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Ciência Aberta: argumentos e desafios para sua legitimação científica

Open Science: arguments and challenges for scientific legitimization

Resumo:

A ciência aberta é representada como uma proposta de produção e circulação do conhecimento científico colaborativo, que busca compartilhar as pesquisas desenvolvidas permitindo o acesso de todos ao conhecimento produzido. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi identificar na literatura quais são os argumentos utilizados nas pesquisas para legitimar a ciência aberta, apresentando suas respectivas diretrizes de sustentação, e indicar os desafios enfrentados no processo. Para tanto, foi realizada uma revisão sistemática da literatura (teses, dissertações e artigos) nas plataformas BDTD e SciELO, analisando as publicações científicas que desenvolveram essa temática. Realizou-se uma análise de conteúdo nos documentos selecionados para classificar as diretivas argumentativas de validação utilizadas nos achados, sobre a prática da ciência aberta. Os resultados demonstram que a ciência aberta potencializa o desenvolvimento científico e social, revelando que a maioria dos estudos conduz as pesquisas baseando-se em diretrizes de cunho epistemológico e ético-legal-cultural. Quanto aos desafios mais latentes foi possível identificar a falta de regulamentações padronizadas para conduzir a utilização da ciência aberta e a necessidade de sua promoção e valorização. Deste modo, considera-se que a ciência é um ecossistema com capacidade de promover avanços científicos e sociais, apresentando benefícios valiosos para a produção científica, com desafios passíveis de serem superados.

Palavras-chave:
ciência aberta; legitimidade; desafios

Abstract:

Open science is represented as a proposal for the production and circulation of collaborative scientific knowledge, which seeks to share the research developed, allowing everyone access to the knowledge produced. Thus the objective of this study was to identify in the literature which arguments are used in research to legitimize open science, presenting their respective supporting guidelines, and indicating the challenges faced in the process. Therefore, a systematic review of the literature (theses, dissertations, and articles) was conducted on the BDTD and SciELO platforms, analyzing the scientific publications that developed this theme. A content analysis was performed on the selected documents to classify the argumentative validation directives used in the findings, regarding the practice of open science. The results demonstrate that open science enhances scientific and social development, revealing that the majority of studies conduct research based on epistemological and ethical-legal-cultural guidelines. Regarding the most latent challenges, it was possible to identify the lack of standardized regulations to guide the use of open science and the need for its promotion and valorization. Thus, it is considered that science is an ecosystem with the capacity to promote scientific and social advances, presenting valuable benefits for scientific production, with challenges that can be overcome.

Keywords:
open science; legitimacy; challenges

1 Introdução

A ciência aberta é um movimento que propõe aumentar a visibilidade, produtividade e circulação do conhecimento científico, por meio da promoção da cultura de compartilhamento, em busca da socialização do conhecimento (Albagli, 2017ALBAGLI, S. Ciência aberta como instrumento de democratização do saber. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 15, p. 659-660, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00093 Acesso em: 8 ago. 2023.
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). Impactando no processo da divulgação científica, redistribuição, reutilização e reprodutibilidade de dados de uma pesquisa (Pereira, 2022PEREIRA, D. R. M. Os impactos da ciência aberta na divulgação científica. Leitura: Teoria & Prática, Campinas, v. 40, n. 86, p. 69-86, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.34112/2317-0972a2022v40n86p69-86 . Acesso em: 15 ago. 2023.
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).

Assim, para compreender sua importância é preciso retomar a discussão sobre conhecimento científico, para que de fato se possa entender a extensão e impacto da ciência aberta, já que ela modifica o modo de fazer e comunicar os achados científicos (Inácio; Amante, 2021INÁCIO, A; AMANTE, M. J. Ciência aberta e novas (velhas) formas de fazer e comunicar ciência: ética, integridade e investigação responsável. Páginas a&b: arquivos e bibliotecas, Porto, s. 3, n. esp., p. 83-86, 2021. ). Esses achados, são a base do conhecimento científico, originado a partir do resultado de uma investigação científica, agindo como um instrumento, que permite interpretar ou descobrir determinada realidade por meio de métodos formais (Demo, 1995DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1995.).

O conhecido científico constituído permite estabelecer o conhecimento real dos fatos e elementos investigados, de forma momentânea e provisória, já que os seus fundamentos podem ser revistos e alterados (Bachelard, 1996BACHELARD, G. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.). Esse processo de descobertas científicas influencia no dia a dia de qualquer cidadão, pois permeia questões que envolvem todos elementos da natureza, como a saúde, eletricidade, tecnologia, entre tantos outros componentes que impactam na vida cotidiana (Reis, 2006REIS, P. Ciência e educação: que relação? Interacções, Santarém, v. 2, n. 3, p. 160-187, 2006. Disponível em:Disponível em:https://doi.org/10.25755/int.314 . Acesso em: 26 fev. 2021.
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).

Principalmente, considerando o fato de que o conhecimento, segundo Stehr (2000STEHR, N. Da desigualdade de classe à desigualdade de conhecimento. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 15, n. 42, p. 101-112, 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-69092000000100007 . Acesso em: 16 ago. 2023.
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), é um capacitador da ação. Então, quanto mais o conhecimento científico produzido for compartilhado com todas as pessoas, mais amplia-se sua capacidade de atuação (Fescham, 2002).

Em razão disso, é necessário que o conhecimento científico seja socializado para ampliar as possibilidades científicas e contribuir com a sociedade, que financia as pesquisas daqueles que fazem ciência (Chassot, 2003CHASSOT, A. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 22, p. 89-100, 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-24782003000100009 . Acesso em: 7 jan. 2021.
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). Desse modo, a ciência aberta representa uma prática de democratização do conhecimento, pois busca promover valores comportamentais como a colaboração, liberdade de pensamentos, inovação e igualdade de oportunidades (Inácio; Amante, 2021INÁCIO, A; AMANTE, M. J. Ciência aberta e novas (velhas) formas de fazer e comunicar ciência: ética, integridade e investigação responsável. Páginas a&b: arquivos e bibliotecas, Porto, s. 3, n. esp., p. 83-86, 2021. ).

Tornando-se relevante para a sociedade uma vez que busca promover o conhecimento científico e ampliar seu alcance, justificando este estudo uma vez que ele se propõe a contribuir para ampliar a discussão sobre a importância da ciência aberta, evidenciando sua colaboração social. Especialmente considerando o fato de que muitos professores e pesquisadores desconhecem o tema e, consequentemente, não desenvolvem suas pesquisas no formato colaborativo (Tomasi, 2021TOMASI, D. C. Percepções e práticas de publicações de pesquisadores da Escola de Engenharia da UFRGS no âmbito da ciência aberta. 2021. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2021 . ).

2 Ciência aberta e sua importância científica

A ciência é caracterizada por utilizar-se da lógica para sustentar os argumentos que busquem compreender a realidade momentânea, representando uma instrumentalização, de maneira que o pesquisador compreenda a realidade objetivamente por meio de teorias (Demo, 1995DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1995.). Assim, ela é entendida por Chassot (2003CHASSOT, A. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 22, p. 89-100, 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-24782003000100009 . Acesso em: 7 jan. 2021.
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) como sendo uma linguagem, que auxilia na descrição, compreensão e modificação da natureza e seus elementos.

