RESUMO
Este artigo se propõe discutir a constituição de comunidades de leitores, a partir de concepções advindas do Círculo de Bakhtin sobre linguagem, forças centrífugas e centrípetas; de Canclini sobre cultura/coleção; de reflexões de autores contemporâneos sobre juventudes e cultura juvenil e de Chartier sobre leitura. Interessa-nos problematizar como se constituem essas comunidades e como se dão as práticas leitoras em torno de obras que se colocam fora do cânone e da “boa leitura”. Investigamos, em uma pesquisamaior, como esses jovens se organizam em comunidades de leitores para a produção e para o compartilhamento de saberes e de experiências.
PALAVRAS-CHAVE: Comunidades de leitores; Cultura juvenil; Leitura; Forças centrípetas e centrífugas
ABSTRACT
This article aims to discuss the constitution of communities of readers based on the Bakhtin Circle’s conceptions of language, centrifugal and centripetal forces; Canclini’s understanding of culture/collection; contemporary authors’s reflections on youths and youth culture, and Chartier’s reflection on reading. It interests us to problematize how these communities are constituted and how the reading practices occur as they are related to works that are placed outside the canon and are not considered “good reading”. As part of a broader research study, we investigated how these youths are organized in communities of readers for the production and sharing of knowledge and experience.
KEYWORDS: Communities of readers; Youth culture; Reading; Centripetal and centrifugal forces
Cada leitor, para cada uma de suas leituras, em cada circunstância, é singular. Mas esta singularidade é ela própria atravessada por aquilo que faz que este leitor seja semelhante a todos aqueles que pertencem à mesma comunidade. Roger Chartier
Todas as culturas são de fronteira. Todas as artes se desenvolvem em relação com outras artes: o artesanato migra do campo para a cidade; os filmes, os vídeos e canções que narram acontecimentos de um povo são intercambiados com outros. Assim as culturas perdem a relação exclusiva com seu território, mas ganham em comunicação e conhecimento. Nestor Canclini
É inegável que práticas de leitura se gestam em espaços e tempos à margem da instituição escolar. Também é inegável que essas práticas de leitura dão visibilidade a trajetórias de leitura que nem sempre têm como centralidade a coleção que a escola, historicamente, apresenta/defende como patrimônio a ser incorporado pelos jovens em seu processo de formação. Nessa perspectiva, interessa-nos problematizar a constituição de comunidades de leitores que se organizam em torno de sagas ou de livros em série1. Fora do cânone e à revelia do “bom conselho”, que somente nos move para o que é considerada a “boa leitura” ou a literatura a ser lida por todos em todos os tempos, os leitores constroem práticas leitoras que desafiam perspectivas reducionistas do que seja ler ou do que seja leitura. Assim, outras coleções são acessadas por esses jovens: sagas, livros em série, séries para a televisão e games passam a alimentar, também, o desejo por ler, mesmo que, muitas vezes, sejam desvalorizadas no processo de formação do leitor.
Focamos, então, os movimentos centrífugos de leitores de sagas, de livros em série que se colocam fora do canônico e do discurso movido por forças centrípetas que tentam conter a “dispersão”, “a subversão”, a “rebeldia” daqueles que se orientam para uma literatura considerada de “entretenimento”, “best seller”, de “massa” ou “andaime” para leituras mais complexas e de maior investimento qualitativo/literário. Sobre as bases teóricas que ancoram nossas reflexões tratamos nas seções que se seguem.
1 Forças centrípetas e centrífugas ou de quando se mobilizam gestos de resistência
Ao tratar da estilística e do romance, Bakhtin (2015) faz menção às forças que atuam na formação verboideológica de certos grupos sociais. Nomeadas de forças da unificação e da centralização do mundo verboideológico, as forças centrípetas opõem-se ao heterodiscurso do mundo da vida2. Assim, essas forças de contenção, de centralização em defesa de uma língua única que atuam
[...] enquanto força que supera esse heterodiscurso, que lhe impõe certos limites, que assegura certo maximum de compreensão mútua e se cristaliza na unidade real, embora relativa, da linguagem falada (do dia a dia) com a linguagem literária, com a “linguagem correta”. (2015, p.40).
