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WORK DESIGN: CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO DE SERVIDORES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RESUMO

Objetivo:

Identificar e analisar diferenças nas características da tarefa, do conhecimento e sociais no trabalho de servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e, secundariamente, verificar a validade fatorial, convergente, preditiva e discriminante do Work Design Questionnaire (WDQ) no contexto do Poder Judiciário brasileiro.

Originalidade/valor:

Com o desenvolvimento do WDQ, o desenho do trabalho passou a ser ainda mais estudado mundialmente. Também no Brasil, desde sua tradução e adaptação, essa variável vem apresentando grande repercussão na gestão de pessoas, sendo este o primeiro estudo no âmbito do Poder Judiciário brasileiro.

Design/metodologia/abordagem:

Por meio de survey encaminhado aos 2.898 servidores, obtiveram-se 895 respostas, que foram submetidas à análise de estatísticas descritivas, análise fatorial confirmatória, análise de confiabilidade, análise de correlação de Kendall-tau e teste Kruskal-Wallis.

Resultados:

A característica do trabalho mais reconhecida foi o suporte social, enquanto a menor foi a interação fora da organização. Conhecimentos especializados são mais requeridos de profissionais de nível superior. No trabalho dos homens, há mais resolução de problemas, conhecimentos mais especializadas e autonomia na tomada de decisão. Servidores da área finalística afirmaram exercer tarefas com mais significado. Gestores consideraram ter menos autonomia para planejar suas tarefas, enquanto os demais servidores avaliam que seus trabalhos têm início, meio e fim mais bem definidos. Num órgão público de grande porte e complexidade, as características dos trabalhos se diferenciam em função de variáveis sociodemográficas e funcionais, exigindo-se customizações nas práticas de gestão de pessoas e nas políticas organizacionais.

PALAVRAS-CHAVE:
Desenho do trabalho; Work Design Questionnaire; Setor público; Poder Judiciário; Superior Tribunal de Justiça

ABSTRACT

Purpose:

To identify and analyze differences in the tasks, knowledge, and social features of the work of civil servants of the Superior Court of Justice, and, secondarily, to verify the factorial, convergent, predictive, and discriminative validity of the Work Design Questionnaire (WDQ) in the Brazilian Judiciary context.

Originality/value:

With the WDQ’s development, the work design became the subject of further studies all around the world. Also, in Brazil, since its translation and adaptation, this variable has caused great repercussions in people management, becoming the first study within the scope of the Brazilian Judiciary.

Design/methodology/approach:

Through a survey sent to 2,898 civil servants, 895 responses were obtained and subjected to descriptive statistical analysis, confirmatory factorial analysis, reliability analysis, Kendall’s tau correlation analysis, and the Kruskal-Wallis test.

Findings:

The most indicated work feature was social support, and the least indicated was interaction outside the organization. Special knowledge was most required from professionals with higher education. For the men, there were more problem solving, specialized knowledge, and decision-making autonomy in their work. Civil servants who work in judicial activities claimed to have more meaningful tasks. Managers claimed to have less autonomy in planning their tasks, as all other civil servants stated that their work has a more definite beginning, middle, and end. In a public body of great size and complexity, work features are differentiated by their sociodemographic and functional variables, requiring customization in the management practices of people and organizational policies.

KEYWORDS:
Work Design; Work Design Questionnaire; Public Sector; Judiciary; Superior Court Of Justice

1. INTRODUÇÃO

O trabalho é parte significativa da vida das pessoas, e, por meio dele, os indivíduos se relacionam uns com os outros, assumem deveres e responsabilidades, servem à sociedade e, assim, na maior parte das vezes, obtêm renda e sustento para suas famílias (Guimarães, 2017Guimarães, R. (2017). Work Design Questionnaire: Evidências de validade fatorial no contexto brasileiro (Dissertação de mestrado, Centro Universitário de Brasília, Brasília, DF, Brasil).). Entre as temáticas afetas ao fenômeno do trabalho, está o “desenho do trabalho”, que se volta a especificar conteúdos, métodos e relações no contexto do trabalho, e a buscar, concomitantemente, geração de resultados para a organização, bem como satisfação e realização para o trabalhador, já que se considera que o trabalho de uma pessoa afeta suas atitudes e comportamentos (Parker, Morgeson, & Johns, 2017Parker, S., Morgeson, F., & Johns, G. (2017). One hundred years of work design research: Looking back and looking forward. Journal of Applied Psychology, 102(3), 403-420. doi:10.1037/apl0000106
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).

