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CARTILHA EDUCACIONAL PARA PREVENÇÃO DO BULLYING TRANSFÓBICO NA ESCOLA

RESUMO

Objetivo:

Descrever o processo de desenvolvimento, validação e avaliação de cartilha educacional para prevenção do bullying transfóbico na escola.

Método:

Trata-se de um estudo metodológico, realizado no período de fevereiro a dezembro de 2022 em uma escola pública de João Pessoa, Paraíba, Brasil. A cartilha educacional foi desenvolvida de acordo com a trajetória metodológica proposta por Echer, e submetida à validação de conteúdo e avaliação semântica por juízes especialistas e professores do Ensino Fundamental II, respectivamente. Na análise dos dados, utilizaram-se os coeficientes de validade de conteúdo e correlação intraclasse, e o índice de concordância semântica.

Resultados:

A cartilha educacional teve seu conteúdo validado com coeficiente de validade de 0,981 e coeficiente de correlação intraclasse de 0,833 para o conjunto de itens do instrumento de avaliação. Na avaliação semântica, os professores consideraram a cartilha compreensível, com nível de concordância mínima de 94%.

Conclusão:

A cartilha desenvolvida foi considerada válida por juízes, para ser utilizada com professores, de forma individual e em ações de educação permanente ou em saúde, a fim de contribuir na prevenção do bullying transfóbico na escola.

DESCRITORES:
Tecnologia Educacional; Pessoas Transgênero; Transfobia; Bullying; Violência de Gênero; Promoção da Saúde Escolar; Educação em Saúde; Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

to describe the process of developing, validating and assessing an educational booklet to prevent transphobic bullying at school.

Method:

this is a methodological study, carried out from February to December 2022 at a public school in João Pessoa, Paraíba, Brazil. The educational booklet was developed in accordance with the methodological trajectory proposed by Echer, and submitted to content validity and semantic assessment by expert judges and Elementary School II teachers, respectively. In data analysis, content validity and Intraclass Correlation Coefficients were used, in addition to semantic agreement index.

Results:

the educational booklet had its content validated with a validity coefficient of 0.981 and an Intraclass Correlation Coefficient of 0.833 for the set of items in the assessment instrument. In semantic assessment, teachers considered the booklet understandable, with a minimum agreement level of 94%.

Conclusion:

the booklet developed was considered valid by judges, to be used with teachers, individually and in continuing education or health actions, in order to contribute to preventing transphobic bullying at school.

DESCRIPTORS:
Educational technology; Transgender persons; Transphobia; Bullying; Gender-based violence; School health services; Health education; Nursing

RESUMEN

Objetivo:

describir el proceso de desarrollo, validación y evaluación de una cartilla educativa para prevenir el acoso escolar transfóbico.

Método:

se trata de un estudio metodológico, realizado de febrero a diciembre de 2022 en una escuela pública de João Pessoa, Paraíba, Brazil. La cartilla educativa fue elaborada de acuerdo con la trayectoria metodológica propuesta por Echer, y sometida a validación de contenido y evaluación semántica por jueces expertos y docentes de la Escuela Primaria II, respectivamente. En el análisis de los datos, se utilizaron los coeficientes de validez de contenido y de correlación intraclase, y el índice de concordancia semántica.

Resultados:

la cartilla educativa tuvo su contenido validado con un coeficiente de validez de 0,981 y un coeficiente de correlación intraclase de 0,833 para el conjunto de ítems del instrumento de evaluación. En la evaluación semántica, los docentes consideraron comprensible el cuadernillo, con un nivel mínimo de acuerdo del 94%.

Conclusión:

la cartilla desarrollada fue considerada válida por los jueces, para ser utilizada con docentes, de manera individual y en acciones de educación continua o de salud, con el fin de contribuir a la prevención del acoso escolar transfóbico en la escuela.

DESCRIPTORES:
Tecnología educacional; Personas transgénero; Transfobia; Acoso escolar; Violencia de género; Servicios de salud Escolar; Educación en salud; Enfermería