Essa língua única e comum é um sistema composto de normas linguísticas. Confrontando essa visão, Bakhtin faz opção por uma visão de língua não como um sistema de categorias gramaticais abstratas, mas como língua ideologicamente preenchida, língua enquanto cosmovisão e “[…] até como uma opinião concreta que assegura um maximum de compreensão mútua em todos os campos da vida ideológica.” (2015, p.40. Grifos do autor). Por isso, a língua única deixa visível “[…] as forças de unificação verboideológica concreta e da centralização que ocorre numa relação indissolúvel com os processos de centralização sociopolítica e cultural” (BAKHTIN, 2015, p.40).
Nesse sentido, fica evidente que as forças de contenção e de unificação não se restringem ao sistema da língua, pois os discursos são matrizes e nutrizes dos processos de centralização sociopolítica e cultural. As tentativas de centralização discursiva que redundam no social e no cultural, necessária e dialogicamente, convivem com as forças centrífugas, aquelas da dispersão que corroem esses esforços de unificação e de centralização. Ademais, o riso e a carnavalização são os mais potentes agentes nesse/desse movimento corrosivo.
Na arena de luta das práticas discursivas, batalham os discursos veiculadores de verdades absolutas (as forças centrípetas) que tentam impor uma centralização verboideológica que procura conter o heterodiscurso, as vozes dissonantes (as forças centrífugas). Da luta entre essas forças, no processo dialógico, podem surgir o acordo, a adesão, o complemento mútuo, a fusão ou, ao contrário, a divergência, o desacordo, o embate, o questionamento, a recusa, como bem pontua Faraco (2009). Tal embate é marcadamente tenso, pois
Fica claro, então, que o Círculo de Bakhtin entende as relações dialógicas como espaços de tensão entre enunciados. Estes, portanto, não apenas coexistem, mas se tensionam nas relações dialógicas. Mesmo a responsividade caracterizada pela adesão incondicional ao dizer de outrem se faz no ponto de tensão deste dizer com outros dizeres (vozes sociais): aceitar incondicionalmente um enunciado (e sua respectiva voz social) é também implicitamente (ou mesmo explicitamente) recusar outros enunciados (outras vozes sociais) que podem se opor dialogicamente a ela (FARACO, 2009, p.69).
Bakhtin (2015) afirma, então, que qualquer enunciado é uma unidade contraditória e tensa de duas tendências opostas da vida verbal: as forças centrípetas (aquelas que tentam conter a dispersão, a heterogeneidade, o heterodiscurso) e as forças centrífugas (a ironia, a polêmica de qualquer espécie, a hibridização ou a reavaliação, a sobreposição de vozes).
Com essa perspectiva sobre a dinâmica dialógica da/nas práticas discursivas, entendemos que as comunidades de leitores confrontam discursos cristalizados e monologizantes sobre as práticas de leitura que devem se assentar em um canône, em uma coleção socialmente valorizada como sendo “a boa literatura”. Sobre a concepção de coleção e do ato de descolecionar, tratamos na seção que segue.
2 A leitura como ato de descolecionar
Nossa reflexão se volta para os gestos de leitura dos jovens em comunidades de leitores, opondo-se ao canônico e às verdades absolutizadas sobre o que é a boa leitura, que põem em evidência forças centrífugas que desestabilizam um status de leitor, de leitura, de literatura. Esses jovens constroem trajetórias de leitura que dão visibilidade a novas coleções que, nem sempre, são valoradas positivamente. Esses leitores convivem com avaliações que colocam seus objetos de interesse na cota da literatura de péssima qualidade, de subliteratura, de cultura de massa ou de qualquer outra expressão desqualificadora. Com o objetivo de compreender esses movimentos centrífugos promovidos por outras práticas de leitura, ancoramo-nos nas reflexões de Canclini (2013, p.302) sobre as concepções de coleção e do ato de “descolecionar”:
A formação de coleções especializadas de arte culta e folclore foi na Europa moderna, e mais tarde na América Latina, um dispositivo para organizar os bens simbólicos em grupos separados e hierarquizados. Aos que eram cultos pertenciam certo tipo de quadros, de músicas e de livros, mesmo que não os tivessem em sua casa, mesmo que fosse mediante o acesso a museus, salas de concerto e bibliotecas. Conhecer sua organização já era uma forma de possuí-los, que distinguia daqueles que não sabiam relacionar-se com ela.
