior in sport. Current Opinion in Psychology, 16, 185-192. https://doi.org/10.1016/j.copsyc.2017.05.010
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).

Para tanto, com o intuito de estudar a conduta moral no esporte, alguns instrumentos foram elaborados, dentre os quais destacam-se a Prosocial and Antisocial Behaviour in Sport Scale-PABSS (Kavussanu & Boardley, 2009Kavussanu, M., & Boardley, I. D. (2009). The prosocial and antisocial behavior in sport scale. Journal of Sport and Exercise Psychology, 31(1), 97-117. https://doi.org/10.1123/jsep.31.1.97
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), a Moral Disengagement in Sport Scale-Short (Boardley & Kavussanu, 2007Boardley, I. D., & Kavussanu, M. (2007). Development and validation of the moral disengagement in sport scale. Journal of Sport and Exercise Psychology, 29(5), 608-628. https://doi.org/10.1123/jsep.29.5.608
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) e a Multidimensional Sportspersonship Orientation Scale (Vallerand et al., 1997Vallerand, R. J., Brière, N. M., Blanchard, C., & Provencher, P. (1997). Development and validation of the multidimensional sportspersonship orientations scale. Journal of Sport & Exercise Psychology, 19, 197-206. https://doi.org/10.1123/jsep.19.2.197
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). Porém, nota-se a predominância de pesquisas sobre este tema realizadas na Europa (Oliveira, 2015Oliveira, L. P. (2015). Luta por autonomia e liberdade moral: orientação esportiva como viabilizadora de metamorfoses emancipatórias [Struggle for autonomy and moral freedom: sports orientation as enabler of emancipatory metamorphoses] [Tese de Doutorado não publicada]. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/17120
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), havendo lacunas na literatura sobre a existência de pesquisas sobre a moral no contexto esportivo no Brasil.

Um dos instrumentos utilizados para tais avaliações é a Multidimensional Sportspersonship Orientation Scale (MSOS) originalmente desenvolvida no Canadá em 1997 (Vallerand et al., 1997Vallerand, R. J., Brière, N. M., Blanchard, C., & Provencher, P. (1997). Development and validation of the multidimensional sportspersonship orientations scale. Journal of Sport & Exercise Psychology, 19, 197-206. https://doi.org/10.1123/jsep.19.2.197
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). A escala busca a avaliação da orientação esportiva em relação às posturas morais adotadas pelos atletas quanto às convenções sociais, regras, juízes e adversários esportivos (Vallerand et al., 1997Vallerand, R. J., Brière, N. M., Blanchard, C., & Provencher, P. (1997). Development and validation of the multidimensional sportspersonship orientations scale. Journal of Sport & Exercise Psychology, 19, 197-206. https://doi.org/10.1123/jsep.19.2.197
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). A MSOS já foi utilizada em estudos de língua francesa (Chantal et al., 2009Chantal, Y., Soubranne, R., & Brunel, P. C. (2009). Exploring the social image of anabolic steroids users through motivation, sportspersonship orientations and aggression. Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, 19(2), 228-234. https://doi.org/10.1080/03057240120111445
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), norueguesa (Lemyre et al., 2002Lemyre, P. N., Roberts, G. C., & Ommundsen, Y. (2002). Achievement goal orientations, perceived ability, and sportspersonship in youth soccer. Journal of Applied Sport Psychology, 14(2), 120-136. https://doi.org/10.1080/10413200252907789
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), espanhola (Martín-Albo et al., 2006Martín-Albo, L., Nuñes, L. J., Alonso, N., Navarro, J. G., & González, V. M. (2006). Validación de la versión española de la escala multidimensional de orientaciones a la deportividad [Validation of the Spanish version of the Multidimensional Sportspersonship Orientation Scale]. Revista de Psicología Del Deporte, 15(1), 9-22.), grega (Pavlopoulou et al., 2003Pavlopoulou, E., Goniadou, S., Zachariadis, P., & Tsormpatoudis, H. (2003). The role of motivation to sportspersonship in physical education and sport. Hellenic Journal of Physical Education & Sport, 48(2), 65-72.; Proios et al., 2006Proios, M., Doganis, G., & Proios, M. (2006). Form of athletic exercise, school environment, and sex in development of high school students’ sportsmanship. Perceptual and Motor Skills, 103(1), 99-106. https://doi.org/10.2466/pms.103.1.99-106
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) e chinesa (Shuge, 2011Shuge, Z. (2011). A study of sportsmanship and loyalty of athletic students and non-athletic students in Hong Kong Baptist University [Tese de Doutorado]. Baptist University. ).