INTRODUÇÃO

A transfobia é reflexo das relações de poder historicamente construídas e perpetuadas nas sociedades do mundo todo. O termo remete a diversos significados, entre eles, os comportamentos negativos de ódio, repulsa, indignação ou raiva em razão da transgeneridade. Tais comportamentos podem variar desde insultos verbais a agressões físicas e assassinatos11. Menkin D, Flores DD. Transgender students: Advocacy, care, and support opportunities for school nurses. NASN School Nurse [Internet]. 2019 [cited 2022 Dec 10];34(3):173-7. Available from: https://doi.org/10.1177/1942602X18801938
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-22. Reis PSO, Neves ALM, Therense M, Honorato EJS, Teixeira E. Veiled transphobia: Meanings produced by nurses on the reception of travestis and transgender. Rev Fund Care Online [Internet]. 2021 [cited 2022 Dec 10];13:80-5. Available from: https://doi.org/10.9789/2175-5361.rpcfo.v13.7488
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Na escola, a violência transfóbica muitas vezes se inicia na forma de bullying transfóbico, que abrange estudantes que não se enquadram nas normas e expectativas sociais para o gênero, a exemplo dos meninos afeminados ou das meninas “masculinas”, iniciando-se um ciclo de violência com tratamentos discriminatórios, ofensas, insinuações preconceituosas, agressões e constrangimento, dando uma sensação de poder/superioridade no cumprimento da cisnormatividade33. Brito S, Carneiro NS, Nogueira C. Playing Gender(s): The re/construction of a suspect “gender identity” trough play. Ethnogr Educ [Internet]. 2021 [cited 2022 Dec 10];16(4):384-401. Available from: https://doi.org/10.1080/17457823.2021.1922927
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Mundialmente, a experiência educacional de pessoas trans envolve contexto de abuso, exclusão institucional e bullying transfóbico. Na Colômbia, por exemplo, 92% das pessoas trans já sofreram bullying na escola, seguida pela Venezuela (78%), Filipinas (72%), Turquia (61%) e Sérvia (50%)4 4. Fedorko B, Berredo L. O círculo vicioso da violência: Pessoas trans e gênero-diversas, migração e trabalho sexual. Transgender Europe [Internet]. 2017 [cited 2022 Dec 10];19:24. Available from: https://transrespect.org/wp-content/uploads/2018/01/TvT-PS-Vol19-2017.pdf
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No nosso cenário, estudo com 120 famílias de crianças e adolescentes trans sobre suas vivências no sistema educacional brasileiro, mostrou que 93 dessas afirmaram que sua criança/adolescente já havia sido vítima de algum tipo de bullying55. Nunes T. Pesquisa sobre vivências reais de crianças e adolescentes transgêneres dentro do sistema educacional brasileiro. Curitiba, PR(BR): IBDSEX; 2021 [cited 2022 Dec 10]. 142 p. Available from: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2021/12/eBook-Completo-0912-FINAL.pdf
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Em decorrência do preconceito de estudantes e professores, são geradas constantes situações de não reconhecimento do nome social durante a chamada, a indisponibilização ao banheiro/vestuário de acordo com a identidade de gênero, divisões binárias excludentes nas atividades físicas, e o cotidiano marcado por violência física, psicológica e negligência delineia a vivência escolar de pessoas trans como experiência marcada por dúvidas, exclusão e dor4 4. Fedorko B, Berredo L. O círculo vicioso da violência: Pessoas trans e gênero-diversas, migração e trabalho sexual. Transgender Europe [Internet]. 2017 [cited 2022 Dec 10];19:24. Available from: https://transrespect.org/wp-content/uploads/2018/01/TvT-PS-Vol19-2017.pdf
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Essas situações ocorrem porque a escola perpetua normas culturais hegemônicas que constituem a sociedade, a exemplo da forma como homens e mulheres devem construir seu gênero e expressar sua sexualidade como um padrão naturalizado e incorporado nas práticas educacionais, focando suas atividades no ensino e na aprendizagem66. Soares ZP, Monteiro SS. Formação de professores/as em gênero e sexualidade: Possibilidades e desafios. Educ Rev [Internet]. 2019 [cited 2022 Dec 10];35(73):287-305. Available from: https://doi.org/10.1590/0104-4060.61432
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As consequências do bullying transfóbico para as vítimas incluem maior risco de sofrimentos mentais como baixa autoestima, ansiedade, e depressão, podendo chegar a desenvolverem automutilação e comportamentos suicidas. Além disso, elas também estão mais propensas a desistir da escola ou faltar às aulas e ter um desempenho acadêmico inferior aos estudantes cisgênero55. Nunes T. Pesquisa sobre vivências reais de crianças e adolescentes transgêneres dentro do sistema educacional brasileiro. Curitiba, PR(BR): IBDSEX; 2021 [cited 2022 Dec 10]. 142 p. Available from: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2021/12/eBook-Completo-0912-FINAL.pdf
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No Brasil, a Educação Básica é um direito conferido a todo cidadão mediante a Constituição Federal e que deve ser atendido de acordo com as demandas de interesse dos alunos com vistas à democracia e inclusão social77. Silva CSF, Brancaleoni APL, Oliveira RR. Base nacional comum curricular e diversidade sexual e de gênero: (des)caracterizações. Rev Ibero-Am Estudos Educ [Internet]. 2019 [cited 2022 Dec 10];14(2):1538-55. Available from: https://doi.org/10.21723/riaee.v14iesp.2.12051
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Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para educação básica estão as competências que devem ser devolvidas ao longo das etapas, o que inclui a valorização da diversidade sem preconceitos de qualquer natureza, e em 2018 foi promulgada a Lei nº 13.663 que incumbe às escolas de promoverem medidas de combate ao bullying e estímulo à Cultura de Paz77. Silva CSF, Brancaleoni APL, Oliveira RR. Base nacional comum curricular e diversidade sexual e de gênero: (des)caracterizações. Rev Ibero-Am Estudos Educ [Internet]. 2019 [cited 2022 Dec 10];14(2):1538-55. Available from: https://doi.org/10.21723/riaee.v14iesp.2.12051
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Nesse sentido, o papel do professor não é mais unicamente contribuir com a aprendizagem do aluno, mas também estimular o desenvolvimento de competências e habilidades de maneira articulada para construção de conhecimentos e formação de atitudes e valores77. Silva CSF, Brancaleoni APL, Oliveira RR. Base nacional comum curricular e diversidade sexual e de gênero: (des)caracterizações. Rev Ibero-Am Estudos Educ [Internet]. 2019 [cited 2022 Dec 10];14(2):1538-55. Available from: https://doi.org/10.21723/riaee.v14iesp.2.12051
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. Contudo, estudo brasileiro desenvolvido com professores do Ensino Fundamental de João Pessoa, na Paraíba, revelou que eles não se sentiam preparados para abordar sobre o assunto da transgeneridade e do bullying transfóbico na escola88. Silva FV, Jales RD, Pereira IL, Almeida LR, Nogueira JA, Almeida AS. Childhood transgenderity under the perspective of elementary school teachers. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2021 [cited 2023 Oct 5];29:e3459. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.3792.3459
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O enfrentamento às vulnerabilidades que permeiam o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes trans encontra na escola um espaço privilegiado para a associação da educação e da saúde, sobretudo na Educação Básica da rede pública de ensino. É fundamental que os profissionais da saúde voltem seu olhar para a prevenção do bullying transfóbico e desenvolvam ações de educação em saúde para o esclarecimento e sensibilização de professores, a fim de promover o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes trans, por meio de um processo educativo que contribua com a saúde mental e minimize as desigualdades nessa população. Nesse sentido, o enfermeiro assume um papel relevante no desenvolvimento de ações educativas em saúde no âmbito da atenção primária, especialmente no cenário escolar, em intervenções de promoção da saúde99. Souza VP, Perrelli JGA, Brandão Neto W, Pereira MBFLO, Guedes TG, Monteiro EMLM. Elaboration and validation of an educational video for the prevention of sexual violence in adolescents. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2022 [cited 2023 Jan 22];31:e20210171. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2021-0171pt
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As tecnologias educacionais são ferramentas que auxiliam as práticas de educação em saúde pela enfermagem, o que inclui o cenário escolar, e são importantes recursos que podem ser usados para aumentar o nível de conhecimento, bem como mudar atitudes e comportamentos relativos a um determinado objeto1010. Loureiro F, Sousa L, Antunes V. Use of digital educational technologies among nursing students and teachers: An exploratory study. J Pers Med [Internet]. 2021 [cited 2023 Jan 22];11(10):1010. Available from: https://do.org/10.3390/jpm11101010
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Esclarecer e sensibilizar professores com a implementação de tecnologias educacionais para prevenção do bullying transfóbico na escola permite que eles sejam agentes multiplicadores da mudança de comportamento de outros professores, estudantes e funcionários, possibilitando transformar comportamentos de exclusão e violência cometidos contra estudantes trans por meio de ações baseadas na Cultura de Paz1111. Diskin L, Roizman LG. Paz como se faz? Semeando cultura de paz nas escolas. Brasília, DF(BR): UNESCO; 2021 [cited 2022 Dec 10]. 232 p. Available from: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000379604
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Dessa maneira, reconhece-se a importância de adotar a Cultura de Paz como eixo estruturante das orientações contidas na tecnologia educacional deste estudo por se tratar de um referencial que valoriza o diálogo e a não violência para a prevenção e resolução dos conflitos que envolvem estudantes trans1111. Diskin L, Roizman LG. Paz como se faz? Semeando cultura de paz nas escolas. Brasília, DF(BR): UNESCO; 2021 [cited 2022 Dec 10]. 232 p. Available from: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000379604
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. Diante disso, este estudo teve como objetivo descrever o processo de desenvolvimento, validação e avaliação de cartilha educacional para prevenção do bullying transfóbico na escola.