Como afirma o autor, foi com base nessas coleções (alojadas em museus e bibliotecas) que a história da arte e da literatura se formou. No entanto, essas coleções e a sua agonia, como nomeia Canclini (2013) a crise que as obras canônicas enfrentam para manter o seu lugar e reconhecimento social, na contemporaneidade, é o sintoma mais evidente de como se esgarçam as classificações que distinguiam o culto do popular e ambos do massivo. Assim, os limites fixos, monologizantes entre os grupos nas culturas já não são tão estáveis e engessados, pois
As culturas já não se agrupam em grupos fixos e estáveis e portanto desaparece a possibilidade de ser culto conhecendo o repertório das "grandes obras", ou ser popular porque se domina o sentido dos objetos e mensagens produzidos por uma comunidade mais ou menos fechada (uma etnia, um bairro, uma classe). Agora essas coleções renovam sua composição e sua hierarquia com as modas, entrecruzam-se o tempo todo, e, ainda por cima, cada usuário pode fazer sua própria coleção. As tecnologias de reprodução permitem a cada um montar em sua casa um repertório de discos e fitas que combinam o culto com o popular, incluindo aqueles que já fazem isso na estrutura das obras: Piazzola, que mistura o tango com o jazz e a música clássica; Caetano Veloso e Chico Buarque, que se apropriam ao mesmo tempo da experimentação dos poetas concretos, das tradições afro-brasileiras e da experimentação musical pós-weberiana. Proliferam, além disso, os dispositivos de reprodução que não podemos definir como cultos ou populares. Neles se perdem as coleções, desestruturam-se as imagens e os contextos, as referências semânticas e históricas que amarravam seus sentidos (CANCLINI, 2013, p.304).
A longa citação das reflexões de Canclini se justifica pela clareza com que ele nos apresenta um processo dialógico que se dá nas culturas a partir da concepção de coleção e da ideia de descolecionar como algo constitutivo de diferentes práticas culturais. Longe de se constituir em algo nocivo, o autor vê esse processo de construção de outras coleções como um ato de relativizar qualquer tipo de fundamentalismo:
Efetivamente, não há razões para lamentar a decomposição das coleções rígidas que, ao separar o culto, o popular e o massivo, promoviam as desigualdades. Também não acreditamos que haja perspectivas de restaurar essa ordem clássica da modernidade. Vemos nos cruzamentos irreverentes ocasiões de relativizar os fundamentalismos religiosos, políticos, nacionais, étnicos, artísticos, que absolutizam certos patrimônios e discriminam os demais (CANCLINI, 2013, p.307).
Canclini, ao assim valorar os “cruzamentos irreverentes”, o ato de descolecionar esses grupos fixos e estáveis nas culturas, permite-nos uma compreensão mais generosa a respeito de práticas leitoras que se dão à revelia da escola, da família ou de qualquer outra instituição que, historicamente, tem sido responsável pela formação do “bom leitor”. À revelia de qualquer discurso monologizante sobre o valor dessas obras, esses jovens estão lendo sagas ou livros em série tais como Harry Potter, Percy Jackson, Games of Thrones, Divergente, Jogos Vorazes, como também, produzindo fanfics, construindo sites de divulgação, promovendo gincanas, encenando peças ou esquetes cujo motor são personagens e enredos constitutivos dessas obras. Portanto, a leitura, no cronotopo dessas comunidades de leitores, dá-se como um ato de descolecionar, de construir uma outra série, uma outra coleção em oposição ao que é socialmente valorizado como literatura.
Assim, identificar a leitura aos bons livros de literatura, o leitor ao leitor do texto literário canônico é negar a existência de leitores diversos, de escolhas singulares de textos (impressos ou virtuais) e as diferentes formas de ler na atualidade. Reportando-nos a jovens de outras épocas também eles estavam se insurgindo contra uma coleção escolar, familiar ou socialmente valorizada e indo a bancas para ter acesso ao que se denominou “romances de bancas” tais como Júlia, Sabrina, Bianca ou lendo às escondidas as censuradas Adelaide Carraro ou Cassandra Rios. Essas obras formaram leitoras/leitores e também eles, tais quais os jovens desta contemporaneidade, também eram considerados não leitores ou leitores de péssimo gosto. De igual modo, aqueles que eram leitores de quadrinhos também enfrentavam a mesma avaliação social, uma vez que suas escolhas eram julgadas com as lentes do cânonico, da tradição literária. Ademais, para uma melhor compreensão de tais práticas, necessário se faz uma concepção desse sujeito nomeado “jovem” ou do que seria uma cultura juvenil. Sobre tais concepções nos reportamos na próxima seção.