O instrumento mais recente sobre desenho do trabalho é o Work Design Questionnaire (WDQ), que foi desenvolvido por Morgeson e Humphrey (2006Morgeson, F., & Humphrey, S. (2006). The Work Design Questionnaire (WDQ): Developing and validating a comprehensive measure for assessing job design and the nature of work. Journal of Applied Psychology, 91(6), 1321-1339. doi:10.1037/0021-9010.91.6.1321
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), permitindo uma apreciação mais completa do ambiente de trabalho moderno, à luz da literatura (Parker et al., 2017Parker, S., Morgeson, F., & Johns, G. (2017). One hundred years of work design research: Looking back and looking forward. Journal of Applied Psychology, 102(3), 403-420. doi:10.1037/apl0000106
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).

Diante da repercussão positiva do WDQ, estudiosos de diversas nacionalidades buscaram verificar como o instrumento se comportava em outros idiomas e culturas. Além da versão original, foram identificadas traduções e adaptações publicadas do WDQ em alemão, italiano, polonês, francês, espanhol (versões colombiana e espanhola), holandês e português (versões portuguesa e brasileira). Além dessas, segundo o site mantido por Morgeson (2018Morgeson, F. (2018). WDQ. The Work Design Questionnaire. Recuperado de http://www.morgeson.com/wdq.html
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), um dos autores do WDQ original, e também conforme apontado por Ríos et al. (2017Ríos, M., Vielma, R., García, J., Aravena, M., Vargas, J., & Díaz, M. (2017). Spanish-language adaptation of morgeson and Humphrey’s Work Design Questionnaire (WDQ). The Spanish Journal of Psychology, 20(28), 1-30. doi:10.1017/sjp.2017.24
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), há estudos em curso, ainda não publicados, para viabilização do WDQ nos idiomas chinês, indonésio, russo, árabe, hebraico, japonês e coreano.

A primeira tradução do WDQ para o português falado no Brasil (WDQ-BR) foi publicada no âmbito da dissertação de mestrado de Guimarães (2017Guimarães, R. (2017). Work Design Questionnaire: Evidências de validade fatorial no contexto brasileiro (Dissertação de mestrado, Centro Universitário de Brasília, Brasília, DF, Brasil).). Participaram desse trabalho profissionais da educação pública, tais como professores, agentes administrativos, profissionais de limpeza e segurança, entre outros.

Tomando por base esse instrumento, o presente estudo objetiva identificar e analisar diferenças nas características da tarefa, do conhecimento e sociais no trabalho de servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e, de maneira secundária, verificar a validade fatorial, convergente, preditiva e discriminante do WDQ no contexto do Poder Judiciário brasileiro.

Essa confirmação da validade do instrumento se faz necessária porque, embora já tenha sido aplicado no setor público, acredita-se que o Poder Judiciário tenha peculiaridades que exigem uma confirmação da validade e da confiabilidade do instrumento, já que esses atributos não são estanques ou perenes, pelo contrário, sua aderência precisa ser ratificada a cada nova população, finalidade, circunstância ou contexto em que é administrada (Souza, Alexandre, & Guirardello, 2017Souza, A., Alexandre, N., & Guirardello, E. (2017). Propriedades psicométricas na avaliação de instrumentos: Avaliação da confiabilidade e da validade. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 26(3), 649-659. doi:10.5123/S1679-49742017000300022
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).

Criado em 1988 e composto por 33 magistrados e quase três mil servidores públicos, o STJ é o maior tribunal superior brasileiro e representa a última instância do Poder Judiciário para causas infraconstitucionais (ou seja, que não se referem diretamente à Constituição Federal). Cabe ao STJ solucionar definitivamente os casos civis e criminais que não envolvam matéria constitucional nem a justiça especializada (trabalhista, eleitoral e militar), bem como uniformizar a interpretação da lei federal em todo o Brasil (Freitas, Poncioni, & Odelius, 2015Freitas, P. F. P., Poncioni, W. A. O., & Odelius, C. C. (2015). O Programa de Desenvolvimento Gerencial do Superior Tribunal de Justiça. Anais do Encontro Nacional de Escolas de Governo, Brasília, DF, Brasil, 11. Recuperado de https://redeescolas.enap.gov.br/wp-content/uploads/2015/12/XI-ENEG_Prog_Desenv_Institucional_STJ.pdf
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). As principais atividades do STJ são processar e julgar crimes de autoridades, como governadores de estado, desembargadores e membros de tribunais de contas; além disso, chegam ao STJ inúmeros recursos, habeas corpus, mandados de segurança, conflitos de competências, entre outros processos jurídicos relevantes para a manutenção da ordem jurídica, dos direitos civis e da democracia no Brasil.