Logo, para que a ciência promova transformações sociais é preciso possibilitar aos indivíduos sua compreensão, promovendo o entendimento de que ela faz parte do mundo, e que mesmo não possuindo verdades infinitas, é a partir de seus argumentos que o conhecimento científico evolui (Chassot, 2003CHASSOT, A. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 22, p. 89-100, 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-24782003000100009 . Acesso em: 7 jan. 2021.
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). Frente a isso, segundo o autor, é necessário que todos compreendam o conhecimento, seus procedimentos e valores para que percebam de fato sua utilidade social.

O valor do conhecimento científico reside no enfrentamento dos desafios impostos à sociedade, se validando por meio dos resultados de sua produção (Camargo Junior, 2012CAMARGO , JUNIOR K. R. A razão inconstante: ciência, saber e legitimação social. In: JACÓ-VILELA, A. M.; SATO, L. (org.). Diálogos em psicologia social. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2012. Cap. 1, p. 1-24.). Os quais legitimam a ciência, em virtude de que ela produz soluções aos problemas apresentados socialmente (Kuhn, 1998KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. 5 ed. São Paulo: Perspectiva, 1998.).

Durante o século XVIII surgiram as revistas científicas que revolucionaram a ciência, possibilitando ampliar a comunicação entre os cientistas e gerar conhecimento confiável, mediante a tecnologia (Silva; Silveira, 2019SILVA, F. C. C; SILVEIRA, L. O ecossistema da Ciência Aberta. Transinformação, Campinas, v. 31, p. 1-13, 2019. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/2318-0889201931e190001 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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). Um conhecimento, que segundo os autores, era patrocinado e visto com um ativo pelos capitalistas, passando a ser foco de interesse governamental lentamente, apesar de contribuir significativamente para evolução da sociedade.

Quando a produção científica passou a ser vista como uma contribuição importante para a economia, segundo Silva e Silveira (2019SILVA, F. C. C; SILVEIRA, L. O ecossistema da Ciência Aberta. Transinformação, Campinas, v. 31, p. 1-13, 2019. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/2318-0889201931e190001 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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), se percebeu que sem a ciência era impossível inovar ou evoluir, tornando-se primordial o acesso à informação. Desta maneira, para acompanhar seu avanço surgiram as tecnologias, como a internet, ferramentas de web, as plataformas, redes colaborativas e abertas, que ressignificam a comunicação científica rompendo com o formato único de divulgação (Silva; Silveira, 2019SILVA, F. C. C; SILVEIRA, L. O ecossistema da Ciência Aberta. Transinformação, Campinas, v. 31, p. 1-13, 2019. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/2318-0889201931e190001 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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).

Isto repercutiu na forma como a informação era tratada, deixando de ser vista como uma mercadoria para ser compreendida como um bem comum, de apropriação social (Albagli; Appel; Maciel, 2014ALBAGLI, S; APPEL, A. L.; MACIEL, M. L. E-Science: ciência aberta e o regime de informação em ciência e tecnologia. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 1-20, 2014. ). Neste sentido, a comunicação científica, antes restrita, acaba sendo disponibilizada a todos pesquisadores e à sociedade, contribuindo com o progresso científico já que sem as barreiras financeiras os resultados passaram a servir de base para o desenvolvimento de outras pesquisas (Gäal; Martins, 2022GÄAL, L. P. M.; MARTINS, M. Acesso aberto no contexto da pesquisa em Ciência da Informação. Transinformação, Campinas, v. 34, p. 1-12, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2318-0889202234e220016 . Acesso em: 28 nov. 2023.
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).

Deste processo de ruptura surge a ciência aberta, que se originou do embate existente em torno da apropriação do conhecimento científico, no qual de um lado existiam aqueles que buscavam compartilhar o conhecimento, por meio de novas práticas (Albagli, 2015ALBAGLI, S. Ciência Aberta em questão. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL CIÊNCIA ABERTA, QUESTÕES ABERTAS, 2014, Rio de Janeiro. Anais [...]. Brasília: IBICT, 2015.). E de outro, segundo a autora, estavam aqueles que defendiam os mecanismos de apropriação privada para a produção científica.

No entanto, este confronto representou a relação de poder, de caráter político e capitalista presente na sociedade contemporânea que não beneficia seus pesquisadores, mas sim as empresas (Albagli, 2015ALBAGLI, S. Ciência Aberta em questão. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL CIÊNCIA ABERTA, QUESTÕES ABERTAS, 2014, Rio de Janeiro. Anais [...]. Brasília: IBICT, 2015.). E, foi neste caminho que o modelo privativo começou a falhar, evidenciando que os pesquisadores não necessitavam mais comercializar sua produção para legitimá-la e garantir sua distribuição (Silva; Silveira, 2019SILVA, F. C. C; SILVEIRA, L. O ecossistema da Ciência Aberta. Transinformação, Campinas, v. 31, p. 1-13, 2019. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/2318-0889201931e190001 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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).

Com o advento da internet foi possível realizar a distribuição eletrônica da literatura produzida, removendo barreiras e permitindo o compartilhamento da informação de forma irrestrita e gratuita (Mendonça; Franco, 2021MENDONÇA, P. C. C; FRANCO, L. G. A ciência aberta e a área de educação em ciências: perspectivas e diálogos. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v. 23, p. 1-5, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1983-21172021230102 . Acesso em: 10 nov. 2021.
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). Uma transformação necessária para romper com a política editorial que controlava exclusivamente o uso das informações científicas e restringia o acesso ao conhecimento produzido (Santos, 2021SANTOS, T. R. Ciência aberta: a percepção dos docentes do IFMS frente aos novos desafios da ciência aberta. 2021. Dissertação (Mestrado) - Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, Porto, 2021 . ).

Quanto ao conceito da ciência aberta, segunda Albagli (2015ALBAGLI, S. Ciência Aberta em questão. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL CIÊNCIA ABERTA, QUESTÕES ABERTAS, 2014, Rio de Janeiro. Anais [...]. Brasília: IBICT, 2015., p. 2), ele é apresentado como um termo múltiplo, chamado pela autora de “guarda-chuva”, pois representa diversas interpretações. Dentre elas, a autora destaca a proposição de que é a ciência que promove o conhecimento público, representando um retorno dos investimentos realizados pela sociedade. Outra perspectiva utilizada é a de ser uma ciência colaborativa, promovedora de novas abordagens e práticas, como: “co-criação, e-science, crowdsourcing, co-inovação, inovação aberta” e termos como “polinização social, sociedade pólen, heterogeneidade de conhecimentos” (Albagli, 2015ALBAGLI, S. Ciência Aberta em questão. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL CIÊNCIA ABERTA, QUESTÕES ABERTAS, 2014, Rio de Janeiro. Anais [...]. Brasília: IBICT, 2015., p. 3 e 5).

A proposta é fruto das mudanças tecnológicas e socioculturais que objetivam potencializar o ciclo das pesquisas, além de contribuir com o enfrentamento dos desafios sociais (Vicente-Sáez; Martinez-Fuentes, 2018VICENTE-SÁEZ, R.; MARTINEZ-FUENTES, C. Open Science now: a systematic literature review for an integrated definition. Journal of Business Research, Amsterdam, v. 88, p. 428-436, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.12.043 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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). Já que por meio do compartilhamento de dados, segundo os autores, viabiliza-se maior engajamento para as pesquisas desenvolvidas, contribuindo para a construção de soluções aos problemas impostos à humanidade, como mudanças climáticas e emergências na saúde.