3 Vozes sobre juventudes e cultura juvenil
Sobre a condição de ser jovem, Canevacci (2005) pontua que as juventudes estão imersas em um contexto complexo das tecnologias da informação e da comunicação, como também da inescapável cultura do consumo. Essas juventudes, assim, constroem repertórios, trajetórias móveis, desordenadas e de múltiplas faces confrontando, dialogicamente, possibilidades de enquadramentos conceituais. Dessa forma, o consumo, a comunicação midiática, a hibridização e a convergência das culturas, a fragmentação dos sujeitos dão visibilidade a experiências de ser jovem que desafiam instituições, saberes, normas e prescrições. Ainda sobre ser jovem, Dayrell (2003) argumenta que nos enredamos, cotidianamente, em representações de juventude ancoradas no ideário social de que essa é um estado transitório em que o jovem é um sujeito que ainda vai ser alguém, é um vir a ser. Com isso, perde-se a possibilidade de olhá-lo no presente, como sujeito que está sendo no aqui e agora. Na mesma direção, também se vê a juventude como fase de problemas e de conflitos e, a partir dessa visão, atribuímos aos jovens padrões de comportamentos considerados problemáticos, tais como: afastamento da família; negação da escola; rebeldia sem causa ou justificativa; irresponsabilidade; imaturidade danosa. Problematizar tais representações pode viabilizar uma compreensão mais clara sobre os modos como os jovens constroem suas experiências. No caso em foco, neste artigo, suas experiências de leitura. Faz-se necessário, então, compreender que a condição juvenil ou os sentidos que atribuímos a esse ciclo da vida são construídos sócio-historicamente e que devemos considerar, para tanto, as diferenças sociais, de classe, de gênero, de etnia, de cultura, de pertencimento.
Para Dayrell (2009), as culturas juvenis são expressões simbólicas da condição juvenil. Portanto, constituem-se e se manifestam na diversidade, ganhando visibilidade por meio de diferentes estilos, cujos corpos e aparências são algumas de suas marcas distintivas. Assim, as culturas juvenis dão margem à construção de práticas, de relações e de símbolos por meio dos quais os jovens criam espaços singulares e próprios que ampliam circuitos e redes que propiciam a inserção na esfera pública. O autor explicita, ainda, que a sociabilidade, aliada às expressões culturais, é outra dimensão da condição juvenil. Outras sociabilidades frente ao mundo adulto são construídas e criam outras relações no plano subjetivo/coletivo. Ser jovem, nessa perspectiva, não é somente uma condição social, política, econômica ou cultural:
A juventude é uma categoria socialmente construída, formulada no contexto de particulares circunstâncias econômicas, sociais ou políticas; uma categoria sujeita, pois, a modificar-se ao longo do tempo (PAIS, 2003, p.37).
Sendo assim, não temos como comparar ou esperar que os jovens de hoje sejam semelhantes aos jovens dos anos 60, 70, 80 ou 90. Se nos orientarmos por uma perspectiva histórica de linguagem e de sujeito, enquanto indivíduo construído/constituído nas diferentes interações, precisamos compreender que a juventude é uma categoria construída culturalmente e não uma essência. Mas o que se impacta com essa visão plural dos sujeitos é o ato de homogeneizar o que é necessariamente hetero/múltiplo/plural: os sujeitos em sua eventicidade.
Nesse sentido, pensamos as juventudes e não em uma essência de juventude ou de ser jovem. Tais juventudes constroem práticas culturais, também elas marcadas pela diferença, pela singularidade, conforme Pais esclarece:
Que os jovens não participam no mesmo tipo de práticas sociais e culturais; que as vivem de forma diferente; que diferentes práticas de lazer estão na base de diferentes culturas juvenis [...]; que essas práticas sociais e culturais - embora consagrando e legitimando diferenciações intrageracionais - também consagram e legitimam diferenciações intergeracionais; enfim, que a socialização dos jovens, no domínio do lazer, origina diferentes culturas juvenis (2003, p.226-227).
A leitura em comunidades de leitores possibilita enxergar essas singularidades. Essa forma de sociabilidade engendra-se com espaços de lazer que, segundo Carrano, são responsáveis pela formação de subjetividades e de valores, uma vez que
Os fenômenos relacionados com as atividades de lazer estão no centro dos processos de formação da subjetividade e dos valores sociais nas sociedades contemporâneas. Para os jovens, especialmente, as atividades de lazer se constituem num espaço/tempo privilegiado de elaboração da identidade pessoal e coletiva (CARRANO, 2003, p.138).
