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Sobre as novas formas de colonização em terapia ocupacional. Reflexões sobre Justiça Ocupacional na perspectiva de uma filosofia política crítica1 1 Este artigo corresponde ao texto completo do resumo apresentado no painel inaugural do X Congresso Argentino e Xlll Congresso Latino-Americano de Terapia Ocupacional, na cidade de Tucumán, Argentina, em setembro de 2019. ,2 2 A redação deste artigo assume a perspectiva dos direitos humanos e da diversidade sexual e de gênero estabelecida no Manual de Mobilização da Diversidade da Anistia Internacional, que indica que na redação de um texto “[...] a letra x é utilizada para propor uma linguagem, isso inclui todas as pessoas que se identificam com as várias expressões e identidades de gênero” (Amnistía Internacional, 2019, p. 3).

Resumo

Reflete, a partir de uma leitura da filosofia política crítica, a emergência de uma variedade de novos conceitos na terapia ocupacional do centro-norte. Nesta proliferação de uma nova gramática tecnocrática, a ideia de Justiça Ocupacional (JO) tem sido amplamente incidente nesse cenário, bem como noutros espaços da periferia do sistema global da profissão, particularmente na academia. Mantenho que a ideia de Justiça Ocupacional (JO) se tornou uma nova forma de colonização epistémica e cognitiva da profissão, que funciona sob pressupostos universalistas, essencialistas e liberais, típicos da moderna racionalidade eurocêntrica. Esta ideia de uma justiça única e homogénea, associada à noção de ocupação, permitiria à terapia ocupacional (TO) cumprir metodologicamente a sua tarefa profissional e disciplinar estruturada sob os pressupostos científicos e assim responder adequadamente às novas complexidades do seu fazer. No desenvolvimento do texto, a ideia de justiça é reconhecida como uma noção derivada da filosofia política. É feita uma distinção entre o que é justo e as teorias de justiça derivadas dessa definição neste campo filosófico, nos seus aspectos liberais e comunitários. Delimitada na ideia de Justiça Ocupacional e nas suas implicações coloniais, propõe-se uma ideia de Justiça baseada num critério ético-político crítico, não instrumental técnico, sustentada na ideia de um bom viver no plural, sob uma lógica pluricultural, de ordem anticapitalista, comunitária e que materializa uma expressão de direitos humanos situados, baseada no reconhecimento da diferença.

Palavras-chave:
Terapia Ocupacional; Política; Justiça Social; Colonialismo; América Latina

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