Além da acessibilidade, o STJ foi selecionado por critérios como porte, relevância social, notoriedade, repercussão da instituição em veículos de comunicação, e por serem, cada vez mais, recomendados estudos sobre a administração de tribunais, uma vez que esse lócus tem recebido pouca atenção de pesquisas acadêmicas (Guimarães, Odelius, Medeiros, & Santana, 2011Guimarães, T. D. A., Odelius, C. C., Medeiros, J. J., & Santana, J. A. V. (2011). Management innovation at the Brazilian Superior Tribunal of Justice. The American Review of Public Administration, 41(3), 297-312 doi:10.1177/ 0275074010380449
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).

Espera-se, portanto, sanar a lacuna de pesquisa relativa à ausência de caracterização do trabalho de servidores atuantes no contexto do Poder Judiciário brasileiro. Afinal, não se pode realizar qualquer diagnóstico organi­zacional ou recomendar providências ou políticas de gestão de pessoas sem conhecer o componente humano e suas percepções quanto ao trabalho desempenhado.

Por fim, com relação às justificativas sociais e institucionais, considera-se que estudar o desenho do trabalho no STJ, órgão público de grande porte e relevância social, trará contribuições para outras instituições públicas, acarretando potenciais benefícios na estruturação de carreiras, cargos, programas de desenvolvimento e políticas de gestão de pessoas. Esses avanços de caráter institucional podem nortear futuras propostas de reformulação do desenho do trabalho de servidores públicos, bem como proporcionar uma espécie de “customização” dele em atenção às capacidades, às competências, às necessidades e aos interesses desses servidores, visando à maximização da satisfação e do comprometimento com as instituições públicas e, consequentemente, a um melhor atendimento das demandas dos cidadãos (Ng & Feldman, 2009Ng, T., & Feldman, D. (2009). How broadly does education contribute to job performance? Personnel Psychology, 62(1), 89-134. doi:10.1111/j.1744- 6570.2008.01130.x
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).

2. DESENHO DO TRABALHO

O escopo do que vem a ser trabalho vem se ampliando. Numa visão tradicional, o desenho do trabalho era definido como um conjunto de tarefas atribuídas a um trabalhador de forma restrita e prescritiva por parte do empregador. Para essa definição, costumava-se empregar a expressão job design (Wong & Campion, 1991Wong, C., & Campion, M. (1991). Development and test of a task level model of motivational job design. Journal of Applied Psychology, 76(6), 825-837. doi:10.1037/0021-9010.76.6.825
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). Já numa visão mais atual, caracterizada pela extended work design theory ou work design in situ (Humphrey, Nahrgang, & Morgeson, 2007Humphrey, S., Nahrgang, J., & Morgeson, F. (2007). Integrating motivational, social, and contextual work design features: A meta-analytic summary and theoretical extension of the work design literature. Journal of Applied Psychology, 92(5), 1332-1356. doi:10.1037/0021-9010.92.5.1332
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; Parker, Wall, & Cordery, 2001Parker, S., Wall, T., & Cordery, J. (2001). Future work design research and practice: Towards an elaborated model of work design. Journal of Occupational and Organizational Psychology, 74(4), 413-440. doi:10.1348/ 096317901167460
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), admitem-se atividades emergentes relativas ao trato social ou, até mesmo, a tarefas não atribuídas, mas propostas e idealizadas pelo próprio trabalhador. Para essa definição costuma-se empregar a expressão work design (Ilgen & Hollenbeck, 1991Ilgen, D., & Hollenbeck, J. (1991). Job design and roles. Handbook of Industrial and Organizational Psychology, 2, 165-207.; Parker et al., 2017). É comum, no contexto contemporâneo, que os funcionários expandam seus papéis (Parker, Wall, & Jackson, 1997) e negociem novas atividades (Ilgen & Hollenbeck, 1991; Rousseau, Ho, & Greenberg, 2006Rousseau, D., Ho, V., & Greenberg, J. (2006). I-deals: Idiosyncratic terms in employment relationships. Academy of Management Review, 31(4), 977-994. doi:10.5465/amr.2006.22527470
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).