De acordo com Gouveia (2020GOUVEIA, F. C. Abrindo os dados de acesso e de ações em mídias sociais.In: Shintaku, M.; Sales, L; Costa, M. (org.). Tópicos sobre dados abertos para editores científicos. Botucatu: ABEC, 2020. ) as plataformas de acesso aberto permitem a visualização completa dos documentos científicos, como os artigos e dados, sem custos e de forma livre aos usuários. No entanto, Vicente-Sáez e Martinez-Fuentes (2018VICENTE-SÁEZ, R.; MARTINEZ-FUENTES, C. Open Science now: a systematic literature review for an integrated definition. Journal of Business Research, Amsterdam, v. 88, p. 428-436, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.12.043 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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) apontam que existe falta de consciência das partes interessadas sobre o que trata a ciência aberta e o valor social que ela representa.

Neste contexto, cabe destacar que a falta de compartilhamento da produção acadêmica prejudica a qualidade dos dados experimentais, impactando na capacidade da pesquisa ser reproduzida, visto que quando os protocolos não são evidenciados, impedem a evolução de novas pesquisas (Santos, 2019SANTOS, J. C. F. A ciência aberta e suas (re) configurações políticas, infraestruturas e prática científica. 2019. Tese (Doutorado em Política Científica e Tecnológica) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2019 .). Então, resumindo, a ciência aberta é um novo modelo de divulgação e produção dos resultados científicos que expressa o compromisso social, por meio do acesso livre ao conhecimento (Vicente-Sáez; Martinez-Fuentes, 2018VICENTE-SÁEZ, R.; MARTINEZ-FUENTES, C. Open Science now: a systematic literature review for an integrated definition. Journal of Business Research, Amsterdam, v. 88, p. 428-436, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.12.043 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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).

Proporcionando ao cidadão maior engajamento, por meio do compartilhamento justo dos dados, além de estimular as agências de fomentos a investirem em pesquisas responsáveis, sustentáveis e humanísticas (Vicente-Sáez; Martinez-Fuentes, 2018VICENTE-SÁEZ, R.; MARTINEZ-FUENTES, C. Open Science now: a systematic literature review for an integrated definition. Journal of Business Research, Amsterdam, v. 88, p. 428-436, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.12.043 . Acesso em: 19 mar. 2021.
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.1...
). Sua conjectura evidencia uma nova forma de comunicação do conhecimento, uma mudança de paradigma, que busca atender um novo contexto cultural, que se constrói a partir de uma realidade frequentemente alterada, necessitando de atualização para acompanhar à era digital (Clinio; Albagli, 2017CLINIO, A; ALBAGLI, S. Cadernos abertos de laboratório e publicações líquidas: novas tecnologias literárias para uma Ciência Aberta. Reciis - Revista Eletronônica de Comunicação Informação & Inovoção em Saúde, Rio de Janeiro, v. 11, p. 1-17, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.29397/reciis.v11i0.1427 . Acesso em:16 jun. 2023.
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).

Oliveira e Silva (2016OLIVEIRA, A. C.; SILVA, E. M. Ciência aberta: dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, Londrina, v. 21, n. 2, p. 5-39, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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) apontam que para garantir o sucesso da ciência aberta alguns desafios precisam ser superados, como a reflexão e construção de novos arcabouços teóricos, que visem elaborar uma política de orientação nacional para as práticas da Ciência Aberta. Já que, segundo os autores, não existem diretrizes que orientem a condução da ciência aberta, estabelecendo processos de gestão, compartilhamento, colaboração, formas de uso e reuso das informações.

Outra necessidade apontada é a falta de mobilização de governos e da comunidade científica quanto ao fato de promover e divulgar os benefícios da ciência aberta (Oliveira; Silva, 2016OLIVEIRA, A. C.; SILVA, E. M. Ciência aberta: dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, Londrina, v. 21, n. 2, p. 5-39, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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). Além das questões referentes aos processos de “[...] (des)acreditação do conhecimento produzido, de informalidade das estruturas de avaliação e validação, de comodificação do conhecimento, e de predação do modelo de acesso” (Quintanilha, 2019, p. 202QUINTANILHA, T. L. Os quatro grandes desafios ao modelo de ciência aberta:(Des) acreditação, informalidade, comodificação e predação. Texto livre, Belo Horizonte, v. 12, n. 2, p. 202-213, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.17851/1983-3652.12.2.202-213 . Acesso em: 28 nov. 2023.
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).

De acordo com Quintanilha (2019QUINTANILHA, T. L. Os quatro grandes desafios ao modelo de ciência aberta:(Des) acreditação, informalidade, comodificação e predação. Texto livre, Belo Horizonte, v. 12, n. 2, p. 202-213, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.17851/1983-3652.12.2.202-213 . Acesso em: 28 nov. 2023.
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) os desafios impostos interferem na legitimação da ciência aberta, conduzindo os pesquisadores a outros caminhos na busca por progressões e captação de recursos, em virtude da preocupação com a validade do conhecimento produzido e com o sistema de recompensa. Visto que o processo de legitimação, segundo Signorini (2018SIGNORINI, I. Legitimação de políticas científicas locais em função de demandas de internacionalização da universidade. Cadernos Cedes, Campinas, v. 38, n. 105, p. 205-221, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/CC0101-32622018183571 . Acesso em: 28 nov. 2023.
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) refere-se a uma ação social pautada na aceitação de determinado ator, ação ou relação social, dentro de determinado contexto.

Para Bourdieu (1989BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1989. ) a legitimação refere-se ao reconhecimento de um instrumento simbólico, retratando um modo de operar que origina um consenso social. Assim, para legitimar a ciência aberta é preciso que a sociedade perceba seu benefício coletivo, compreendendo que ela impulsiona o acesso universal à produção científica e apresenta condições de sustentabilidade e operacionalidade (Quintanilha, 2019QUINTANILHA, T. L. Os quatro grandes desafios ao modelo de ciência aberta:(Des) acreditação, informalidade, comodificação e predação. Texto livre, Belo Horizonte, v. 12, n. 2, p. 202-213, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.17851/1983-3652.12.2.202-213 . Acesso em: 28 nov. 2023.
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).

Para tanto, é preciso considerar que o conhecimento legitimado nos periódicos com altos fatores de impacto é aceito em razão da conexão com o sistema de recompensa acadêmica, todavia permanece restrito beneficiando apenas as grandes editoras, que cobram pelo envio e acesso (Quintanilha, 2019QUINTANILHA, T. L. Os quatro grandes desafios ao modelo de ciência aberta:(Des) acreditação, informalidade, comodificação e predação. Texto livre, Belo Horizonte, v. 12, n. 2, p. 202-213, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.17851/1983-3652.12.2.202-213 . Acesso em: 28 nov. 2023.
https://doi.org/10.17851/1983-3652.12.2....
). Neste sentido, é preciso refletir sobre a disseminação do conhecimento científico, que segundo Arraíza (2019), precisa estar à disposição dos cidadãos, sendo distribuído e disponibilizado igualmente entre os interessados.

Justamente o período pandêmico vivenciado em virtude da covid-19, demonstrou a importância da colaboração entre os pesquisadores, que unidos em busca da solução para uma doença que assolou o mundo todo conseguiram compreender e criar soluções de combate à doença (Mesquita, 2023MESQUITA, C. T. Iniciativas brasileiras lideram com forte cooperação científica para enfrentar questões da covid-19: o caso da coalizão covid-19 Brasil. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 120, n. 3, p. 1-2, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.36660/abc.20230147 . Acesso em: 16 jun. 2023.
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). Por meio do compartilhamento de dados, recursos, estudos e vacinas, tornou-se evidente os benefícios de compartilhar o conhecimento, que segundo o autor, potencializam a compreensão de um problema em favor dos resultados que beneficiaram a população mundial.