A pesquisa desenvolvida por Lemyre et al. (2002Lemyre, P. N., Roberts, G. C., & Ommundsen, Y. (2002). Achievement goal orientations, perceived ability, and sportspersonship in youth soccer. Journal of Applied Sport Psychology, 14(2), 120-136. https://doi.org/10.1080/10413200252907789
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) com jogadores juvenis noruegueses identificaram baixa confiabilidade para a dimensão negativa. Na mesma perspectiva, os estudos de Barkoukis et al. (2013Barkoukis, V., Lazuras, L., Tsorbatzoudis, H., & Rodafinos, A. (2013). Motivational and social cognitive predictors of doping intentions in elite sports: An integrated approach. Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, 23(5), 1-11. https://doi.org/10.1111/sms.12068
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) com jovens turcos e de Sezen-Balcikanli (2010Sezen-Balcikanli, G. (2010). The Turkish adaptation of multidimensional sportspersonship orientation scale MSOS: A reliability and validity study. Gazi Journal of Physical Education and Sports Science, 15(1), 1-10.) com atletas gregos de elite, também optaram pela retirada desta dimensão devido às inconsistências encontradas. Assim, a versão de quatro fatores também vem sendo utilizada na literatura. Embora a MSOS seja um instrumento que demonstra confiabilidade e validade, devido às inconsistências observadas são necessárias maiores investigações com vistas a fornecer evidências sobre suas propriedades psicométricas.

Ao considerar a relevância da MSOS como uma ferramenta útil para compreender a capacidade do atleta de emitir julgamentos frente às situações específicas do contexto esportivo que dizem respeito às regras e relacionamentos com companheiros de equipe e adversários, torna-se importante avaliar os efeitos dessa participação e intervenções no desenvolvimento de orientações esportivas de atletas jovens no contexto brasileiro. Diante dessas informações, objetivou-se avaliar as propriedades psicométricas da MSOS para atletas brasileiros por meio de três etapas: Etapa 1 - adaptação e validade de conteúdo para a língua portuguesa; Etapa 2 - consistência interna e validade de constructo; Etapa 3 - validade externa e estabilidade temporal.

Método

Participantes

A amostra de validação foi composta por 643 atletas de modalidades coletivas e individuais (274 do sexo feminino e 369 do sexo masculino) oriundos de diferentes regiões do Brasil com média de idade de 15,09 anos (DP = 2,9). Todos os atletas participantes da pesquisa consentiram em participar voluntariamente do estudo por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Instrumentos

A Multidimensional Sportspersonship Orientation Scale (MSOS; Vallerand et al., 1997Vallerand, R. J., Brière, N. M., Blanchard, C., & Provencher, P. (1997). Development and validation of the multidimensional sportspersonship orientations scale. Journal of Sport & Exercise Psychology, 19, 197-206. https://doi.org/10.1123/jsep.19.2.197
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) avalia a orientação dos atletas a questões relativas ao esporte. A escala é constituída por 25 itens distribuídos em cinco subescalas: a) Respeito por convenções sociais no esporte (RCS - itens 1, 6, 11, 16 e 21); b) Respeito pelas regras e juízes (RRJ - itens 2, 7, 12, 17 e 22); c) Respeito pelo comprometimento direcionado à participação esportiva (RCP - itens 3, 8, 13, 18 e 23); d) Respeito pelo adversário (RPO - itens 4, 9, 14, 19 e 24); e) Abordagem negativa direcionada à prática esportiva (ABN - itens 5, 10, 15, 20 e 25). As respostas são dadas numa escala tipo Likert de cinco pontos, num continuum de Não corresponde exatamente a mim (1) a Corresponde exatamente a mim (5). O escore de cada subescala é calculado a partir da média do somatório dos itens que a compõem.