Em contraposição à definição de job design, mais restrita a tarefas atribuí­das (Parker & Wall, 1998Parker, S., & Wall, T. (1998). Job and work design: Organizing work to promote well-being and effectiveness (Vol. 4). London: Sage.), work design pode ser compreendido de diversas formas, como: 1. a natureza, o conteúdo e a estrutura do trabalho, abrangendo tarefas e atividades realizadas por funcionários em organizações (Hackman & Oldham, 1975Hackman, J., & Oldham, G. (1975). Development of the job diagnostic survey. Journal of Applied Psychology, 60(2), 159-170. doi:10.1037/h0076546
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); 2. o estudo, a criação ou modificação da composição, o conteú­do, a estrutura e o ambiente nos quais os empregos e os papéis são realizados (Morgeson & Humphrey, 2006Morgeson, F., & Humphrey, S. (2006). The Work Design Questionnaire (WDQ): Developing and validating a comprehensive measure for assessing job design and the nature of work. Journal of Applied Psychology, 91(6), 1321-1339. doi:10.1037/0021-9010.91.6.1321
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); 3. o conteúdo e a organização de tarefas, atividades, relacionamentos e responsabilidades do trabalho (Parker, 2014); 4. o modo como se agrupam as diversas tarefas relacionadas a uma atividade ocupacional, sejam elas tarefas atribuídas, tarefas sociais ou ainda tarefas de iniciativa própria (Parker et al., 2017); e 5. a estrutura real dos trabalhos que os funcionários realizam em suas organizações no dia a dia (Oldham, 2012).

O instrumento de medida mais atual para caracterizar o desenho do trabalho é o WDQ. Seus autores, Morgeson e Humphrey (2006Morgeson, F., & Humphrey, S. (2006). The Work Design Questionnaire (WDQ): Developing and validating a comprehensive measure for assessing job design and the nature of work. Journal of Applied Psychology, 91(6), 1321-1339. doi:10.1037/0021-9010.91.6.1321
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), realizaram uma extensa revisão de literatura que possibilitou a catalogação de 107 características, as quais foram submetidas a debates, análise comparativa e classificações, resultando em 18 categorias de características de trabalho, agrupadas em três categorias de ordem superior (macrodimensões): moti­vacional (tarefa e conhecimento), social, e físico-contextual. Durante a realização da análise fatorial confirmatória (AFC) executada por Morgeson e Humphrey (2006), fez-se necessário subdividir o fator interdependência em dois (iniciada e recebida) e o fator autonomia em três (agendamento de trabalho, tomada de decisão e métodos de trabalho), totalizando 21 fatores, cujas definições estão apresentadas na Figura 2.1.

Figura 2.1
OS 21 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO DESENHO DO TRABALHO

3. MÉTODO

A pesquisa caracteriza-se como um estudo quantitativo, censitário, descritivo e com recorte transversal (Creswell, 2013Creswell, J. (2013) Research design: Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches. London: Sage.; Richardson, 2010Richardson, R. (2010). Pesquisa social: Métodos e técnicas. São Paulo: Atlas.). Os 2.898 servidores públicos ativos do STJ, dos quais 342 atuam como gestores públicos, foram convidados a participar da pesquisa. Obteve-se uma taxa de resposta de 30,88%, perfazendo um total de 895 respondentes (dentre eles, 243 gestores).

A Figura 3.1 resume as principais informações a respeito da amostra alcançada.

Figura 3.1
CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Entre os gestores, a maioria dos respondentes pertencia ao nível hierárquico operacional, do sexo masculino, entre 40 e 49 anos, com pós-graduação lato sensu, com cargo efetivo de técnico judiciário, com mais de dez anos de atuação no STJ e lotados em unidades que exercem, predominantemente, atividades-meio (suporte administrativo). Já entre os servidores, prevaleceram os respondentes com funções comissionadas de complexidade e remuneração mais baixas (assistentes), do sexo feminino, com idade também entre 40 e 49 anos, com escolaridade em nível de especialização, em cargo de técnico judiciário, com menos de dez anos de atuação no STJ, lotados em atividades finalísticas (diferença apenas ligeiramente superior em relação à área-meio).