3 Procedimentos metodológicos

Esta pesquisa realizou uma busca sistematizada da literatura, que segundo argumentam Sampaio e Mancini (2007SAMPAIO, R. F; MANCINI, M. C. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese criteriosa da evidência científica. Brazilian Journal of Physical Therapy, São Carlos, v. 11, n. 1, p. 83-89, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-35552007000100013 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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), o método sistemático serve para agregar informações de um determinado tema, sintetizando as evidências disponíveis na literatura sobre a temática investigada. Assim, o levantamento de dados foi realizado na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), para buscar teses e dissertações, e para artigos a Scientific Electronic Library Online (ScIELO). Baseando-se na técnica de avaliação qualitativa, buscou-se compreender os fenômenos que permeiam a ciência aberta (Appolinário, 2006APPOLINÁRIO, F. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. São Paulo: Thomson, 2006.).

A coleta de dados foi aplicada na base BDTD, definida em virtude de a plataforma conta com 479.394 teses e 177.259 dissertações, e mais de 656.000, documentos científicos, de acordo com informações do site (IBICT, 2021INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA (IBICT). Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Brasília, 2021. ). Sendo realizada uma busca no mês de fevereiro de 2021 (período de 12 a 22/02/21), em busca avançada, utilizando como palavras-chave ciência aberta, sem aspas, dentro do período de 2016 a 2021, seleção (todos os campos), correspondência da busca (todos os termos) obtendo um resultado de 2.242 teses e 6.596 dissertações.

No entanto, refinando e limitando a busca com a palavra-chave (entre aspas) “ciência aberta”, busca por assunto, encontrou-se vinte (20) documentos, desses treze eram dissertações e sete teses, das quais quatro dissertações e seis teses foram incluídas para análise, enquanto nove documentos não respondiam à questão da pesquisa e um encontrava-se em duplicidade. Ao refazer a busca na BDTD e refinar por “resumo em português”, obteve-se quarenta (40) resultados, compostos por vinte seis dissertações e quatorze teses, das quais cinco dissertações e uma tese foram selecionadas, oito documentos já haviam sido selecionados na primeira busca, dois encontravam-se em duplicidade e 24 não respondiam à questão de pesquisa. Por fim, realizou-se uma busca idêntica, apenas modificando a seleção para “busca por título”, obtendo oito documentos, seis dissertações e duas teses, sendo incluída uma dissertação na análise, considerando que três documentos já haviam sido selecionados anteriormente e quatro não respondiam à questão proposta. Deste modo, fazem parte da análise nesta base quinze documentos (15), representados por nove dissertações e sete teses. Cabe destacar, que a data considerada pelo sistema para a busca referiu-se a data de defesa dos trabalhos, sendo assim houve uma pesquisa de 2015 defendida em 2017 que constou na base de dados.

A busca por artigos sobre ciência aberta foi realizada no repositório SciELO.org, que atende as práticas e padrões internacionais de gerenciamento e publicações de pesquisas científicas, no formato aberto e conta 229.472 artigos disponibilizados (SciELO, 2021SCIENTIFIC ELECTRONIC LIBRARY ONLINE (SciELO). Linhas prioritárias de ação 2019-2023. São Paulo, 2021. ). O período e as palavras-chave utilizadas seguiram o mesmo formato aplicado para buscar as teses e dissertações, ou seja, utilizou-se a palavra “ciência aberta” e o filtro de 2016 a 2021, selecionando “somente artigos”, sendo recuperados dezenove (19) artigos, dos quais dez apresentavam os elementos de inclusão, como argumentos e desafios impostos à ciência aberta.

Todos os vinte e seis (26) documentos selecionados foram tabulados em uma planilha de Excel, analisados e classificados segundo as diretrizes de legitimação propostas por Oliveira e Silva (2016OLIVEIRA, A. C.; SILVA, E. M. Ciência aberta: dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, Londrina, v. 21, n. 2, p. 5-39, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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). Atendendo ao critério de inclusão, que era a exigência de que as pesquisas recuperadas precisavam conter respostas ao questionamento: “Quais argumentos são utilizados pelas pesquisas para legitimar a ciência aberta e quais desafios são apontados?”.

Para análise dos dados utilizou-se análise de conteúdo, que é uma técnica que consiste em analisar por categorias a comunicação emitida, criando critérios de classificação que auxiliam na procura dos elementos contidos na mensagem que se pretende avaliar (Bardin, 2011BARDIN, L. Análise de conteúdo. 2 ed. São Paulo: Edições 70, 2011.). Esse processo foi elaborado, conforme orienta a autora, em três etapas: pré-análise (consiste em detalhar os objetivos e elaborar os elementos de interpretação), exploração do material e a criação de categorias para análise e interpretação.

Para sua execução, os objetos analisados foram separados por: tipo de documento (Tese/Dissertação/Artigo); ano da publicação; título do documento; e as categorias de análise criadas para verificar os pressupostos de legitimidade, sendo elas: (a) argumentos de legitimidade; (b) desafios (dificuldades encontradas no processo de aceitação e ampliação da ciência aberta); e (c) dimensão utilizada pelos estudos. A classificação da dimensão ocorreu de acordo com a semelhança ou aproximação do uso do tema com os atributos indicados por Oliveira e Silva (2016OLIVEIRA, A. C.; SILVA, E. M. Ciência aberta: dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, Londrina, v. 21, n. 2, p. 5-39, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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), compostos pelas bases: epistemológica; política; ético-legal-cultural; morfológica; e tecnológica.

A base epistemológica refere-se à discussão conceitual sobre a ciência aberta, revelando pontos de vistas e interpretações, já a dimensão política expõe diretrizes mínimas para estabelecer normas e regulamentações (Oliveira; Silva, 2016OLIVEIRA, A. C.; SILVA, E. M. Ciência aberta: dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, Londrina, v. 21, n. 2, p. 5-39, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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). Enquanto, a questão ético-legal-cultural, segundo os autores, aborda a postura ética do pesquisador, sua preocupação com o compartilhamento de dados e pressupõe o trabalho colaborativo.

Já a abordagem morfológica trata da estrutura de comunicação, ou seja, das práticas de gestão de dados quanto ao compartilhamento; e o pressuposto tecnológico preocupa-se com o desenvolvimento de ciberinfraestruturas, que desenvolvem soluções tecnológicas para sustentar o compartilhamento de dados (Oliveira; Silva, 2016OLIVEIRA, A. C.; SILVA, E. M. Ciência aberta: dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, Londrina, v. 21, n. 2, p. 5-39, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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). Neste sentido, a classificação seguiu a orientação descrita no Quadro 1.

Quadro 1 -
Critérios para classificação

O Quadro 1 evidencia as dimensões argumentativas e suas características, servindo de base para realizar as classificações da abordagem empregada pelos estudos incluídos nesta análise, com base na semelhança ou aproximação da dimensão comparada à forma como o tema foi aplicado.

4 Análise e discussão dos resultados

Mediante a coleta de dados esta análise é composta por vinte e seis (26) estudos sobre o tema ciência aberta, sendo classificados por meio das categorias proposta por Oliveira e Silva (2016OLIVEIRA, A. C.; SILVA, E. M. Ciência aberta: dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, Londrina, v. 21, n. 2, p. 5-39, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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): epistemológica; política; ético-legal-cultural; morfológica; e tecnológica. Essas dimensões demonstram as diretrizes mínimas para sustentação e orientação da prática da ciência aberta.