Procedimentos

O estudo foi aprovado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro Universitário Cesumar - UniCesumar (Parecer nº 1.009.268). Participaram do processo de tradução da Multidimensional Sportspersonship Orientation Scale (MSOS) para a língua portuguesa quatro tradutores juramentados. O comitê de adaptação transcultural foi composto por três especialistas em Psicologia do Esporte (juízes avaliadores), sendo que nenhum deles era autor do estudo.

Utilizou-se também a escala de clareza de linguagem e pertinência prática do tipo Likert (em cinco pontos), a qual foi respondida pelos juízes avaliadores a fim de verificar as evidências baseadas no conteúdo dos itens da escala. Estas escalas permitem investigar a consistência do julgamento das opiniões dos juízes avaliadores quanto aos aspectos relativos às questões do instrumento, partindo de pouca pertinência/clareza até muita pertinência/clareza. Após a finalização do processo de validação de conteúdo, foi realizado um estudo piloto com um grupo de 20 atletas, selecionados por conveniência e estratificados por sexo, com o objetivo de avaliar as questões do instrumento quanto à linguagem e à forma do conteúdo apresentado (Marôco, 2010Marôco, J. (2010). Análise de equações estruturais: fundamentos teóricos, software e aplicações [Structural Equations Analysis: theoretical foundations, software and applications]. Report Number.).

Análise dos Dados

Os dados descritivos são representados por média e desvio padrão. Todas as análises foram conduzidas por meio da linguagem e ambiente para visualização e análise estatística R, versão 3.6.

Para avaliação das evidências baseadas na estrutura interna da escala, foi conduzida uma análise fatorial confirmatória (AFC), considerada uma técnica estatística usada para avaliar a adequação de um modelo de medição derivado de pesquisas empíricas e/ou teóricas anteriores (Kline, 2012Kline, R. B. (2012). Principles and practice of structural equation modeling. The Guilford Press.).

A adequação do modelo da AFC foi testada usando índices comumente aceitos, com o objetivo de avaliar o ajuste do modelo (Kline, 2012Kline, R. B. (2012). Principles and practice of structural equation modeling. The Guilford Press.). Foi utilizado o método de mínimos quadrados robustos e não ponderados (WLSMV), que produz estimativas de carregamento dos fatores e do erro padrão robusto de forma mais precisa. Além disso, os seguintes índices de ajuste foram utilizados para testar o ajuste do modelo: Qui-quadrado (X² e valor-p), Erro Médio Quadrático de Aproximação da Raiz (RMSEA < 0,08, IC 95%), Índice de Tucker-Lewis (TLI > 0,95) e Índice Comparativo de Ajuste (CFI > 0,95).

Para análise da confiabilidade dos itens, o Alpha de Cronbach, Omega e a Confiabilidade Composta foram testados para versão brasileira da Escala Multidimensional de Orientação Esportiva considerando os coeficientes acima de 0,70 como aceitáveis (DeVellis, 2003DeVellis, R. F. (2003). Scale development: Theory and applications (2a ed.). Sage Publications.; Marôco, 2010Marôco, J. (2010). Análise de equações estruturais: fundamentos teóricos, software e aplicações [Structural Equations Analysis: theoretical foundations, software and applications]. Report Number.). A avaliação das evidências baseadas em relação a outras variáveis foi analisada pela correlação das dimensões do MSOS com as dimensões da Escala de Comportamentos Pró-sociais e Antissociais no Esporte (Oliveira, 2015Oliveira, L. P. (2015). Luta por autonomia e liberdade moral: orientação esportiva como viabilizadora de metamorfoses emancipatórias [Struggle for autonomy and moral freedom: sports orientation as enabler of emancipatory metamorphoses] [Tese de Doutorado não publicada]. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/17120
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), com vistas a criar evidências convergentes. Correlações positivas (moderadas a fortes) entre o MSOS e comportamentos pró-sociais são esperados, uma vez foram previamente reportadas na literatura (Oliveira, 2015Oliveira, L. P. (2015). Luta por autonomia e liberdade moral: orientação esportiva como viabilizadora de metamorfoses emancipatórias [Struggle for autonomy and moral freedom: sports orientation as enabler of emancipatory metamorphoses] [Tese de Doutorado não publicada]. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/17120
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), dando suporte à nossa hipótese.