A amostra obtida mantém características semelhantes à população do STJ em relação à escolaridade e à idade, e, em geral, abrange a multiplicidade de grupos e características funcionais do STJ.

O instrumento foi encaminhado por meio eletrônico diretamente aos e-mails dos servidores e respondido entre julho e agosto de 2018. Os participantes manifestaram-se quanto às características dos seus próprios trabalhos (autoavaliação) por meio de uma escala Likert de cinco pontos, de “discordo totalmente” a “concordo totalmente”, havendo também a opção de assinalarem que determinado item “não se aplica” ao seu contexto.

Os itens foram organizados pela dimensão teórica, tal qual na versão original do WDQ. Assim como no estudo de Gonçalves (2015Gonçalves, M. (2015). Job design in consultancy sector and its relationship with consultants’ wellbeing (Dissertação de mestrado, Universidade do Porto, Porto, Portugal). Recuperado de https://www.fep.up.pt/servicos/sa/ submissao/uploads/120499044-S40-T768-20150930131922-df2zunm 7z5.pdf
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) em Portugal, tendo em vista a homogeneidade de uma amostra de consultores, a dimensão características do contexto (ergonomia, exigências físicas, condições de trabalho e uso de equipamentos) não foi incluída no instrumento aplicado no STJ, pois considerou-se que os itens dessas dimensões não se alinham ao contexto de trabalho estudado - a maior parte do trabalho se volta a rotinas administrativas e de análise processual, o que é realizado em ambientes de escritório. Ademais, as características do contexto costumam apresentar resultados inferiores na confiabilidade e revelam instabilidade em alguns itens.

Os dados foram processados nos softwares SPSS Statistics (versão 22) e RStudio (versão 1.1.383). Inicialmente, considerando que conhecer minimamente as atividades seja uma condição indispensável para responder sobre desenho do trabalho, foram retirados da análise aqueles respondentes que ainda não tinham um ano de tempo de trabalho no STJ (um gestor e 17 servidores), restando 877 respondentes (Hauk, 2014Hauk, M. (2014). Kwestionariusz Cech Pracy - opracowanie polskiej wersji narzędzia do badania cech pracy i s´rodowiska zawodowego. Wstępne wyniki badan´. Acta Univeristatis Lodziensis. Folia Psychologica, Wydawnictwo Uniwersytetu Łódzkiego, 18(1) 129-144. Recuperado de http://dspace.uni.lodz.pl:8080/xmlui/bitstream/handle/11089/8573/07%20Hauk.pdf?sequence=1&isAllowed=y
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). Mesmo assim, foi atendido o mínimo de cinco respondentes por item do instrumento (Bentler & Chou, 1987Bentler, P., & Chou, C. (1987). Practical issues in structural modeling. Sociological Methods & Research, 16(1), 78-117. doi:10.1177/00491241 87016001004
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), e, por se tratar de análise fatorial, respeitou-se também o mínimo de 200 participantes (Pasquali, 2008Pasquali, L. (2008). Análise fatorial para pesquisadores. Brasília: LabPAM, UnB. ).

As análises de dados basearam-se, principalmente, em AFC, com avaliação dos seguintes índices de ajuste: estatística qui-quadrado (X2); Comparative Fit Index (CFI); Tucker-Lewis Index (TLI); Relative Noncentrality Index (RNI); Standardized Root Mean Square Residual (SRMR); e Root Mean Square Error of Aproximation (RMSEA) (Brown, 2014Brown, T. (2014). Confirmatory factor analysis for applied research. New York: Guilford.; Hair, Black, Babin, Anderson, & Tatham, 2009Hair, J. Jr., Black, W., Babin, B., Anderson, R., & Tatham, R. (2009). Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman.). Verificou-se a confiabilidade mediante o cálculo do alfa de Cronbach, e as comparações entre grupos foram realizadas mediante o teste Kruskal-Wallis (próprio para distribuições desprovidas de normalidade) combinado com análise de estatísticas descritivas (Field, 2009Field, A. (2009). Descobrindo a estatística usando o SPSS-2. Porto Alegre: Bookman.). Os grupos mencionados referem-se à separação da amostra a partir dos dados sociodemográficos e funcionais, a exemplo de gestores e não gestores, homens e mulheres, analistas e técnicos, entre outras segmentações.