Para identificar os estudos, elaborou-se o Quadro 2, contendo a identificação do documento, quanto ao seu tipo (Tese - Dissertação - Artigo), ano de publicação, autor (es) e título do documento, organizados por ano de publicação.

Quadro 2 -
Identificação dos documentos analisados

Da análise do Quadro 2 identifica-se os vinte e seis (26) documentos apresentados e classificados como: (T=Teses), (D=Dissertação) e (A=Artigo). Bem como é demonstrado o ano de publicação, autor/autores do documento e título, que serviram de referência para elaboração desta pesquisa. Foram analisadas sete teses, nove dissertações e dez artigos, dos quais destaca-se o número maior de desenvolvimento da temática “ciência aberta” nas pesquisas para as publicações do ano de 2019, encontrada em dez documentos analisados, representando mais de 30% da base de dados.

Quanto à investigação e análise do conteúdo das pesquisas, foi evidenciado quais são os argumentos utilizados pelos estudos, indicando as dimensões que foram aplicadas para legitimar a ciência aberta, conforme Quadro 3.

Quadro 3 -
Dimensão, argumentos e desafios

O levantamento disposto no Quadro 3 demonstra que onze pesquisas usaram recursos epistemológicos em seus argumentos de forma mista, ou seja, intercalando seu uso com outra dimensão, enquanto cinco utilizaram de forma exclusiva, baseando-se em questões que buscam discutir a ciência aberta, desde sua origem até sua interpretação. Essa dimensão legítima a ciência aberta uma vez que trata de esclarecer e evidenciar o que ela é, destacando os propósitos nos quais ela se encontra alicerçada, reforçando o argumento de Vicente-Sáez e Martinez-Fuentes (2018VICENTE-SÁEZ, R.; MARTINEZ-FUENTES, C. Open Science now: a systematic literature review for an integrated definition. Journal of Business Research, Amsterdam, v. 88, p. 428-436, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.12.043 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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) sobre a necessidade de promover o entendimento sobre a ciência aberta para o seu fomento.

Os estudos que adotaram unicamente a categoria epistemológica (Arza; Fressoli; López, 2017ARZA, V.; FRESSOLI, M.; LOPEZ, E. Ciencia abierta en Argentina: un mapeo de experiencias actuales. Ciencia, docencia y tecnología, Entre Ríos, v. 28, n. 55, p. 78-114, 2017. Disponível em: http://hdl.handle.net/11336/178631 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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; Machado, 2018MACHADO, S. F. R. Uma proposta de articulação entre epistemologia e a história da ciência como fundamentação teórica à construção de episódios em ciência. 2018. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018. ; Clinio, 2019CLINIO, A. Ciência aberta na América Latina: duas perspectivas em disputa. Transinformação, Campinas, v. 31, p. 1-12, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/238180889201931e190028 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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; Araújo; Sá; Almeida, 2020ARAÚJO, C. E.; SÁ, M. J. R; ALMEIDA, M. C. Para resistir à monocultura da mente: uma ode aos saberes indígenas. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 36, p. 1-15, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-4698231352 . Acesso em:19 mar. 2021.
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) e aqueles que usaram complementarmente (Santos, 2016SANTOS, A. D. S. C. Novos cadernos de laboratório e novas culturas epistêmicas: entre a política do experimento e o experimento da política. 2016. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.; Veiga, 2017VEIGA, V. S. O. A percepção dos pesquisadores portugueses e brasileiros da área de Neurociências quanto ao compartilhamento de artigos científicos e dados de pesquisa no acesso aberto verde: custos, benefícios e fatores. 2017. Tese (Doutorado em Ciências) - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Rio de Janeiro, 2017 .; Fressoli; Arza, 2017; Menêses, 2019MENÊSES, R.V. A literatura sobre Ciência Aberta na Ciência da Informação: um estudo na LISTA e e-LiS. 2019. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade de Brasília, Brasília, 2019. ; Reis, 2019REIS, M. J. Ciência da Informação e Ciência de Dados: guia para alfabetização de dados para bibliotecários. 2019. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão da Informação e do Conhecimento) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2019.; Clinio, 2019; Caballero-Rivero; Sánchez-Tarragó; Santos, 2019CABALLERO-RIVERO, A; SÁNCHEZ-TARRAGÓ, N; SANTOS, R. N. M. Práticas de Ciência Aberta da comunidade acadêmica brasileira: estudo a partir da produção científica. Transinformação, Campinas, v. 31, p. 1-14, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2318-0889201931e190029 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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; Silva; Silveira, 2019SILVA, F. C. C; SILVEIRA, L. O ecossistema da Ciência Aberta. Transinformação, Campinas, v. 31, p. 1-13, 2019. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/2318-0889201931e190001 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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; Bertin et al., 2019BERTIN, P. R. B; FORTALEZA, J. M; SILVA, A. C.; OKAWACHI, M. F. A parceria para Governo Aberto como plataforma para o avanço da Ciência Aberta no Brasil. Transinformação, Campinas, v. 31, p. 1-10, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2318-0889201931e190020 . Acesso em:19 mar.2021.
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; Vasconcellos; Lorenzi, 2020VASCONCELLOS, V. G; LORENZI, F, C. Preprint and postprint in scientific publications and in law: discussions and measures to open science and research communication. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, v. 6, p. 1091-1116, 2020. Disponível em: https://bdjur.stj.jus.br/jspui/handle/2011/148824 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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; Ferla; Lima; Feitler, 2020FERLA, L. A. C.; LIMA, L. F. S.; FEITLER, B. Novidades no front: experiências com humanidades digitais em um curso de história na periferia da Grande São Paulo. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 33, p. 111-132, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S2178-14942020000100007 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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e Rollo, 2020ROLLO, M. F. Desafios e responsabilidades das humanidades digitais: preservar a memória, valorizar o patrimônio, promover e disseminar o conhecimento. O programa Memória para Todos. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 33, p. 19-44, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S2178-149420200001000003 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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) apontam que a ciência aberta contribui para ampliar a comunicação entre os pesquisadores, tornando o conhecimento disponível, sem apresentar barreiras, impulsionando pesquisas de forma rápida, segura e interativa. Adicionalmente, mencionam o poder do conhecimento quando compartilhado e sua capacidade de provocar mudanças sociais beneficiando toda a humanidade.

Os estudos apresentados na perspectiva epistemológica indicam como desafios da ciência aberta às necessidades: de ainda valorizar a história da ciência, pautada em concepções tradicionais; realizar conexões com os diversos saberes, valorizando as experiências culturais; unificar a perspectiva da ciência aberta, quanto ao tratamento, visto que muitos defendem sua utilidade e outros consideram como um direito social; limitação de plataformas abertas, que restringem as pesquisas; preocupação com a infraestrutura política, tecnológica e recursos humanos.

Segundo Oliveira e Silva (2016OLIVEIRA, A. C.; SILVA, E. M. Ciência aberta: dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, Londrina, v. 21, n. 2, p. 5-39, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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) a dimensão epistemológica busca promover a reflexão sobre o objeto de estudo, desta forma essas pesquisas se propuseram a argumentar sobre a ciência aberta, buscando analisar o tema por meio do seu processo de produção, sentidos e significados, dentro da ciência contemporânea. Estes argumentos destacam a importância da ciência aberta na busca de promover o conhecimento público, oportunizando o retorno social dos investimentos científicos e tecnológicos realizados (Albagli, 2015ALBAGLI, S. Ciência Aberta em questão. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL CIÊNCIA ABERTA, QUESTÕES ABERTAS, 2014, Rio de Janeiro. Anais [...]. Brasília: IBICT, 2015.). Propondo-se comunicar e fazer a ciência de forma responsável, transparente e inclusiva (Inácio; Amante, 2021INÁCIO, A; AMANTE, M. J. Ciência aberta e novas (velhas) formas de fazer e comunicar ciência: ética, integridade e investigação responsável. Páginas a&b: arquivos e bibliotecas, Porto, s. 3, n. esp., p. 83-86, 2021. ).