MÉTODO

Estudo metodológico com desenvolvimento de cartilha educacional, validação de conteúdo e avaliação semântica, realizado no período de fevereiro a dezembro de 2022 em João Pessoa, Paraíba, Brasil. A pesquisa fundamentou-se no referencial teórico da Cultura de Paz1010. Loureiro F, Sousa L, Antunes V. Use of digital educational technologies among nursing students and teachers: An exploratory study. J Pers Med [Internet]. 2021 [cited 2023 Jan 22];11(10):1010. Available from: https://do.org/10.3390/jpm11101010
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, a fim de apresentar orientações pautadas nos princípios da não violência e do diálogo como eixo condutor na mediação de conflitos que envolvam estudantes trans.

A escolha da tecnologia educacional ocorreu por meio de entrevistas individuais realizadas com 12 professores do Ensino Fundamental II de uma escola pública municipal de João Pessoa, Paraíba, realizadas entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022. Fez-se também o diagnóstico do conhecimento, experiências e atitudes relativas ao bullying transfóbico para direcionar o conteúdo da cartilha.

Para isso, utilizou-se um roteiro semiestruturado com as questões a seguir. Fale o que você entende por identidade de gênero e transgeneridade. Se você já teve alguma experiência na escola com aluno trans, fale com foi. O que você faria se presenciasse um estudante trans sofrendo bullying transfóbico? O que você acha que pode fazer para prevenir o bullying transfóbico na escola? O que você sabe sobre a implementação da Cultura de Paz na escola? Na sua opinião, que tipo de tecnologia seria mais adequada para orientar e sensibilizar os professores sobre o bullying transfóbico, e o que você acha que ela tem que ter em termos de conteúdo?

Para o desenvolvimento da cartilha, foi utilizada a trajetória metodológica proposta por Echer1212. Echer IC. The development of handbooks of health care guidelines. Rev Latino-am Enferm [Internet]. 2005 [cited 2020 Mar 18];13(5):754-7. Available from: https://doi.org/10.1590/S0104-11692005000500022
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que delineia a construção de manuais, e consistiu-se de sete etapas: submissão do projeto a um Comitê de Ética em Pesquisa; busca de literatura especializada; adequação das informações da literatura para o público-alvo; escolha das informações relevantes; ilustração do conteúdo selecionado; validação de conteúdo por profissionais especialistas no tema e por especialistas em desenvolvimento de Material Educativo Impresso (MEI); e avaliação pelo público-alvo.

A seleção do conteúdo da cartilha se deu a partir da análise das falas dos professores, em seguida, houve busca por materiais educativos sobre as temáticas Diversidade Sexual e de Gênero (DSG), bullying, e Cultura de Paz (CP) disponíveis na Internet na forma de manuais, cartilhas e documentos oficiais, além de livros e artigos científicos nas áreas em questão. Assim, foi construído um roteiro contendo os tópicos identificados como relevantes tanto na literatura consultada, como nas falas dos professores entrevistados. Após a seleção do conteúdo, iniciou-se a elaboração textual da cartilha. Para isso, seguiram-se as recomendações para comunicação escrita em MEI1212. Echer IC. The development of handbooks of health care guidelines. Rev Latino-am Enferm [Internet]. 2005 [cited 2020 Mar 18];13(5):754-7. Available from: https://doi.org/10.1590/S0104-11692005000500022
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, em relação à linguagem, ilustração e layout. Foi feita a adequação da linguagem da literatura, onde observou-se o uso do melhor vocabulário para facilitar a compreensão pelo público alvo1313. Moreira MF, Nóbrega MML, Silva MIT. Comunicação escrita: Contribuição para a elaboração de material educativo em saúde. Rev Bras Enferm [Internet]. 2003 [cited 2020 Mar 18];56(2):184-8. Available from: https://doi.org/10.1590/S0034-71672003000200015
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As ilustrações e diagramação foram feitas por designer gráfico profissional experiente no desenvolvimento de cartilhas, que avaliou o roteiro feito pela pesquisadora para definição do escopo e, posteriormente, definiram-se as ilustrações por meio de esboços e colorização no software Illustrator CC. Em seguida, realizaram-se o projeto gráfico e a diagramação das páginas, com a inclusão das ilustrações no Corel Draw 2020.