Com relação ao tratamento inicial dos dados, não houve valores ausentes propriamente ditos, pois havia obrigatoriedade de respostas. Observaram-se, no entanto, 2,81% das respostas assinaladas como “não se aplica”, sendo 1,47% com relação aos gestores e 3,32% com relação aos servidores. Embora esse percentual tenha sido bastante baixo, indicando que, em geral, os itens se aplicam à população estudada, optou-se por equiparar essas respostas a valores ausentes, os quais foram estimados pelo método linear trend at point, reduzindo limitações às futuras análises (Jesus & Laros, 2004Jesus, G., & Laros, J. (2004). Eficácia escolar: Regressão multinível com dados de avaliação em larga escala. Avaliação Psicológica, 3(2), 93-106. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v3n2/v3n2a04.pdf
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).

Para evitar prejuízos à fatorabilidade e à magnitude das cargas fatoriais (Field, 2009Field, A. (2009). Descobrindo a estatística usando o SPSS-2. Porto Alegre: Bookman.), optou-se pela exclusão de 11 outliers multivariados (nove gestores e dois servidores), restando 868 indivíduos na amostra, mas essa remoção também não causou prejuízo à amostra mínima.

Identificou-se que a distribuição era desprovida de normalidade, que não havia evidências para rejeição da hipótese de homoscedasticidade, que cerca de 75,8% das relações são lineares e que somente uma correlação sinalizou multicolinearidade (Pasquali, 2010Pasquali, L. (2010). Instrumentação psicológica: Fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed. ), com associação de 0,918, entre os itens “O trabalho tem um grande impacto sobre as pessoas de fora da instituição” e “O trabalho que realizo tem um impacto significativo sobre as pessoas de fora da instituição”. O variance inflation factor (VIF) também detectou multicolinearidade para esse último item (Pasquali, 2010). Essas características não impedem a realização da análise fatorial diante da robustez dessa técnica (Brown, 2014Brown, T. (2014). Confirmatory factor analysis for applied research. New York: Guilford.; Laros, 2012Laros, J. (2012). O uso da análise fatorial: Algumas diretrizes para pesquisadores. In L. Pasquali (Ed.), Análise fatorial para pesquisadores (pp. 163-193). Brasília: LabPAM.; León, 2011León, D. (2011). Análise fatorial confirmatória através dos softwares R e Mplus (Monografia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil). Recuperado de https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/31630
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; Pasquali, 2010), sobretudo quando há mais de 200 sujeitos (Hair et al., 2009Hair, J. Jr., Black, W., Babin, B., Anderson, R., & Tatham, R. (2009). Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman.; Pasquali, 2010).

Como as respostas relativas ao WDQ-BR foram coletadas como variáveis discretas, em uma escala de concordância Likert, mas se referem, na verdade, a dados contínuos, acatou-se a recomendação do uso do estimador Robust Weighted Least Squares baseado em polychoric correlations (Flora & Curran, 2004Flora, D., & Curran, P. (2004). An empirical evaluation of alternative methods of estimation for confirmatory factor analysis with ordinal data. Psychological Methods, 9(4), 466-491. doi:10.1037/1082-989X.9.4.466
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).

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Inicialmente, apresentam-se as médias, as medianas e o desvio padrão de cada fator relativo às características da tarefa, do conhecimento e sociais no trabalho de servidores e gestores do STJ, como consta na Figura 4.1.

Figura 4.1
ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS

Em geral, há, por parte dos gestores do STJ, maiores índices para quase todos os fatores, exceto para os seguintes: 1. autonomia no planejamento - possivelmente pelo fato de 65% dos gestores da amostra serem do nível operacional, e, embora tenham certa autonomia na tomada de decisão e nos métodos, precisam seguir a programação e as diretrizes estabelecidas por gestores táticos e estratégicos; e 2. identidade da tarefa - provavelmente porque os servidores costumam ter atividades com início e fim mais claros, ao passo que os gestores têm atribuições mais complexas e com repercussões sistêmicas, muitas vezes sem uma delimitação mais rígida.