Quanto ao uso da dimensão ético-legal-cultural foi encontrado em onze (11) estudos de forma parcial (Caruso, 2015CARUSO, F. S. Ciência Aberta: ações de pesquisadores acadêmicos na web aberta. 2015. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015. ; Oliveira, 2016OLIVEIRA, A. C. S. Desvendando a autoralidade colaborativa na e-science sob a ótica dos direitos de propriedade intelectual. 2016. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016. ; Guirra, 2018GUIRRA, D. A. R. Acesso aberto na UFSCar: um estudo sobre a produção científica dos docentes dos Programas de Pós-graduação do CCET e CECH. 2018. Mestrado (Ciência, Tecnologia e Sociedade) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2018. ; Santos, 2019SANTOS, J. C. F. A ciência aberta e suas (re) configurações políticas, infraestruturas e prática científica. 2019. Tese (Doutorado em Política Científica e Tecnológica) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2019 .; Menêses, 2019MENÊSES, R.V. A literatura sobre Ciência Aberta na Ciência da Informação: um estudo na LISTA e e-LiS. 2019. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade de Brasília, Brasília, 2019. ; Arraíza, 2019; Appel, 2019APPEL, A. L. Dimensões tecnopolíticas e econômicas da comunicação científica em transformação. 2019.Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.; Resende, 2019RESENDE, L. C. A curadoria de dados científicos na Ciência da Informação: levantamento do cenário nacional. 2019. Dissertação (Mestrado em Gestão e Organização do Conhecimento) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019. ; Silva; Silveira, 2019SILVA, F. C. C; SILVEIRA, L. O ecossistema da Ciência Aberta. Transinformação, Campinas, v. 31, p. 1-13, 2019. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/2318-0889201931e190001 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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; Bertin et al., 2019BERTIN, P. R. B; FORTALEZA, J. M; SILVA, A. C.; OKAWACHI, M. F. A parceria para Governo Aberto como plataforma para o avanço da Ciência Aberta no Brasil. Transinformação, Campinas, v. 31, p. 1-10, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2318-0889201931e190020 . Acesso em:19 mar.2021.
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; Vasconcellos; Lorenzi, 2020VASCONCELLOS, V. G; LORENZI, F, C. Preprint and postprint in scientific publications and in law: discussions and measures to open science and research communication. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, v. 6, p. 1091-1116, 2020. Disponível em: https://bdjur.stj.jus.br/jspui/handle/2011/148824 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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) e em dois de uso específico e único (Carvalho, 2018CARVALHO, E. R. S. Diferenças na produção, compartilhamento e (re) uso de dados: a percepção de pesquisadores da Química, Antropologia e Educação. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade Federal de Brasília, Brasília, 2018. ; Papi, 2016PAPI, M. E. S. Apropriação e resistências: a experiência da FLOK Society no Equador à luz dos conceitos de Ciência Aberta. 2016. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016. ), destacando o trabalho colaborativo, sua postura ética e preocupação com o compartilhamento de dados. Os fundamentos utilizados pelos estudos consideraram que a ciência aberta se legitima por meio da forma colaborativa de produzir conhecimento, que converge com as atribuições educacionais do governo, que por intermédio das Universidades Públicas, utiliza-se de banco de dados compartilhados para gerar conhecimento. Este cenário promove mais acesso, visibilidade e produtividade para as pesquisas, fortalecendo a cidadania, definindo o conhecimento como um processo social, que como tal deve ser compartilhado.

Quanto às dificuldades apontadas os estudos pautados na dimensão ético-legal-social destaca-se: falta de unidade e apoio político para implantação e expansão da ciência aberta; resistência por parte dos países desenvolvidos, em compartilhar conhecimento e tecnologia; falta de unidade entre os movimentos que discutem a ciência aberta; relutância dos pesquisadores e falta de compreensão quanto ao compartilhamento de dados, que englobam a questão da autonomia, política de proteção, prática e confiança em um sistema de consolidação. Além de apontar a limitada conexão entre o governo e os agentes envolvidos para criarem uma estratégia colaborativa de implantação.

A influência ético-legal-social, de acordo com Oliveira e Silva (2016OLIVEIRA, A. C.; SILVA, E. M. Ciência aberta: dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, Londrina, v. 21, n. 2, p. 5-39, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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), representa a preocupação do pesquisador com o comportamento ético, no qual se deve agir com honestidade, fidedignidade e veracidade ao utilizar os dados científicos compartilhados; além de discutir a questão do sigilo e restrições, exigidas por lei em para alguns focos de análise científica; bem como a preocupação autoral dos dados disponíveis para uso e reuso. Porém, algumas destas questões já estão superadas em razão, por exemplo, do uso de programas que realizam a anonimização de dados clínicos, permitindo seu compartilhamento de forma anônima, gerando evidências que contribuem para o avanço clínico (Jakob et al., 2020JAKOB, C. E. M.; KOHLMAYER, F.; MEURERS, T; VEHRESCHILD, J. J.; PRASSER, F. Design and evaluation of a data anonymization pipeline to promote Open Science on COVID-19. Scientific Data, London, v. 7, n. 435, p. 1-10, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1038/s41597-020-00773-y . Acesso em: 1 dez. 2023.
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).

Quanto a perspectiva morfológica, que se preocupa com as práticas de gestão de dados e com a estrutura comunicativa, foi aplicada pelo estudo de Figueirêdo (2018FIGUEIRÊDO, E. F. Repositórios Digitais de publicações ampliadas: um estudo de caso. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2018. ) e parcialmente por quatro investigações (Reis, 2019REIS, M. J. Ciência da Informação e Ciência de Dados: guia para alfabetização de dados para bibliotecários. 2019. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão da Informação e do Conhecimento) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2019.; Arraiza, 2019ARRAIZA, M. P. Multimodalidade na publicação científica ampliada: considerações semióticas e modelo de representação. 2019. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Universidade Estadual Paulista, Marília, 2019. ; Resende, 2019RESENDE, L. C. A curadoria de dados científicos na Ciência da Informação: levantamento do cenário nacional. 2019. Dissertação (Mestrado em Gestão e Organização do Conhecimento) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019. ; Caballero-Rivero; Sánchez-Tarragó; Santos, 2019CABALLERO-RIVERO, A; SÁNCHEZ-TARRAGÓ, N; SANTOS, R. N. M. Práticas de Ciência Aberta da comunidade acadêmica brasileira: estudo a partir da produção científica. Transinformação, Campinas, v. 31, p. 1-14, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2318-0889201931e190029 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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) argumentando que a ciência aberta apresenta potencial para integrar e orientar dados, que a partir dos repositórios podem preservar, ampliar e proporcionar avanços científicos com transparência e reprodutibilidade. Indicando como desafios a necessidade de criar novos instrumentos que armazenam a informação de maneira articulada, garantindo sua integralidade, carecendo também da ampliação de fontes de dados que estão limitadas a algumas plataformas abertas.