Dessa forma, nossa hipótese é que os comportamentos voltados ao respeito pelas questões esportivas se correlacionam positivamente com os comportamentos pró-sociais e negativamente com os comportamentos antissociais. Tais hipóteses se baseiam na premissa de que estes dois comportamentos potencialmente afetam outros, no sentido de que essa influência pode colaborar (pró-social) ou prejudicar (antissocial) os envolvidos (Kavussanu & Boardley, 2009Kavussanu, M., & Boardley, I. D. (2009). The prosocial and antisocial behavior in sport scale. Journal of Sport and Exercise Psychology, 31(1), 97-117. https://doi.org/10.1123/jsep.31.1.97
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).

Resultados

Evidências Baseadas no Conteúdo do Teste

Verificou-se que todas as dimensões da MSOS apresentaram evidências de validade de conteúdo (CVC) acima de 0,80 em relação à clareza de linguagem e à pertinência prática, com exceção da dimensão “Abordagem negativa direcionada ao esporte”, que apresentou CVC para pertinência prática de 0,66, indicando que essa dimensão não possui pertinência prática satisfatória. Apesar de mudanças recomendadas pelos juízes avaliadores em relação ao número de dimensões da escala, testamos diferentes modelos com o intuito de encontrar o modelo com melhor ajuste, visto que inconsistências foram encontradas na análise de conteúdo.

Evidências Baseadas no Processo de Resposta

A análise descritiva revelou que os atletas recorrem às cinco possibilidades de resposta existentes para cada um dos 25 itens da MSOS (Figura 1). As médias das respostas situam-se entre 2,28 (DP = 1,3) e 4,56 (DP = 0,8), respectivamente, nos itens 10 (“Eu critico o que o técnico me manda fazer”) e 18 (“É importante para mim, estar presente em todos os treinos”), que receberam as maiores frequências de respostas, conforme mostrado na Figura 1.

Figura 1.
Representação da Frequência de Respostas dos Itens do MSOS

Evidências Baseadas na Estrutura Interna da Escala

Foi realizada uma análise em rede com duas versões da escala, com 25 e com 20 itens (Figura 2). A análise da rede de correlação da versão com os 25 itens (Figura A) mostrou que os itens 5, 15 e 20 não tiveram correlação com os demais itens da escala, o que indica fragilidade da dimensão ao qual os itens pertencem (dimensão negativa). Na Figura B, com 20 itens, testamos a correlação dos itens sem os itens da dimensão negativa. Observou-se, no entanto, que o item 14 relaciona-se a apenas um item da escala, além de uma falta de clareza de clusters, que indicaria a formação de variáveis latentes. Ressalta-se que todos os itens da dimensão negativa (Figura A - 25 itens), além dos itens 1, 4, 8 e 14 (Figura B - 20 itens) apresentaram correlações abaixo de 0,50, dando indicativos de itens problemáticos.

Figura 2.
Correlação dos Itens da Escala MSOS com 25 e 20 itens, Representada por Meio de uma Network

Com base na análise exploratória por meio das networks, testamos os modelos apresentados na literatura (com cinco e com quatro dimensões). Dessa forma, são apresentados na Tabela 1 os índices de ajustamento da análise fatorial confirmatória da versão brasileira da Escala Multidimensional de Orientação Esportiva. Observamos que o modelo (M1) indicou pobre ajustamento dos parâmetros testados, de mesmo modo, que o modelo com quatro fatores e 20 itens (M2). Assim, um modelo com quatro fatores e 16 itens (M3) foi testado, indicando ajustes aceitáveis. O critério para a retirada dos itens do M3 (1, 4, 8, e 14, além dos itens da dimensão negativa) baseou-se na baixa correlação entre os itens (Figura 1) e baixo carregamento fatorial dos itens na sua dimensão (< 0,50) (Hair et al., 2009Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J, & Anderson, R. E. (2009). Multivariate data analysis (7a ed.). Pearson Prentice Hall.).