A característica do trabalho menos reconhecida foi a interação fora da organização, com média geral de 2,76. Parte desse resultado pode ser explicado pela natureza do órgão, que é um tribunal superior (considerado também de terceira instância) e que não costuma produzir provas, lidar diretamente com as testemunhas, com as partes, entre outros jurisdicionados. Também o rigor esperado de servidores do Poder Judiciário com relação ao princípio da impessoalidade pode contribuir para a baixa interação com pessoas externas ao órgão como forma de evitar suspeitas quanto à lisura e correição das decisões judiciais.

Em contrapartida, a característica do trabalho mais reconhecida na amostra do STJ é o suporte social, com média de 4,43, o que significa que o trabalho no órgão oportuniza relações de amizade, que as pessoas se importam umas com as outras e que os gestores costumam se preocupar com o bem-estar dos servidores. Esse resultado é muito positivo, pois a literatura aponta que o suporte social costuma favorecer uma cultura de aprendizagem (Coelho & Mourão, 2011Coelho, F. A. Jr., & Mourão, L. (2011). Suporte à aprendizagem informal no trabalho: Uma proposta de articulação conceitual. Revista de Administração Mackenzie, 12(6), 224-253. doi:10.1590/S1678-69712011000600010
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), reduzir índices de intenção de rotatividade (Zaniboni, Truxillo, & Fraccaroli, 2013Zaniboni, S., Truxillo, D., & Fraccaroli, F. (2013). Validation of the Italian version of the Work Design Questionnaire (WDQ). In S. Stegmann (Chair), SIOPIAAP-EAWOP Alliance Symposium: Comprehensive Work Design Analysis-Insights from Around the Globe. Anais do Symposium conducted at the EAWOP Congress, Münster, Germany, 16.), contribuir para o nível de satisfação dos colaboradores e evitar ambientes propensos a sofrimento, tensões e sobrecarga de trabalho, além de ser reflexo da qualidade da liderança exercida (Buttigieg & West, 2013Buttigieg, S. C., & West, M. A. (2013). Senior management leadership, social support, job design and stressor-to-strain relationships in hospital practice. Journal of Health Organization and Management, 27(2), 171-192. doi:10.1108/14777261311321761
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).

No que tange às evidências de validade fatorial, convergente, preditiva e discriminante do WDQ no contexto do Poder Judiciário brasileiro, à medida que forem apresentados os principais resultados da AFC, da análise de confiabilidade, da análise de correlação de Kendall-tau e do teste Kruskal-Wallis, ficarão evidentes também as análises das diferenças no desenho dos trabalhos de grupos de servidores, organizados em função de variáveis sociodemográficas e funcionais.

A AFC demonstrou que a solução com melhor ajustamento se deu com o formato de 17 fatores, de modo equivalente ao encontrado no estudo original do WDQ desenvolvido por Morgeson e Humphrey (2006Morgeson, F., & Humphrey, S. (2006). The Work Design Questionnaire (WDQ): Developing and validating a comprehensive measure for assessing job design and the nature of work. Journal of Applied Psychology, 91(6), 1321-1339. doi:10.1037/0021-9010.91.6.1321
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) nos Estados Unidos, considerando a subtração dos quatro fatores da macrodimensão características contextuais, cujos 14 itens não foram coletados. A solução de 21 fatores (17 fatores ora estudados mais os quatro fatores das características contextuais) também foi reportada como solução mais factível por Stegmann et al. (2010Stegmann, S., Dick, R. van, Ullrich, J., Charalambous, J., Menzel, B., Egold, N., & Wu, T. (2010). Der work design questionnaire. Zeitschrift für Arbeits-und Organisationspsychologie A&O, 54(1), 1-28. doi:10.1026/0932-4089/a000002
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) na Alemanha, Zaniboni et al. (2013Zaniboni, S., Truxillo, D., & Fraccaroli, F. (2013). Validation of the Italian version of the Work Design Questionnaire (WDQ). In S. Stegmann (Chair), SIOPIAAP-EAWOP Alliance Symposium: Comprehensive Work Design Analysis-Insights from Around the Globe. Anais do Symposium conducted at the EAWOP Congress, Münster, Germany, 16.) na Itália, Bigot et al. (2014Bigot, L., Fouquereau, E., Lafrenière, M., Gimenes, G., Becker, C., & Gillet, N. (2014). Analyse préliminaire des qualités psychométriques d’une version française du Work Design Questionnaire. Psychologie du Travail et des Organisations, 20(2), 203-232. doi:10.17652/rpot/2019.3.16837
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) na França, Bayona, Caballer e Peiró (2015Bayona, J., Caballer, A., & Peiró, J. (2015). The Work Design Questionnaire: Spanish version and validation. Revista de Psicología del Trabajo y de las Organizaciones, 31(3), 187-200. doi:10.1016/j.rpto.2015.06.001
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) na Colômbia, Gorgievski, Peeters, Rietzschel e Bipp (2016Gorgievski, M., Peeters, P., Rietzschel, E., & Bipp, T. (2016). Betrouwbaarheid en Validiteit van de Nederlandse vertaling van de Work Design Questionnaire. Gedrag en Organisatie, 29(3), 273-301. Recuperado de https://msu.edu/~morgeson/gorgievski_peeters_rietzschel_bipp_2016.pdf
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) na Holanda e Ríos et al. (2017Ríos, M., Vielma, R., García, J., Aravena, M., Vargas, J., & Díaz, M. (2017). Spanish-language adaptation of morgeson and Humphrey’s Work Design Questionnaire (WDQ). The Spanish Journal of Psychology, 20(28), 1-30. doi:10.1017/sjp.2017.24
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) na Espanha.