A utilização dos dados abertos fornece transparência à execução das pesquisas, impulsionando a disseminação do conhecimento, já que os dados disponíveis em plataformas abertas podem ser acessados por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo (Brait et al., 2021BRAIT, B.; CRUZ PISTORI, M. H.; LOPES-DUGNANI, B.; STELLA, P. R.; GONTIJO ROSA, C.; STORTO, L. J. Bakhtiniana adere à Ciência Aberta. Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 2-15, 2021. Disponível em: http://doi.org/10.1590/2176-457356035 . Acesso em: 1 dez. 2023.
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). Este processo, segundo os autores, contribui para que os conteúdos produzidos sejam amplamente discutidos, potencializando a evolução dos resultados.

Quanto ao uso do enfoque político os resultados demonstram que quatro pesquisas usaram dessa dimensão em conjunto de outras (Oliveira, 2016OLIVEIRA, A. C. S. Desvendando a autoralidade colaborativa na e-science sob a ótica dos direitos de propriedade intelectual. 2016. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016. ; Veiga, 2017VEIGA, V. S. O. A percepção dos pesquisadores portugueses e brasileiros da área de Neurociências quanto ao compartilhamento de artigos científicos e dados de pesquisa no acesso aberto verde: custos, benefícios e fatores. 2017. Tese (Doutorado em Ciências) - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Rio de Janeiro, 2017 .; Fressoli; Arza, 2017FRESSOLI, M; ARZA, V. Negociando la apertura en ciencia abierta: un análisis de casos ejemplares en Argentina. Revista CTS - Revista Iberoamericana de Ciencia, Tecnología y Sociedad, Buenos Aires, v. 12, n. 36, p. 139-162, 2017. Disponível em: http://www.scielo.org.ar/pdf/cts/v12n36/v12n36a07.pdf . Acesso em: 19 mar. 2021.
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; Appel, 2019APPEL, A. L. Dimensões tecnopolíticas e econômicas da comunicação científica em transformação. 2019.Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.) trazendo como argumentos para a ciência aberta que a recompensa autoral é feita a partir da autoridade colaborativa produzindo um ambiente que compartilha, conecta e proporciona interatividade social, demonstrando altruísmo nos processos científicos, por meio da ampliação do acesso e a participação dos usuários.

Já os desafios indicados por essa linha referem-se a questões decisórias como as preocupações com padrões de recompensa e procedimentos autorais; a necessidade de ampliar a divulgação sobre as plataformas e políticas de proteção, bem como superar o protagonismo das editoras comerciais dentro do cenário científico. Além de indicarem a falta de equilíbrio entre a formulação de legislação para regular os direitos e a proteção da inovação.

Evidenciando que a falta de padrões e a forma como é feita a cobrança por publicações, por parte das agências de fomentos, estimulam o uso do acesso pago, gerando custos as bibliotecas públicas e restringindo o acesso à informação, reforçando a necessidade de criação de políticas de incentivo, que valorizem o potencial da ciência aberta. Este resultado corrobora com Oliveira e Silva (2016OLIVEIRA, A. C.; SILVA, E. M. Ciência aberta: dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, Londrina, v. 21, n. 2, p. 5-39, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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) que apontam a necessidade de elaboração teórica e mobilização governamental para implantação de uma política orientadora das práticas da ciência aberta.

A visão tecnológica por sua vez, utilizada por cinco estudos de forma parcial (Ferla; Lima; Feitler, 2020FERLA, L. A. C.; LIMA, L. F. S.; FEITLER, B. Novidades no front: experiências com humanidades digitais em um curso de história na periferia da Grande São Paulo. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 33, p. 111-132, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S2178-14942020000100007 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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; Rollo, 2020ROLLO, M. F. Desafios e responsabilidades das humanidades digitais: preservar a memória, valorizar o patrimônio, promover e disseminar o conhecimento. O programa Memória para Todos. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 33, p. 19-44, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S2178-149420200001000003 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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; Santos, 2019SANTOS, J. C. F. A ciência aberta e suas (re) configurações políticas, infraestruturas e prática científica. 2019. Tese (Doutorado em Política Científica e Tecnológica) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2019 .; Santos, 2016; Caruso, 2015CARUSO, F. S. Ciência Aberta: ações de pesquisadores acadêmicos na web aberta. 2015. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015. ), trazem argumentos de que a ciência aberta facilita a comunicação e disseminação do conhecimento, por meio das plataformas digitais que permitem o compartilhamento; criando ferramentas e softwares para acompanhar e padronizar os dados. Enfatizando que a ciência aberta contribui para o engajamento digital, em consonância com o desenvolvimento tecnológico, possibilitando conectar os pesquisadores, aproximando-os da sociedade; estimulando o desenvolvimento de ferramentas que padronizam os dados, maximizam sua utilização, estimulando novas pesquisas a partir das existentes. Este processo fornece um maior dinamismo às descobertas e inovações democratizando a ciência, permitindo que o conhecimento seja socializado.

Já quanto aos desafios os estudos indicam a falta de reconhecimento para com as humanidades digitais e a necessidade de adaptação dos métodos que dão suporte a dinâmica do compartilhamento, para que exista equilíbrio entre a legislação e as novas tecnologias garantindo a qualidade dos processos, criando sistemas seguros e homogêneos de controle e recuperação de dados. Esses estudos indicam como dificuldades a necessidade de ampliação das pesquisas sobre a ciência aberta e sua importância, destacando que a temática abordada pelos estudos existentes, em grande parte, trata do assunto como sendo uma ferramenta de pesquisa. Outros desafios apontados referem-se à falta de homogeneidade da publicação, o secretismo e a complexidade dos dados, que dificultam a padronização. Reforçando mais uma vez a necessidade de orientações e legislação governamental (Oliveira; Silva, 2016OLIVEIRA, A. C.; SILVA, E. M. Ciência aberta: dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, Londrina, v. 21, n. 2, p. 5-39, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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).

Os demais estudos utilizaram-se das seguintes dimensões: (1) política (Jorge, 2018JORGE, V. A. Abertura e compartilhamento de dados para pesquisa nas situações de emergência em saúde pública: o caso do vírus zika. 2018.Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2018.); (1) morfológica (Figueirêdo, 2018FIGUEIRÊDO, E. F. Repositórios Digitais de publicações ampliadas: um estudo de caso. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2018. ); (1) epistemológica e morfológica (Reis, 2019REIS, M. J. Ciência da Informação e Ciência de Dados: guia para alfabetização de dados para bibliotecários. 2019. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão da Informação e do Conhecimento) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2019.); (1) ético-legal-cultural + Tecnológica + Morfológica (Arraíza, 2019); (1) epistemológica e política (Veiga, 2017VEIGA, V. S. O. A percepção dos pesquisadores portugueses e brasileiros da área de Neurociências quanto ao compartilhamento de artigos científicos e dados de pesquisa no acesso aberto verde: custos, benefícios e fatores. 2017. Tese (Doutorado em Ciências) - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Rio de Janeiro, 2017 .). Essas misturas de dimensões indicam que a ciência aberta é um tema amplo, discutido por diversas vertentes, como traz Albagli (2015ALBAGLI, S. Ciência Aberta em questão. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL CIÊNCIA ABERTA, QUESTÕES ABERTAS, 2014, Rio de Janeiro. Anais [...]. Brasília: IBICT, 2015.) sobre as diversas interpretações existentes para a ciência aberta.