Tabela 1
Índices de Ajustamento da AFC da Versão Brasileira da Escala Multidimensional de Orientação Esportiva. Comparação Entre o Modelo com Cinco Fatores (M1), Modelo Quatro Fatores (M2) e Modelo com Quatro Fatores Modificado (M3)

Ainda assim, o M3 apresentou X² (98) = 265,29 (p < 0,001), o que sugere pobre ajustamento. Entretanto, observou-se índices de ajustamento aceitável por meio do RMSEA = 0,05 [IC 0,04 - 0,06]. Em relação aos índices de medida incrementais, o TLI (0,911) atingiu valores recomendados (< 0,90), apoiando a aceitação do modelo modificado com 16 itens. Além disso, os valores parcimoniosos de mensuração, como o qui-quadrado estandardizado (X²/gl = 2,70) e o CFI (0,928) mostraram-se adequados aos níveis recomendados (entre 1,0 e 3,0 e > 0,90, respectivamente), sugerindo assim, bom ajuste do M3 para os atletas brasileiros.

Para tanto, optamos por testar outros três modelos, baseados na mesma quantidade de itens do M1, M2, M3, porém testando-os de forma unifatorial, a fim de tentar encontrar melhores ajustes dos parâmetros. Entretanto, observa-se na Tabela 2, que nenhum dos modelos unifatoriais atingiram valores adequados à literatura (Hair et al., 2009Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J, & Anderson, R. E. (2009). Multivariate data analysis (7a ed.). Pearson Prentice Hall.).

Tabela 2
Índices de Ajustamento da AFC da Versão Brasileira da Escala Multidimensional de Orientação Esportiva. Comparação Entre os Modelos Unidimensionais com 25, 20 e 16 itens

A confiabilidade do MSOS é apresentada na Tabela 3. Optamos por apresentar a confiabilidade de todos os modelos testados: modelo original com cinco fatores e 25 itens; modelo com quatro fatores, conforme já reportado na literatura em outras adaptações (Lemyre et al., 2002Lemyre, P. N., Roberts, G. C., & Ommundsen, Y. (2002). Achievement goal orientations, perceived ability, and sportspersonship in youth soccer. Journal of Applied Sport Psychology, 14(2), 120-136. https://doi.org/10.1080/10413200252907789
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; Sezen-Balcikanli, 2010Sezen-Balcikanli, G. (2010). The Turkish adaptation of multidimensional sportspersonship orientation scale MSOS: A reliability and validity study. Gazi Journal of Physical Education and Sports Science, 15(1), 1-10.), em que se retirou a dimensão “Abordagem negativa direcionada ao esporte”, com 20 itens; e o modelo com quatro fatores, sem os itens que apresentaram baixa correlação intra-item (modelo com 16 itens). Observa-se que o Modelo 3 (quatro fatores e 16 itens) apresentou valores aceitáveis pela literatura (> 0,70) para os valores de Alpha e Omega, com exceção da dimensão “Respeito e preocupação pelo oponente”, que apesar de ter apresentado coeficientes de alpha e ômega < 0,70 (0,63 e 0,54, respectivamente), apresentou confiabilidade composta de 0,74, conforme recomendado pela literatura (Hair et al., 2009Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J, & Anderson, R. E. (2009). Multivariate data analysis (7a ed.). Pearson Prentice Hall.).

Tabela 3
Confiabilidade dos Modelos Testados para a Escala MSOS

A Figura 3 representa as estimativas da análise fatorial confirmatória do Modelo 3, que também descreve a relação entre as dimensões e os indicadores na solução encontrada para os dados de validação do MSOS. Na análise da solução padrão (ou dos parâmetros estimados após CFA), as saturações fatoriais (λ) apresentaram valores moderados, variando de 0,44 a 0,63, e o Intervalo de Confiança (IC 95%) indicou estabilidade na estimativa de cargas e consequente ajuste do modelo aos dados. A maioria dos itens do MSOS apresentaram cargas fatoriais com valores significativos nos fatores latentes hipotetizados.