Após seu desenvolvimento, a cartilha foi submetida à validação de conteúdo por juízes especialistas em DSG, CP e no desenvolvimento de MEI, selecionados de acordo com os critérios Fehring1414. Fehring RJ. The fering model. In: Carrol-Johson RM, Paquete M, editors. Classification of nursing diagnosis: Proceedings of the conference of North American Nursing Diagnosis Association. Philadelphia, PA(US): Lippincott; 1994. p. 0-00.. Para definição do número de juízes em DSG optou-se por cálculo amostral baseado em estudo anterior1515. Lopes MVO, Silva VM, Araujo TL. Validation of nursing diagnosis: Challenges and alternatives. Rev Bras Enferm [Internet]. 2013 [cited 2021 Apr 12];66(5):649-55. Available from: https://doi.org/10.1590/S0034-71672013000500002
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. Utilizou-se a fórmula n=(Zα)2. P (1-P)/d2, onde “n” representa o número de especialistas, “Z” equivale ao nível de significância desejado, “P” indica a proporção mínima de especialistas a considerar o item/instrumento adequado e “d” equivale ao grau de precisão da estimativa. Aplicando a proporção de 85% de aceitação entre os juízes e intervalo de confiança de 95%, resultou em 22 juízes. No entanto, adotou-se um número ímpar de juízes para evitar questionamentos ambíguos1616. Alexandre NMC, Coluci MZO. Validade de conteúdo nos processos de construção e adaptação de instrumentos de medidas. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2011 [cited 2021 Apr 12];16(7):3061-8. Available from: https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000800006
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. Foi considerada a proporção de um profissional especialista em CP e um com experiência no desenvolvimento de MEI para cada 10 profissionais especialistas em DSG1717. Rubio DM, Ber-Weger M, Tebb SS, Lee ES, Rauch S. Objectifying content validity: Conducting a content validity study in social work research. Soc Work Res [Internet]. 2003 [cited 2021 Apr 12];27(2):94-111. Available from: https://doi.org/10.1093/swr/27.2.94
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. Assim, a amostra foi constituída de 27 juízes, sendo 23 juízes em DSG, dois em CP e dois no desenvolvimento de MEI.

A amostra se formou intencionalmente, por bola de neve, a partir da indicação de membros do grupo de pesquisa “Educação em Saúde Integral, Gênero e Diversidade nos Cenários do Cuidado de Enfermagem”, da Universidade Federal de Pernambuco, e posterior consulta ao currículo Lattes para confirmação da expertise conforme critérios estabelecidos1414. Fehring RJ. The fering model. In: Carrol-Johson RM, Paquete M, editors. Classification of nursing diagnosis: Proceedings of the conference of North American Nursing Diagnosis Association. Philadelphia, PA(US): Lippincott; 1994. p. 0-00.. Assim, os primeiros especialistas indicaram outros para a composição do banco de especialistas convidados a participar.

Os indicados foram contactados pelos seus endereços eletrônicos, enviando-se carta-convite, link para preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em formato eletrônico do Google Forms®, versão digital da cartilha em pdf e formulário de avaliação também em formato eletrônico do Google Forms®, adaptado de estudo anterior1818. Leite SS, Áfio ACE, Carvalho LV, Silva JM, Almeida PC, Pagliuca LMF. Construction and validation of an Educational Content Validation Instrument in Health. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [cited 2021 May 20];71(4):1635-41. Available from: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0648
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Tal instrumento, de caráter autoaplicativo, foi composto de 18 itens divididos em três dimensões: objetivos; estrutura/apresentação; e relevância. Ele compreende escala do tipo Likert com três opções de resposta (discordo, concordo parcialmente, e concordo totalmente), e com espaço para comentários e/ou sugestões. Estabeleceu-se o prazo de 10 dias para o retorno da avaliação, estendido mais 10 dias para os participantes que não atenderam ao prazo inicial, tendo sido excluídos os que não enviaram no novo período estipulado.

O banco de dados foi transportado do Microsoft Excel® para o software Stata versão 16.0. Calculou-se o coeficiente de validade de conteúdo para cada item1919. Pasquali L. Instrumentação psicológica: Fundamentos e práticas. Porto Alegre, RS(BR): Artmed; 2010.. Para tanto, as notas dos juízes foram utilizadas para calcular as médias das notas de cada item (Mx). O CVC inicial (CVCi) foi determinado a partir da fórmula: CVCi=Mx/Vmax, onde Vmax representa o maior valor que o item pode alcançar. Calculou-se, ainda, o erro de polarização dos juízes (Pei) para descontar possíveis vieses dos juízes para cada item, por meio da fórmula: Pei=(1/J)J, onde J representa o número de juízes incluídos no estudo. Com isso, considerou-se como CVC final (CVCc): CVCc=CVCi-Pei.

Para verificar se a proporção de concordância dos itens da cartilha alcançou o ponto de corte estabelecido, de 80%, baseado no nível de significância de 5%, calculou-se o teste binomial. Para análise da concordância entre os juízes, calculou-se o coeficiente de correlação intraclasse para o conjunto total de itens, e para as dimensões objetivos, estrutura/apresentação, e relevância, com intervalo de confiança de 95%.

Após a análise dos dados, a cartilha foi alterada conforme as mudanças propostas pelos juízes, e a segunda versão foi submetida à avaliação semântica. Esse tipo de avaliação deve ser realizado com um grupo de seis a 20 sujeitos1616. Alexandre NMC, Coluci MZO. Validade de conteúdo nos processos de construção e adaptação de instrumentos de medidas. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2011 [cited 2021 Apr 12];16(7):3061-8. Available from: https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000800006
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, neste caso, incluindo intencionalmente 10 professores que participaram do diagnóstico prévio. Assim, além de averiguar a compreensão satisfatória da cartilha pelo público-alvo e se esta compreensão viabiliza seu uso1616. Alexandre NMC, Coluci MZO. Validade de conteúdo nos processos de construção e adaptação de instrumentos de medidas. Ciênc Saúde Colet [Internet]. 2011 [cited 2021 Apr 12];16(7):3061-8. Available from: https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000800006
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, os professores puderam avaliar também se a cartilha atendeu às sugestões apresentadas por eles anteriormente.

Os professores já haviam sido informados da participação na avaliação semântica no momento do diagnóstico. Para tanto, estabeleceu-se contato via aplicativo de mensagem WhatsApp®, onde enviou-se a cartilha digital em formato pdf e o link com o formulário de avaliação autoaplicativa em formato eletrônico do Google Forms®, adaptado Suitability Assessment of Materials (SAM), composto de 29 itens que avaliam as dimensões objetivo, organização, linguagem, aparência, motivação e adequação cultural, com respostas apresentadas numa escala Likert com cinco notas (1- discordo totalmente; 2- discordo; 3- neutro; 4- concordo; 5- concordo totalmente), e com espaço para comentários e/ou sugestões2020. Doak CC, Doak GL, Root J. Teaching patients with low literacy skill. 2nd ed. Philadelphia, PA(US): Lippincott; 1996..

Calculou-se o índice de concordância semântica, considerando concordância mínima de 80% para as respostas concordo e concordo totalmente2121. Teixeira E. Desenvolvimento de tecnologias cuidativo-educacionais. Porto Alegre, RS(BR): Moriá; 2020.. Após a incorporação das sugestões do público-alvo, foi elaborada a versão final da cartilha educacional sobre bullying transfóbico em estudantes trans, tendo sido submetida a correção gramatical e ortográfica por profissional formado em letras e, em seguida, realizados os ajustes textuais para impressão da mesma. A versão final da cartilha está disponível em formatos digital e impresso.