Os estudos originados da diversidade de dimensões conduzem a formação dos argumentos: de que a ciência aberta possibilita a correlação entre os dados das pesquisas, fortalecendo uma análise ou apontando uma lacuna; estimula a interdisciplinaridade entre as áreas do conhecimento; amplia a comunicação científica, e por meio da tecnologia garante a transparência e reprodutividade das pesquisas; renova a comunicação científica, potencializando seu alcance; contribui para a busca de soluções rápidas apresentadas aos problemas sociais, como a saúde; conecta os repositórios abertos; fortalece a integralidade das informações, revolucionando a forma de produção do conhecimento.

Destaca-se como dificuldades encontradas na perspectiva diversa as necessidades: de orientação e normatização de boas práticas; criação de novas formas de armazenamento; a existência de conflito de interesse, por aquelas que dominam o cenário científico; fomentar capacitação em alfabetização de dados, dentro dos espaços de aprendizagem. Esta mescla das dimensões encontradas nos estudos demonstra justamente aquilo que afirmam Silveira et al. (2021SILVEIRA, L. et al. Ciência aberta na perspectiva de especialistas brasileiros: proposta de taxonomia. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, v. 26, p. 1-27, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2021.e79646 . Acesso em: 12 jun. 2023.
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), ao se referirem a ciência aberta como sendo um ecossistema que engloba grandes temas.

Como traz Bourdieu (1989BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1989. ) para legitimar algo é preciso conhecer e reconhecer seu modo de operar. Neste sentido, percebe-se que a para legitimar a ciência aberta é preciso principalmente que professores e pesquisadores conheçam a ciência aberta e compreendam seus benefícios, como traz Tomasi (2021TOMASI, D. C. Percepções e práticas de publicações de pesquisadores da Escola de Engenharia da UFRGS no âmbito da ciência aberta. 2021. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2021 . ), assim como os órgãos políticos forneçam subsídios legais e norteadores para sua aplicação e prática (Oliveira; Silva, 2016OLIVEIRA, A. C.; SILVA, E. M. Ciência aberta: dimensões para um novo fazer científico. Informação & Informação, Londrina, v. 21, n. 2, p. 5-39, 2016. Disponível em: http://doi.org/10.5433/1981-8920.2016v21n2p5 . Acesso em: 19 mar. 2021.
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).

Esta prática, precisa ser reconhecida como sendo um bem comum, uma ponte para contribuir com a sociedade, restituindo-a do investimento que ela financiou, por meio dos recursos públicos aplicados no desenvolvimento da maioria das pesquisas nacionais (Veiga, 2017VEIGA, V. S. O. A percepção dos pesquisadores portugueses e brasileiros da área de Neurociências quanto ao compartilhamento de artigos científicos e dados de pesquisa no acesso aberto verde: custos, benefícios e fatores. 2017. Tese (Doutorado em Ciências) - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Rio de Janeiro, 2017 .). Assim, infere-se desta análise que a ciência aberta ainda necessita superar alguns obstáculos, que dependem muito mais de incentivo e compromisso dos agentes interessados, para a construção e consolidação de um sistema transparente e aberto, demonstrando a intenção de estimular, democratizar e disseminar conhecimento. Como necessita também de cooperação e políticas unificadas para que possa evoluir e ampliar seus benefícios para toda a sociedade.

Sugere-se que as instituições governamentais, editoriais, demais organizações envolvidas, juntamente com pesquisadores, estudantes e cidadãos, criem regras internacionalizadas que orientem e promovam a ciência aberta, visto que a tecnologia e os recursos humanos apresentam condições e propostas para estabelecer um sistema seguro, integrado e padronizado, que preencham as lacunas destacadas. Porém, para isso acontecer é preciso vontade e comprometimento para que o conhecimento alcance toda sociedade.

5 Considerações finais

Como foi explanado nesta pesquisa, a ciência aberta é expressa como uma forma colaborativa de desenvolver e compartilhar conhecimento, que agrega valor social, econômico e humanístico às investigações científicas, gerando oportunidades de exploração dos desafios enfrentados pela humanidade. Neste sentido, esta pesquisa se propôs a identificar, por meio da revisão de literatura, quais argumentos são utilizados para legitimar a ciência aberta e quais desafios são encontrados no processo, evidenciando também as dimensões argumentativas orientam os estudos analisados.

Os principais resultados encontrados demonstraram como contribuições da ciência aberta a promoção, ampliação e velocidade que aplica nas publicações, promovendo o bem comum e o desenvolvimento social, possibilitando transformações na forma como os sujeitos compreendem o mundo. Tendo o potencial de conectar pesquisadores e pesquisas, de forma dinâmica e engajada, articulando os resultados científicos e ampliando seu alcance.

Quanto aos desafios predominantes apontados por esta análise, destacam-se a necessidade de criação de regras que padronizem a forma de condução da ciência aberta, viabilizando critérios justos de publicação para que uma publicação possa ser avaliada pela qualidade de sua proposta e não por meio da característica da plataforma de publicação, já que esse formato fortalece o acesso pago, e não contribui para o desenvolvimento social. Indicando a necessidade de consolidação de um sistema íntegro, transparente e padronizado para garantir a integridade do ciclo das pesquisas compartilhadas, ou seja, falta unidade e políticas que orientem e estimulem o processo de produção de conhecimento no mundo fluído, que é o acesso aberto.

No que se refere às dimensões utilizadas pelos estudos, infere-se que a maioria se preocupou em discorrer sobre a origem e interpretação da ciência aberta, ou seja, baseando-se na dimensão epistemológica. Bem como preocuparam-se com as questões ético-legal-cultural, que se dedica a investigar o pesquisador, sua ética, trabalho colaborativo e compartilhamento de dados. Estas propostas se debruçam em esclarecer o que é a ciência aberta, demonstrando sua contribuição para o desenvolvimento científico e social, auxiliando no processo de legitimação uma vez que os sujeitos não podem concordar com aquilo que eles não conhecem. Todavia é preciso superar o processo de conhecimento e divulgação sobre as tratativas da ciência aberta, para que se passe a aplicar e desenvolver suas perspectivas, potenciando os resultados de sua ação prática.

Concluindo, os achados desta investigação permitiram inferir que a ciência aberta é um movimento crescente e constante, com uma capacidade inigualável e diversa para os pesquisadores desenvolverem suas pesquisas, promovendo avanços científicos e beneficiando a sociedade. Neste sentido, buscou-se contribuir teoricamente com o tema, destacando seus benefícios e desafios, em prol de sensibilizar pesquisadores, instituições educacionais e governantes sobre a sua importância para o desenvolvimento científico e colaboração social, já que quando a ciência é compartilhada seus resultados contribuem não só com os cientistas, mas com governos e sociedades.

Diante desta análise, este estudo propõe como pesquisas futuras, investigar e comparar o andamento do desenvolvimento da ciência aberta em países desenvolvidos, já que uma das questões apontada como desafio pelos estudos se refere à falta de disponibilidade destes países em compartilhar informação. E, também por serem vistos como os detentores do conhecimento e responsáveis pelo pioneirismo das pesquisas no mundo. Cabe destacar que esta pesquisa se limitou ao período de 2016-2021, bem como as bases de dados BDTD e SciELO, assim como ao descritor “ciência aberta”. Desta forma, sugere-se ampliar o período da pesquisa e as bases de dados e descritores utilizados, para evidenciar a atualização de novos argumentos e desafios.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Maio 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    18 Set 2023
  • Aceito
    11 Dez 2023
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