Tal afirmação nos permite concluir que esses espaços de lazer, quase sempre vistos como espaços de rebeldia, de ociosidade, de baixa produtividade, são cronotopos3 que alimentam/nutrem as culturas juvenis muito mais do que os espaços consolidados socialmente como responsáveis pela construção das identidades juvenis: escola, família, instituição religiosa. Além disso, “num aparente ‘não fazer nada’, os jovens acabam por desenvolver formas genuínas de participação social, através da efectiva adesão a determinadas actividades e da construção de fachadas reforçativas da coesão de grupo”. (PAIS, 2003, p.115, grifos do autor.).
Nesse cronotopo da comunidade de leitores, os jovens se revelam enquanto sujeitos que seguem as normas por eles mesmos instituídas com a finalidade de manter o funcionamento, a sociabilidade que se engendra em regras que revozeiam instruções que encontramos no mundo da vida, nas mais diversas esferas.
Nesses espaços de lazer, contrariamente ao que se pensa sobre “o não fazer nada” ou sobre sua improdutividade, os jovens constroem espaços de sociabilidade que conjugam a leitura, a produção (fanfics), a participação em jogos (RPG e outros), a encenação de peças ou esquetes, a construção de sites, enfim, redes de convivência e de divulgação que se assemelham ao que Pais denomina de grupos de amigos:
Os grupos de amigos são exemplo destas redes grupais, ao assegurarem uma certa identificação entre os vários elementos que os constituem (têm gostos semelhantes musicais, literários, etc.) e ao funcionarem como contextos coerentes de estruturação dos tempos quotidianos dos jovens que os integram e das atividades que praticam de forma compartilhada. De facto, para a generalidade dos jovens, os amigos de grupo constituem o espelho da sua própria identidade, um meio através do qual fixam similitudes e diferenças em relação a outros (2003, p.114-115).
Tais reflexões sobre juventudes (no plural, pois não há uma juventude, mas várias e singulares), ser jovem e cultura juvenil ancoram nossa pesquisa sobre as práticas de leitura em comunidades de leitores, pois pensar como esse jovem leitor se comporta frente às obras, como constroi sociabilidades, a partir de uma relação amorosa com esses textos, implica compreender que jovem é esse e em quais espaços/tempos ele circula.
Respondendo a essa visão de juventudes, nossa perspectiva de leitura se alinha com uma visão que a concebe como compreensão responsiva ativa (BAKHTIN, 2003) de um sujeito singular, histórico, construído nas interações e na relação com outro/outros. Assim sendo, concordamos com Chartier quando afirma:
É preciso considerar também que a leitura é sempre uma prática encarnada em gestos, espaços, hábitos. Longe de uma fenomenologia da leitura que apague todas as modalidades concretas do ato de ler e o caracterize por seus efeitos, postulados como universais, uma história das maneiras de ler deve identificar as disposições específicas que distinguem as comunidades de leitores e as tradições de leitura. O procedimento supõe o reconhecimento de diversas séries de contrastes. De início, entre as competências de leitura (1991, p.178).
Desconsiderar tais aspectos pode redundar numa apreciação aligeirada e, por que não dizer, também preconceituosa, sobre os modos, os gestos, as escolhas, os hábitos, os espaços/tempos de leitura desses jovens em suas comunidades. Cada comunidade de leitores desenvolve práticas e gestos de leitura que são singulares e diferenciadas, conforme Chartier (1991, p.179).
Contrastes igualmente entre normas de leitura que definem, para cada comunidade de leitores, usos do livro, modos de ler, procedimentos de interpretação. Contrastes, enfim, entre as expectativas e os interesses extremamente diversos que os diferentes grupos de leitores investem na prática de ler. De tais determinações, que regulam as práticas, dependem as maneiras pelas quais os textos podem ser lidos, e lidos diferentemente pelos leitores que não dispõem dos mesmos utensílios intelectuais e que não entretêm uma mesma relação com o escrito.
Pensando ainda com Chartier (1991, p.181), procuramos atentar para “[…] as redes de prática que organizam os modos, histórica e socialmente diferençados, da relação com os textos. A leitura não é somente uma operação abstrata de intelecção: é por em jogo o corpo, é inscrição num espaço, relação consigo ou com o outro.” Uma pesquisa com leitura não pode se limitar apenas ao que se considera “bom” ou “adequado”, mas deve considerar os modos de ler, os processos, as trajetórias, as escolhas dos sujeitos em diferentes práticas leitoras. Chartier (1991, p.151) adverte que:
A leitura [...] é uma das práticas constitutivas da intimidade individual, remetendo o leitor a si mesmo, a seus pensamentos ou a suas emoções, na solidão e no recolhimento. Mas também está no centro da vida dos ‘grupos de convivialidade’.