RESULTADOS

A versão final da cartilha é composta de 36 páginas, estruturada em parte externa (capa e contracapa) e parte interna (elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais). A ficha técnica e o sumário constituem os elementos pré-textuais, e as referências, os pós-textuais. A Figura 1 mostra os elementos textuais que contemplam o conteúdo da cartilha, agrupado em 23 domínios que abordam as temáticas da DSG, bullying transfóbico e CP.

Figura 1 -
Domínios que constituem o conteúdo da cartilha educacional sobre bullying transfóbico. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2022.

A ilustração principal da parte externa da cartilha, mostrada na Figura 2, evidencia os envolvidos em uma situação de bullying transfóbico, com três personagens que representam a vítima, o agressor e a testemunha. Outras ilustrações aparecem nas margens da capa, e também representam o fenômeno de modos diferentes. Utilizaram-se as cores da bandeira do orgulho trans ao longo do material como forma de homenagear essa população.

Figura 2 -
Parte externa da cartilha educacional sobre bullying transfóbico (capa e contracapa). João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2022

Na validação de conteúdo, quatro (14,8%) juízes declararam-se como transgênero e os demais (85,2%), como cisgênero. Participaram 14 (51,8%) juízes do Estado de Pernambuco, quatro (14,81%) da Paraíba, três (11,1%) de São Paulo e, dos demais (Bahia, Alagoas, Ceará, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul), participou um (3,7%) juiz de cada estado. Dos juízes participantes, 16 (59,3%) eram enfermeiros; quatro, (14,8%) psicólogos; dois (7,4%), pedagogos; dois (7,4%), assistentes sociais; e os demais profissionais (antropólogo, letrólogo e médico) com um (3,7%) participante cada. Destes, 16 (59,2%) possuíam título de doutor, oito (29,6%), de mestre, e os demais eram especialistas. Quanto à atividade profissional, 18 (66,7%) atuavam na área acadêmica e possuíam experiência em pesquisa e ensino na área de interesse (DSG, CP ou MEI) e nove (33,3%) atuavam na assistência em serviços de saúde ou instituições de apoio à população trans.

Na dimensão “objetivos”, o coeficiente de validade de conteúdo foi de 0,972 e para os itens variou entre 0,938 e 0,987. Na dimensão “estrutura e apresentação”, o coeficiente de validade de conteúdo foi de 0,982, e variou entre 0,938 e 1,0 para os itens. Na dimensão “relevância”, o coeficiente de validade de conteúdo dos itens variou entre 0,987 e 1,0, e foi de 0,991 para a dimensão. O coeficiente de validade de conteúdo para o conjunto de itens foi de 0,981 (Tabela 1). Tais achados representam a validação do conteúdo da cartilha educacional quanto aos objetivos, à estrutura e apresentação, e à relevância.

Tabela 1 -
Coeficiente de validade de conteúdo dos itens, dimensões e conjunto de itens. João Pessoa/PB, Brasil, 2022. (n=27)

As sugestões de correções e acréscimos textuais foram acatadas para conferir ao material completude de informações. Alterou-se apenas uma ilustração no domínio “escolha o desfecho da história”, que mostrava a personagem enforcada, sendo substituída por uma lápide, tendo em vista que a imagem anterior poderia provocar emoções negativas de estímulo ao suicídio. As sugestões de utilizar linguagem neutra, incluir a palavra “manual” no título da cartilha, desenvolver gameficação para fixação da aprendizagem, substituição do termo “bullying transfóbico” por “transfobia” e professores por “profissionais da educação” não foram acatadas por não contemplarem os objetivos do estudo.

O coeficiente de correlação intraclasse das dimensões e do conjunto de itens, expressado na Tabela 2, indica concordância satisfatória entre os juízes incluídos no processo de validação de conteúdo.

Tabela 2 -
Coeficiente de correlação intraclasse entre juízes especialistas quanto às dimensões e conjunto de itens. João Pessoa/PB, Brasil, 2023. (n=27)

Na avaliação semântica, dos 29 itens avaliados, 13 obtiveram grau máximo de concordância semântica (Tabela 3). O item “A escrita está em estilo adequado” recebeu nota mínima por um avaliador e, por isso, apresentou o menor índice de concordância semântica entre os professores incluídos neste estudo. Contudo, não foi apresentada sugestão de modificações para o item. As dimensões “Objetivos”, “Organização”, “Linguagem”, “Aparência”, “Motivação” e “Adequação Cultural” apresentaram índice de concordância semântica que variou entre 0,90 e 0,96. Nenhum item teve avaliação inferior a 0,80. A única sugestão apresentada nesta etapa foi a introdução do contato da Gerência Executiva de Diversidade e Inclusão do Estado da Paraíba - GEDI, no domínio “contatos importantes”, sendo a mesma acatada.

Tabela 3 -
Grau de concordância semântica entre os professores. João Pessoa/PB, Brasil, 2023. (n=10)

DISCUSSÃO

A cartilha educacional desenvolvida constitui uma inovação tecnológica diante da evidência científica de incipiência em tecnologias educacionais voltadas para o enfrentamento do bullying transfóbico na escola2222. Ramalho MNA, Silva LLSB, Abreu PD, Sousa JC, Brito IC, Araújo EC. Experiências e ações de enfrentamento a transfobia no contexto escolar. Inter J Develop Res [Internet]. 2022[cited 2023 Feb 15];12(6):56772-7. Available from: https://doi.org/10.37118/ijdr.24642.06.2022
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. Ela conta com direcionamentos para condução e prevenção de casos de bullying transfóbico a partir do referencial da Cultura de Paz. Informações sobre a realidade vivenciada por pessoas trans são apresentadas com o objetivo de sensibilizar os professores ao acolhimento e inclusão dessa população, para que ela tenha o direito à educação formal garantido. Assim, o conteúdo da cartilha possui informações que perpassam a necessidade da compreensão dos conceitos relacionados à identidade de gênero, dos direitos e da vivência de estudantes trans no contexto escolar, o que inclui o conceito de bullying transfóbico.