Figura 3.
Diagrama da Análise Fatorial Confirmatória e Cargas Fatoriais da Escala Multidimensional de Orientação Esportiva

Assim, a numeração e a ordenação dos itens pelas quatro dimensões foram corrigidas para a conclusão do processo de validação do MSOS com 16 itens: Respeito por convenções sociais (RCS - itens 6, 11, 16 e 21); Respeito pelas regras e juízes (RRJ - itens 2, 7, 12, 17 e 22); Respeito pelo comprometimento direcionado a participação esportiva (RCP - itens 3, 13, 18 e 23); e Respeito e preocupação pelo oponente (RPO - itens 9, 19 e 24).

Evidências Baseadas na Relação com Outras Variáveis

A dimensão “Respeito pelo adversário”, do MSOS mostrou correlação positiva moderadamente forte com o comportamento pró-social voltado ao adversário (r = 0,61). A dimensão “Respeito por regras e juízes” mostrou correlação negativa moderada e fraca com os comportamentos antissociais voltados aos companheiros (r = -0,52) e aos adversários (r = -0,39) (Figura 4). Vale ressaltar que todas as dimensões do MSOS, que refletem respeito por questões voltadas ao esporte apresentaram correlações negativas, ainda que fracas, com os comportamentos antissociais, voltados tanto aos companheiros como ao adversário. Baseado nesses achados, confirma-se a capacidade do instrumento se comportar conforme o esperado em relação ao conceito teórico.

Figura 4.
Evidências Baseadas nas Relações com Outras Variáveis

Discussão

Este estudo objetivou avaliar as propriedades psicométricas da MSOS para atletas brasileiros. Este é o primeiro estudo a realizar uma validação transcultural da escala de MSOS para o contexto brasileiro esportivo, mostrando evidências das propriedades psicométricas desta escala com uma amostra de jovens atletas. De um modo geral, a versão brasileira da MSOS apresentou propriedades psicométricas aceitáveis, demonstrando evidências de validade de conteúdo, validade interna e relacionada à outras variáveis.

A escala MSOS em atletas brasileiros apresentou valores aceitáveis para o modelo com 16 itens. Estes resultados são similares aos encontrados na versão espanhola para Educação Física (Burgueño et al., 2018Burgueño, R., Sánchez-Gallardo, I., & Medina-Casaubón, J. (2018). Adaptación de la multidimensional sportspersonship orientations scale al contexto español de la educación física [Adaptation of the Multidimensional Sportspersonship Orientations Scale to the Physical Education Spanish context]. SPORT TK-Revista EuroAmericana de Ciencias Del Deporte, 7, 59-66. https://doi.org/10.6018/sportk.343251
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), que apresentou 17 itens distribuídos em quatro fatores. Os escores de confiabilidade geral para cada fator atenderam aos critérios de consistência interna presentes na literatura, sendo maiores que 0,70 (Blunch, 2008Blunch, N. J. (2008). Introduction to structural equation modelling using SPSS and AMOS. Sage Publications. https://doi.org/10.4135/9781446249345
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; Hair et al., 2005Hair, J., Black, W., Babin, B., Anderson, R., & Tatham, R. (2005). Multivariate data analysis. Pearson Educational.), com exceção do fator “respeito ao adversário” (α = 0,63). Esse baixo valor reportado encontra suporte na literatura, em estudos de Lemyre et al. (2002Lemyre, P. N., Roberts, G. C., & Ommundsen, Y. (2002). Achievement goal orientations, perceived ability, and sportspersonship in youth soccer. Journal of Applied Sport Psychology, 14(2), 120-136. https://doi.org/10.1080/10413200252907789
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) com jovens atletas e de Miller et al. (2004Miller, B. W., Roberts, G. C., & Ommundsen, Y. (2004). Effect of motivational climate on sportspersonship among competitive youth male and female football players. Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, 14(3), 193-202. https://doi.org/10.1046/j.1600-0838.2003.00320.x
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) que também encontraram valores de α < 0,70 (α = 0,68 e α = 0,67) para esta dimensão.