Assumindo-se tal visão sobre as práticas leitoras e as trajetórias dos jovens, podemos confrontar dados apresentados em pesquisa com um senso comum que culpabiliza ou nega a leitura realizada por esses sujeitos. Na pesquisa “Retratos da leitura no Brasil”, fica evidente o aumento dos livros lidos por iniciativa própria em relação aos indicados pela escola, mesmo entre os estudantes. Tal fato se constata na tabela apresentada a seguir.
Esses índices evidenciam que há leitores, uma vez que se visualiza a frequência dessa leitura (hoje ou ontem), como também o aumento significativo do interesse pessoal ou o gosto para a leitura como determinante para a trajetória da leitura. Tais números tensionam responsivamente discursos do senso comum de que não há leitores no Brasil ou de que a escola é a única fomentadora das práticas leitoras, restando pouco ao leitor para traçar sua história de leitor. A mesma pesquisa também nos informa sobre o gosto por livros que nem sempre se enquadra no gosto ideal por aquela que é considerada a “boa literatura”. Os títulos incluem a bíblia, autoajuda, romances que se enquadram no gênero “young adult”, bestseller, sagas, livros religiosos, ou seja, os leitores leem, à revelia do cânone, outros livros que, quase sempre, são considerados baixa literatura ou literatura de entretenimento sem nenhum valor formativo ou desencadeador do gosto literário mais refinado. Com essa perspectiva, não estamos discutindo o lugar da literatura socialmente valorizada ou o seu valor na formação estética do sujeito; ao contrário, estamos problematizando os caminhos, as escolhas ou o gosto do leitor que o leva a uma história de prática leitora que também deve ser valorada e respeitada. Vejamos os dados apresentados a seguir.
Vale, ainda, ressaltar a função das comunidades de leitores existentes em Natal-RN (Percy Jackson, Divergente, Harry Potter), onde desenvolvemos pesquisa, na formação de leitores e na criação de um espaço de sociabilidade por esses jovens. Os modos de leitura, as identidades ali construídas/constituídas, a trajetória de leitura (que os leva para o cinema, o game ou o contrário disso), a relação desses jovens com a literatura socialmente valorizada (ou cânone) precisam ganhar visibilidade a fim de que possamos compreender tais trajetórias de leitura. Temos clareza, também, que uma cultura de fãs, ou “colonizadores pioneiros”, como denomina Jenkis (2006), traz em sua constituição não apenas o desejo de compartilhar os mesmos desejos, anseios, gostos, preferências, mas as polêmicas, as disputas, o jogo de poder que, igualmente, se dá na interação verbal, como bem sinaliza Volochinov (2017), ao conceber o uso da língua/linguagem como uma arena de lutas.
Enfim, propomo-nos a compreender essas práticas leitoras que se dão fora dos muros da escola e que, muitas vezes, são desconsideradas, desvalorizadas ou tornadas invisíveis por professores ou pela família desses jovens leitores em nome do que é valorizado como leitura, como livro, como “boa” prática de ler. Tal valoração não permite enxergar que essas práticas à margem formam leitores encantados e seduzidos por livros, sagas, séries que os juntam, amorosamente, em torno delas para produzirem novos sentidos, novas práticas e outras sociabilidades. Sobre a comunidade de leitores CHB, em atividade na Cidade de Natal, dedicamos a próxima seção.
4 Camp half blood: uma comunidade em foco
A comunidade agrega “tribos” que cultuam, por exemplo, o cinema, os mangás, a literatura dita ‘de massa’, como também, a literatura eleita como clássica. Nesse sentido, a comunidade age como uma força centrífuga ao impactar e tensionar os “hábitos” de leitura que têm como objetos a literatura socialmente valorizada. Para alguns preocupados em formar o leitor da literatura esteticamente complexa, dos sempre indicados “clássicos” ou como se queira nomear os títulos do cânone, os leitores dessa literatura se enquadrariam no que se denomina “leitor mediano”. Segundo Colomer (2014, s/p), esse leitor tem práticas que assim ela avalia:
O que geralmente ocorre, principalmente nos anos finais do Ensino Fundamental, é que eles acabam se viciando em determinados gêneros e acabarem virando colecionadores. Quando as possibilidades de leitura se esgotam, não sabem o que fazer, desconhecem outras opções. Precisamos, então, observar de que tipo de obra gostam e ampliar o universo leitor deles, relacionando os títulos que já leem a outros, mais desafiadores e mais elaborados, porém, que preservam alguma semelhança com o que já é apreciado. Lembremos de que são leitores medianos, podem se sentir desestimulados diante de uma leitura complexa, por exemplo.