A inovação deve-se também ao fato de o conteúdo ter sido direcionado a partir de entrevistas individuais com professores do Ensino Fundamental II, configurando um desenvolvimento participativo, ou seja, houve a contribuição de representantes do público-alvo a quem se destina a cartilha, tanto no diagnóstico do conhecimento, experiências e atitudes relativas ao bullying transfóbico, como na avaliação semântica do material. Essa modalidade de pesquisa metodológica possibilita a negociação de saberes e experiências entre pesquisadores, profissionais e usuários2121. Teixeira E. Desenvolvimento de tecnologias cuidativo-educacionais. Porto Alegre, RS(BR): Moriá; 2020..

Além da inovação, a cartilha desenvolvida apresenta relevância social, uma vez que ela atende aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), e tem estreita relação com os objetivos 4, 10 e 16, que versam sobre o acesso à educação inclusiva, redução das desigualdades, e promoção de sociedades pacíficas, respectivamente2323. Nassi-Caió L. Strategies for editors to contribute for the achievement of the Sustainable Development Goals by 2030. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2023 [cited 2023 Oct 5];31:e4059. Available from: https://doi.org/10.1590/1518-8345.0000.4059
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No Brasil, alguns materiais educativos no formato de cartilha sobre a temática Diversidade Sexual e de Gênero foram produzidas por órgãos e associações de apoio à população LGBTQIAP+. Elas são direcionadas, em sua maioria, à própria comunidade, com o intuito de esclarecer sobre seus direitos, proteção em casos de violência, e produção de informações, uma vez que os dados sobre orientação sexual e identidade de gênero são negligenciados nos principais sistemas de informação nacional2424. Benevides BG. O que fazer em caso de violência LGBTIfóbica: Cartilha de orientações à população LGBTI no combate a LGBTIfobia. Rio de Janeiro, RJ(BR): ANTRA; 2020 [cited 2023 Feb 15]. 33 p. Available from: https://antrabrasil.files.wordpress.com/2020/03/cartilha-lgbtifobia.pdf
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-2525. Reis T, Cazal S. Manual de educação LGBTI+.Curitiba, PR(BR): IBDSEX ; 2021 [cited 2023 Feb 15]. 200 p. Available from: https://aliancalgbti.org.br/wp-content/uploads/2023/05/Manual-Educacao-LGBTI.pdf
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É importante que materiais educativos para professores apresentem um referencial teórico para nortear as orientações a esse público. Nesse sentido, educar para a não violência no contexto das diferenças é fundamental, uma vez que perpassa o aprendizado das responsabilidades e dos direitos, o respeito às diferenças e similaridades, a cooperação, o diálogo e a compreensão intercultural, a promoção de valores e atitudes de não violência1111. Diskin L, Roizman LG. Paz como se faz? Semeando cultura de paz nas escolas. Brasília, DF(BR): UNESCO; 2021 [cited 2022 Dec 10]. 232 p. Available from: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000379604
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Enfatiza-se a importância do professor como mediador de conflitos no contexto escolar, como forma de colaborar com a amenização dos problemas e desigualdades sociais2626. Ximenes MAM, Fontenele NAO, Bastos IB, Macedo TS, Galindo Neto NM, Barros LM. Construction and validation of educational booklet content for fall prevention in hospitals. Acta Paul Enferm [Internet]. 2019 [cited 2022 Oct 15];32(4):433-41. Available from: https://doi.org/10.1590/1982-0194201900059
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.Destacam-se, então, as desigualdades causadas pelos bullying transfóbico em estudantes trans, o que exige do professor conhecimento e sensibilidade para tratar sobre o assunto. Assim, para o desenvolvimento de uma tecnologia educacional para professores do Ensino Fundamental II, que possuem uma identidade majoritariamente cisgênero, é fundamental que seu conteúdo e linguagem sejam apropriados, a fim de alcançar os resultados esperados.

A cartilha educacional inova também ao validar com juízes da saúde, educação, ciências sociais e humanas, com expertise em Diversidade Sexual e de Gênero, e/ou Cultura de Paz, e/ou no desenvolvimento de Material Educativo Impresso, proporcionando maior confiabilidade na adequação da tecnologia para o público-alvo, visto que a pluralidade profissional é fundamental no aperfeiçoamento do recurso2727. Lima ACMACC, Chaves AF, Oliveira MG, Nobre MS, Rodrigues EO, Silva ACQ, et al. Construction and validation of educational booklet for breastfeeding support room. Rev Min Enferm [Internet]. 2020 [cited 2022 Oct 15];24:e1315. Available from: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20200052
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Vários estudos que elaboraram cartilhas realizaram a validação de conteúdo por juízes especialistas no assunto por se tratar de uma etapa essencial para a construção de materiais educativos, que visa o aperfeiçoamento do material a partir das análises e sugestões dos especialistas2626. Ximenes MAM, Fontenele NAO, Bastos IB, Macedo TS, Galindo Neto NM, Barros LM. Construction and validation of educational booklet content for fall prevention in hospitals. Acta Paul Enferm [Internet]. 2019 [cited 2022 Oct 15];32(4):433-41. Available from: https://doi.org/10.1590/1982-0194201900059
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,2727. Lima ACMACC, Chaves AF, Oliveira MG, Nobre MS, Rodrigues EO, Silva ACQ, et al. Construction and validation of educational booklet for breastfeeding support room. Rev Min Enferm [Internet]. 2020 [cited 2022 Oct 15];24:e1315. Available from: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20200052
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,2828. Mello NC, Góes FGB, Pereira-Ávila FMV, Moraes JRMMM, Silva LF, Silva MA. Construction and validation of an educational booklet for mobile devices on breastfeeding. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2020 [cited 2023 Jan 20];29:e20180492. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2018-0492
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,2929. Roquini GR, Avelar NRN, Santos TR, Oliveira MRA de C, Galindo Neto NM, Sousa MRMGC, et al. Construção e validação de cartilha educativa para promoção da adesão a antidiabéticos orais. Cogitare Enferm [Internet]. 2021 [cited 2022 Jan 20];26:e80659. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v26i0.80659
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A validação de conteúdo de materiais educativos eleva a possibilidade de sucesso na sua utilização durante a prática pois a probabilidade de possuírem conteúdo correto, didático e compreensível são maiores2929. Roquini GR, Avelar NRN, Santos TR, Oliveira MRA de C, Galindo Neto NM, Sousa MRMGC, et al. Construção e validação de cartilha educativa para promoção da adesão a antidiabéticos orais. Cogitare Enferm [Internet]. 2021 [cited 2022 Jan 20];26:e80659. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v26i0.80659
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. Nesse sentido, a cartilha é um recurso que permite seu uso sem necessidade de mediação, e oferece autonomia, podendo ser empregada também de forma mediada por profissionais da educação ou da saúde, como guia em intervenções educativas no cenário escolar. Portanto, é um recurso útil para a formação e capacitação de professores1010. Loureiro F, Sousa L, Antunes V. Use of digital educational technologies among nursing students and teachers: An exploratory study. J Pers Med [Internet]. 2021 [cited 2023 Jan 22];11(10):1010. Available from: https://do.org/10.3390/jpm11101010
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A cartilha foi validada na primeira rodada com valores satisfatórios de CVC para as dimensões “Objetivos” (0,972), “Estrutura e Apresentação” (0,982) e “Relevância” (0,991), e para o conjunto de itens (0,981), em consonância com o mínimo recomendado para considerá-los válidos1919. Pasquali L. Instrumentação psicológica: Fundamentos e práticas. Porto Alegre, RS(BR): Artmed; 2010..