Nesta pesquisa, o modelo com 25 itens não demonstrou bom ajuste, sendo retirados os itens 5, 10, 15, 20 e 25 da dimensão negativa que se refere ao comportamento do atleta que busca vitória a todo custo. Neste sentido, esses resultados já são reportados na literatura em estudos com jovens atletas noruegueses (Lemyre et al., 2002Lemyre, P. N., Roberts, G. C., & Ommundsen, Y. (2002). Achievement goal orientations, perceived ability, and sportspersonship in youth soccer. Journal of Applied Sport Psychology, 14(2), 120-136. https://doi.org/10.1080/10413200252907789
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), taiwaneses (Lu & Hsu, 2015Lu, F. J.-H., & Hsu, Y. (2015). The interaction between paternalistic leadership and achievement goals in predicting athletes’ sportspersonship. Kinesiology, 47(1), 115-122.) e gregos (Pavlopoulou et al., 2003Pavlopoulou, E., Goniadou, S., Zachariadis, P., & Tsormpatoudis, H. (2003). The role of motivation to sportspersonship in physical education and sport. Hellenic Journal of Physical Education & Sport, 48(2), 65-72.), os quais também identificaram índices insatisfatórios e optaram pela retirada desse fator. Vallerand et al. (1997Vallerand, R. J., Brière, N. M., Blanchard, C., & Provencher, P. (1997). Development and validation of the multidimensional sportspersonship orientations scale. Journal of Sport & Exercise Psychology, 19, 197-206. https://doi.org/10.1123/jsep.19.2.197
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) apontam que o baixo valor de consistência interna dos itens dessa dimensão pode ser devido à falta de confiabilidade da subescala. Ainda, a estrutura de 20 itens também apresentou problemas de ajustamento, de modo que após análise exploratória houve exclusão de mais quatro itens (1, 4, 8 e 14), resultando em uma estrutura final do instrumento de 16 itens.

A validade externa demonstrou correlação positiva entre a MSOS e a Escala de Comportamentos Pró-sociais e Antissociais no Esporte (Oliveira, 2015Oliveira, L. P. (2015). Luta por autonomia e liberdade moral: orientação esportiva como viabilizadora de metamorfoses emancipatórias [Struggle for autonomy and moral freedom: sports orientation as enabler of emancipatory metamorphoses] [Tese de Doutorado não publicada]. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/17120
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), indicando que ambos os instrumentos medem conceitos teóricos semelhantes com relação aos comportamentos dos atletas relacionados ao adversário e aos companheiros de time, expandindo o número de indicadores relacionados Escala Multidimensional de Orientação Esportiva.

Apesar dos resultados do presente estudo trazerem novas evidências à literatura, algumas limitações devem ser apontadas. Ainda que os atletas que compuseram a amostra sejam representantes das diferentes regiões do Brasil, eles foram selecionados por conveniência, sendo esta uma limitação do presente estudo. Outra limitação é em relação ao baixo índice de consistência interna da dimensão “respeito e preocupação pelo oponente”. Dessa forma, apesar dos resultados do modelo apresentarem valores aceitáveis, sugere-se cautela na aplicação e interpretação dos resultados dessa dimensão.

A Escala Multidimensional de Orientação Esportiva apresentou resultados satisfatórios para evidências de validade de conteúdo, consistência interna e relacionada à outras variáveis, demonstrando ser um instrumento com boas evidências de validade para mensurar a orientação esportiva na cultura brasileira. No entanto, sugere-se que novos estudos avaliem as propriedades psicométricas da MSOS para outras amostras, a fim de confirmar a estrutura fatorial encontrada em nossos resultados.

Como implicações práticas, nossos resultados lançam luz à uma nova escala que pode fornecer informações relevantes para ajudar profissionais da Psicologia do Esporte e da Educação Física a compreender a emissão de julgamentos da conduta moral de jovens atletas brasileiros, além de permitir o desenvolvimento de estudos e intervenções da moral no contexto esportivo brasileiro.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jul 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    15 Maio 2020
  • Aceito
    05 Ago 2021
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