A apreciação da pesquisadora espanhola deixa evidente um ponto de vista marcadamente negativo em relação às práticas de leitura juvenil. As escolhas lexicais por “se viciando em certos gêneros”; “virando colecionadores” valoram de forma preconceituosa o que é prática corrente nessas comunidades por esses jovens leitores que leem muito, conhecem suas obras preferidas de forma extremamente minuciosa e sistemática, como também se constituem como colecionadores e, em sendo assim, tais práticas não desmecerem em nada sua formação como leitor. O fato de lerem uma saga com mais de 3 ou até mais de 5 volumes e ficarem à espera do próximo lançamento revela o amor ao livro, à leitura e o fato de se considerarem leitores, comentadores, produtores de sentido para universos complexos e desafiadores.
Esses leitores precisam ser respeitados em suas escolhas que não podem ser consideradas “vício”ou compulsão de “colecionador”. O amor e o desejo por livros, fora do cânone, desses jovens e a construção de outra trajetória leitora não devem ser considerados meros “andaimes” para uma literatura “mais desafiadora” e mais “elaborada”. A leitura juvenil como ato de descolecionar tensiona, justamente, essa visão que reduz a leitura a uma só coleção que alguém considera a melhor, a mais complexa, a mais elaborada e que, quase sempre, é composta pelos “clássicos” que, em algum momento, foram avaliados como sendo a leitura adequada, boa, melhor e que deveria ser praticada por todo aquele que desejasse se enquadrar no padrão de “bom leitor”.
No entanto, os jovens se encontram nessa comunidade e compartilham experiências e saberes sobre uma literatura que, para esses sujeitos, tem sua complexidade, seu acabamento estético que merece ser discutido, problematizado em encontros onde acontecem atividades que põem à prova habilidades e conhecimentos a respeito dos saberes comuns aos seus membros. Jogos, danças, simulação de arenas, declarações amorosas, partilhas literárias. Sobre o nome da comunidade, os administradores esclareceram que advém do acampamento homônimo, descrito, já, no primeiro volume da série, Percy Jackson e os Olimpianos, na obra de Rick Riordan.
O CHB é administrado por membros indicados pelos chalés; podem ser até sete administradores. O número de chalés corresponde ao número que houver de deuses, ou pares de deuses (as divindades menores, por exemplo) “cultuados” pelo grupo; cada chalé é liderado por um conselheiro que tem responsabilidade sobre a equipe; junto aos administradores, os conselheiros têm influência e poder de voto, no que diz respeito às decisões para os encontros. Os membros são chamados de campistas e são inseridos nos chalés mediante solicitação desses. Geralmente, as escolhas aconteciam após testes realizados pelos membros, via internet, para saberem de quem eram “filhos”, o que não os impedia de refazerem o teste. Esses, que não se decidem, que não se identificam com um dos Deuses, que não se sentem aceitos pelos irmãos semideuses, andam de chalé em chalé e são denominados ‘enxeridos’, ‘clandestinos’, ‘adotados’, entre outros termos.
As regras para a convivência deixam claro que os jovens constroem sociabilidades a partir do que vivem no mundo da vida: as regras evidenciam, principalmente, a necessidade de respeitar a opinião alheia e o exercício de uma liberdade que pressupõe o respeito às diferenças. Eis como eles mesmos constroem suas regras de sociabilidades e onde um olhar mais superficial veria apenas o caos ou jovens reunidos sem uma “ordem” que os mantivesse em interação:
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Não é permitida em hipótese alguma a agressão, física, verbal ou psicológica aos integrantes do CHB, contrariar essa regra pode lhe proporcionar advertência, ou exílio, dependendo da gravidade da situação.
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Brincadeiras feitas fora dos encontros do CHB RN ou Chalés agregados ao mesmo não são do interesse dos outros integrantes do grupo, portanto sugerimos que não postem coisas como brincadeiras de “Verdade ou Consequência”, sua vida pessoal, etc.
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É indiscutivelmente proibida a utilização de locais sagrados de qualquer religião como ponto de encontro de qualquer filiado ao CHB RN.
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Não serão toleradas ofensas contra gostos musicais, religiões, esportes ou qualquer que seja o tema fora do universo de Rick Riordan..