Para que os materiais educativos não possuam informações equivocadas ou incompletas, a avaliação dos itens referentes ao objetivo, estrutura/apresentação e relevância se faz necessária no processo de validação de conteúdo para não induzir a população-alvo ao erro ou dificultar o entendimento da temática2727. Lima ACMACC, Chaves AF, Oliveira MG, Nobre MS, Rodrigues EO, Silva ACQ, et al. Construction and validation of educational booklet for breastfeeding support room. Rev Min Enferm [Internet]. 2020 [cited 2022 Oct 15];24:e1315. Available from: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20200052
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. O coeficiente de correlação intraclasse das dimensões variou entre 0,794 e 0,872, o que indica concordância satisfatória entre os juízes incluídos no processo de validação de conteúdo1919. Pasquali L. Instrumentação psicológica: Fundamentos e práticas. Porto Alegre, RS(BR): Artmed; 2010..

As respostas ao instrumento de coleta de dados destinado ao público-alvo mostraram que a cartilha foi considerada adequada para uso com professores dos anos finais do Ensino Fundamental, uma vez que todos os itens apresentaram índice de concordância semântica superior a 0,802121. Teixeira E. Desenvolvimento de tecnologias cuidativo-educacionais. Porto Alegre, RS(BR): Moriá; 2020.. Estudo que realizou avaliação semântica de cartilha educativa sobre prevenção de quedas com pacientes hospitalizados obteve concordância que variou entre 0,90 e 1,0 para os itens do SAM e com 0,98 para o conjunto de itens2727. Lima ACMACC, Chaves AF, Oliveira MG, Nobre MS, Rodrigues EO, Silva ACQ, et al. Construction and validation of educational booklet for breastfeeding support room. Rev Min Enferm [Internet]. 2020 [cited 2022 Oct 15];24:e1315. Available from: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20200052
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Outra etapa importante na construção de materiais educativos é a aprovação pelo público-alvo onde devem ser consideradas as sugestões dadas de forma coerente, mesmo quando o conteúdo se encontra numericamente aprovado por especialistas2727. Lima ACMACC, Chaves AF, Oliveira MG, Nobre MS, Rodrigues EO, Silva ACQ, et al. Construction and validation of educational booklet for breastfeeding support room. Rev Min Enferm [Internet]. 2020 [cited 2022 Oct 15];24:e1315. Available from: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20200052
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. As evidências revelam recursos educacionais compreensíveis e atrativos caracterizam-se como alternativa de sensibilização do público a quem se destina o material99. Souza VP, Perrelli JGA, Brandão Neto W, Pereira MBFLO, Guedes TG, Monteiro EMLM. Elaboration and validation of an educational video for the prevention of sexual violence in adolescents. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2022 [cited 2023 Jan 22];31:e20210171. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2021-0171pt
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O vocabulário da cartilha sobre bullying transfóbico é coerente com a mensagem que se pretende transmitir aos professores do Ensino Fundamental II. Empregaram-se palavras curtas, de formação simples e conhecidas pelo público-alvo a fim de garantir a legibilidade e a compreensão do texto da cartilha e para facilitar a leitura, tornando-a convidativa e compreensível1313. Moreira MF, Nóbrega MML, Silva MIT. Comunicação escrita: Contribuição para a elaboração de material educativo em saúde. Rev Bras Enferm [Internet]. 2003 [cited 2020 Mar 18];56(2):184-8. Available from: https://doi.org/10.1590/S0034-71672003000200015
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. Os conceitos e ações foram apresentados em ordem lógicas com a repetição de palavras importantes e a articulação de frases1313. Moreira MF, Nóbrega MML, Silva MIT. Comunicação escrita: Contribuição para a elaboração de material educativo em saúde. Rev Bras Enferm [Internet]. 2003 [cited 2020 Mar 18];56(2):184-8. Available from: https://doi.org/10.1590/S0034-71672003000200015
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Vale ressaltar que a cartilha educacional não foi construída apenas com intuito de utilização direta pelos professores durante suas atividades dentro e fora de sala de aula, uma vez que estes poderão consultar o material sempre que tiverem interesse, mas também como guia na realização de capacitação e/ou atividades de educação em saúde com estes profissionais, a fim de contribuir com a prevenção do bullying transfóbico. Nesse sentido, o processo educativo bem-sucedido perpassa pela articulação intersetorial educação-saúde, visando à proteção e à saúde mental de crianças e adolescentes trans, como forma de garantir o acesso e a permanência destes na educação formal a que têm direito.