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O grupo é exclusivo para quem tem interesse no universo mitológico de Rick Riordan, se você está para outros meios e não tem um mínimo interesse em Percy Jackson ou qualquer saga do autor, seu lugar não é aqui.
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Não é permitido adicionar pessoas de outro estado ou país no CHB RN sem a permissão da Administração, seja no facebook ou nos grupos dos Chalés no Whatsapp.
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Deverá ter pelo menos um ADM no grupo do Chalé, qualquer Chalé, no aplicativo Whatsapp. Este também terá a ADM do grupo para auxílio.
Tais regras deixam evidente que para a convivência entre os integrantes dos chalés dessa comunidade necessário se faz obedecer a um conjunto de normas que buscam conter o abuso, o confronto, o desrespeito para com o outro. As regras são “duras” e legitimam um espaço exclusivo “O grupo é exclusivo para quem tem interesse no universo mitológico de Rick Riordan” cuja participação exige permissão dada pela administração.
Paradoxalmente, os jovens, que buscam libertar-se de regras ou de normas que contenham sua liberdade, elaboram um conjunto de normas que regulam, determinam comportamentos e que venham a assegurar a existência da comunidade. O que tornam essas regras legítimas? Talvez o fato de que foram construídas por eles mesmos e nelas eles se reconheçam como sujeitos de seus destinos, de suas regras, de seu modo de estar no mundo.
Ratificando o que discutimos sobre juventudes e cultura juvenil, a construção de outros espaços de sociabilidade implica, necessariamente, a construção de acordos para que a interação se concretize em práticas outras que revelam uma identidade do grupo, da convivência que são legitimadas porque lhes são responsivas e definidoras da identidade do grupo, da comunidade. No conjunto das regras, dá-se o embate dialógico entre as forças centrífugas (as práticas leitoras e a construção da comunidade, de outros espaços de leitura) e as forças centrípetas (aquelas que regulam, normatizam, impõem modos de conduta). Tal embate somente confirma que a comunidade se realiza no mundo da vida e que este se move na dialogicidade e na luta encarniçada entre essas forças.
Considerações finais
Neste artigo, refletimos sobre trajetórias de leitura de jovens em comunidades de leitores. Para tanto, ancoramos nossas reflexões em concepções atuais sobre cultura juvenil, sobre comunidades de leitores e as forças centrífugas e centrípetas e de como nos embates culturais, os sujeitos constroem suas próprias coleções à revelia das instituições responsáveis pela formação do leitor. Portanto, defendemos o ponto de vista de que pensar a leitura e a formação de leitor juvenil demanda refletir sobre juventudes, sobre cultura juvenil e a constituição de outras coleções na contemporaneidade e que a leitura também implica, também, descolecionar, construir outras coleções que revelam a trajetória, a historicidade do sujeito e de suas práticas leitoras.
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Declaração de autoria e responsabilidade pelo conteúdo publicado, Declaramos que ambas as autoras tiveram acesso ao corpus de pesquisa, participaram ativamente da discussão dos resultados e revisaram e aprovaram o processo de preparação da versão final do artigo.
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Pesquisa de Pós-doutorado, realizada na Unicamp, sob a supervisão da Profa. Dra. Roxane Rojo, com financiamento de bolsa de Pós-Doc Sênior da Capes, no âmbito do Projeto Procad-Casadinho UFRN-UFSC-UNICAMP.
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Entendemos o mundo da vida a partir das formulações de Bakhtin na obra “Para uma filosofia do ato responsável” (2012). Para o autor, o mundo da vida é o lugar/tempo onde o sujeito é um centro de valor que atua/responde, eticamente, pelos seus atos de linguagem. Nesse mundo da vida, o sujeito não tem álibi, pois seus atos concretos e singulares não podem ser replicados por nenhum outro sujeito. Atuar no mundo da vida é ser responsivo e responsável por atos concretos que impactam esse mundo.
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Bakhtin (2018, p.11) define o cronotopo como “a interligação fundamental das relações temporais e espaciais”. Ele afirma que o transporta da teoria da relatividade de Einstein como uma “quase metáfora”, pois nesse conceito é importante a indissolubilidade de espaço e de tempo (tempo como a quarta dimensão do espaço). Indissociáveis, os índices do tempo transparecem no espaço e o espaço reveste-se de sentido e é medido com o tempo.
REFERÊNCIAS
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
17 Abr 2020 -
Data do Fascículo
Apr-Jun 2020
Histórico
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Recebido
27 Maio 2019 -
Aceito
12 Dez 2019