Deve-se, sobretudo, considerar o papel estratégico do professor quando se fala de promoção da saúde de crianças e adolescentes trans. Em razão disso, recomenda-se que os profissionais que trabalham na educação em saúde envolvam os professores e construam tecnologias educacionais em diversas temáticas, pensando nesses atores77. Silva CSF, Brancaleoni APL, Oliveira RR. Base nacional comum curricular e diversidade sexual e de gênero: (des)caracterizações. Rev Ibero-Am Estudos Educ [Internet]. 2019 [cited 2022 Dec 10];14(2):1538-55. Available from: https://doi.org/10.21723/riaee.v14iesp.2.12051
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As práticas de educação em saúde com o uso de tecnologias educativas impressas do tipo cartilha facilitam o processo educativo e oferecem informação relevante e de qualidade para o êxito da ação proposta3030. Portugal LBA, Christovam BP, Almeida BLO da S. Construção e validação de cartilha educativa para enfermeiros sobre lesões por pressão. Invest, Soc Desenvol [Internet]. 2021 [cited 2022 Jan 20];10(3):e3810312926. Available from: https://doi.org/10.33448/rsd-v10i3.12926
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A utilização de materiais educativos impressos durante o processo de educação em saúde favorece a compreensão das orientações pela organização das informações e presença de ilustrações2727. Lima ACMACC, Chaves AF, Oliveira MG, Nobre MS, Rodrigues EO, Silva ACQ, et al. Construction and validation of educational booklet for breastfeeding support room. Rev Min Enferm [Internet]. 2020 [cited 2022 Oct 15];24:e1315. Available from: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20200052
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,2929. Roquini GR, Avelar NRN, Santos TR, Oliveira MRA de C, Galindo Neto NM, Sousa MRMGC, et al. Construção e validação de cartilha educativa para promoção da adesão a antidiabéticos orais. Cogitare Enferm [Internet]. 2021 [cited 2022 Jan 20];26:e80659. Available from: https://doi.org/10.5380/ce.v26i0.80659
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. Dentre estes materiais impressos, destaca-se a cartilha como recurso útil e viável para a descrição de assuntos relacionados à diversidade sexual e de gênero e ao bullying transfóbico, pela praticidade e facilidade de aplicação no contexto escolar onde o enfermeiro é um agente ativo na promoção de ações de educação em saúde99. Souza VP, Perrelli JGA, Brandão Neto W, Pereira MBFLO, Guedes TG, Monteiro EMLM. Elaboration and validation of an educational video for the prevention of sexual violence in adolescents. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2022 [cited 2023 Jan 22];31:e20210171. Available from: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2021-0171pt
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. Portanto, a implementação dessas ações no âmbito escolar são fundamentais para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes trans.

A aceitação da cartilha pelos professores do Ensino Fundamental II reitera e desperta a necessidade de ampliação do olhar educativo direcionado para esse público sobre a diversidade de gênero na escola, tendo em vista a deficiência na formação pedagógica dos docentes para a abordagem dessa temática, a fragilidade quanto à composição curricular sobre o assunto, e o debate e a atenção ainda precários no cenário escolar66. Soares ZP, Monteiro SS. Formação de professores/as em gênero e sexualidade: Possibilidades e desafios. Educ Rev [Internet]. 2019 [cited 2022 Dec 10];35(73):287-305. Available from: https://doi.org/10.1590/0104-4060.61432
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Acredita-se que, com o uso da cartilha, os professores se sentirão mais estimulados a aprender sobre a temática e, com isso, adotarão atitudes menos preconceituosas que poderão influenciar positivamente na resolução de conflitos que envolvam o bullying transfóbico na escola. Espera-se que estudos de intervenção utilizando a cartilha sejam desenvolvidos com os professores, e que o uso de recursos educacionais para prevenção do bullying transfóbico seja cada vez mais encorajado.

Apresentam-se, como limitações do estudo, o fato de a cartilha ter sido disponibilizada para avaliação dos juízes e dos professores em formato digital, em arquivo pdf, o que possivelmente pode ter comprometido a avaliação de aspectos relacionados à impressão do material, e o fato que ter sido avaliada apenas por professores do Ensino Fundamental II do ensino público municipal, podendo divergir de professores de outras realidades, como é o caso de professores de outras etapas da educação básica, de escolas privadas e de escolas prisionais.

CONCLUSÃO

A interlocução dos saberes científicos em diálogo com os saberes prévios e demandas dos professores do Ensino Fundamental II pautaram o desenvolvimento, validação de conteúdo e avaliação semântica de uma cartilha educacional sobre a prevenção do bullying transfóbico. Essa proposta buscou em todas as etapas do desenvolvimento do material priorizar o comprometimento com o público-alvo.

A cartilha educacional “Bullying transfóbico em estudantes trans”, voltada para professores do Ensino Fundamental II, configura-se como uma tecnologia educacional inovadora, com relevância social, válida e confiável, em termos de conteúdo para o ensino sobre a prevenção do bullying transfóbico. A fundamentação com o referencial da Cultura de Paz permitiu o desenvolvimento de uma tecnologia educacional que estimula a resolução de conflitos de forma pacífica e dialógica. Com isso, os professores, ao utilizarem o recurso, poderão se sentir mais preparados para o desenvolvimento das competências gerais para a educação básica, e para fazer o acolhimento necessário a crianças e adolescentes trans, a fim de que tenham sua identidade reconhecida, respeitada e valorizada.

A cartilha é um recurso auxiliar na capacitação de professores, podendo ser empregada de forma autônoma ou mediada, em ações de educação permanente por profissionais da educação, ou em ações de educação em saúde por enfermeiros escolares ou profissionais que atuem na atenção primária por meio do Programa de Saúde na Escola, a fim de promover esclarecimento para o desenvolvimento de atitudes que visem à proteção de crianças e adolescentes trans e prevenção do bullying transfóbico. Destaca-se, ainda, a possibilidade de uso da cartilha educacional no meio acadêmico para contribuir na formação de novos profissionais, bem como em atividades de extensão no contexto escolar.

Sugere-se, contudo, a avaliação semântica da cartilha com professores de outras etapas da educação básica, e de outras realidades, como é o caso de escolas privadas e escolas prisionais, além da realização de estudos experimentais com a aplicação da cartilha em questão, para verificar seu efeito com os professores e comparação com outros recursos pedagógicos.

AGRADECIMENTO

Aos profissionais especialistas e aos professores do Ensino Fundamental II que contribuíram com a validação de conteúdo e avaliação semântica da cartilha educacional, respectivamente.

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NOTAS

  • ORIGEM DO ARTIGO

    Extraído da tese - Cartilha educacional sobre bullying transfóbico no preconceito à diversidade de gênero de professores do Ensino Fundamental II, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade Federal de Pernambuco, em 2023
  • APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

    Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco, parecer n. 6.155.886/2023, Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 41092620.5.0000.5208

Editado por

EDITORES

Editores Associados: Luciara Fabiane Sebold, Maria Lígia Bellaguarda. Editor-chefe: Elisiane Lorenzini

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Maio 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    13 Jul 2023
  • Aceito
    17 Out 2023
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