Os índices de ajustamento obtidos na AFC foram excelentes conforme se apresenta na Figura 4.2.

Figura 4.2
RESULTADOS DA AFC

As cargas fatoriais, os erros padrão e as variâncias extraídas estão apresentados na Figura 4.3.

Figura 4.3
RESULTADO DA ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA - 17 FATORES

Para verificar a validade convergente, foram analisadas as cargas fatoriais, a variância extraída e a confiabilidade dos 17 fatores.

Além de atingirem bons índices de ajustamento, os resultados apontaram confiabilidade excelente para todos os fatores, com alfas de Cronbach entre 0,735 (para o fator complexidade do trabalho) e 0,958 (para o fator varie­dade das tarefas), além de alfa médio de 0,845 (Field, 2009Field, A. (2009). Descobrindo a estatística usando o SPSS-2. Porto Alegre: Bookman.; Pasquali, 2010Pasquali, L. (2010). Instrumentação psicológica: Fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed. ).

Quanto à variância extraída, apenas o fator resolução de problemas situou-se abaixo de 50%, mas o valor foi muito próximo (49,42%). Essa variância inferior para o referido fator converge para os achados de Guimarães (2017Guimarães, R. (2017). Work Design Questionnaire: Evidências de validade fatorial no contexto brasileiro (Dissertação de mestrado, Centro Universitário de Brasília, Brasília, DF, Brasil).) no WDQ-BR, Bayona et al. (2015Bayona, J., Caballer, A., & Peiró, J. (2015). The Work Design Questionnaire: Spanish version and validation. Revista de Psicología del Trabajo y de las Organizaciones, 31(3), 187-200. doi:10.1016/j.rpto.2015.06.001
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) no estudo colombiano, Gonçalves (2015Gonçalves, M. (2015). Job design in consultancy sector and its relationship with consultants’ wellbeing (Dissertação de mestrado, Universidade do Porto, Porto, Portugal). Recuperado de https://www.fep.up.pt/servicos/sa/ submissao/uploads/120499044-S40-T768-20150930131922-df2zunm 7z5.pdf
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) no estudo português e Ríos et al. (2017Ríos, M., Vielma, R., García, J., Aravena, M., Vargas, J., & Díaz, M. (2017). Spanish-language adaptation of morgeson and Humphrey’s Work Design Questionnaire (WDQ). The Spanish Journal of Psychology, 20(28), 1-30. doi:10.1017/sjp.2017.24
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) no estudo espanhol. Segundo esses autores, os itens do fator resolução de problemas compartilham variância com outros fatores, principalmente com os fatores processamento de informações e variedade de habilidades. Nesse sentido, sugere-se que sejam repensadas as redações para os itens que o compõem. O item “O trabalho inclui a resolução de problemas sem resposta certa óbvia”, por exemplo, poderia ser revisto para “O trabalho inclui a resolução de problemas para os quais não existe uma resposta óbvia”. E o item “O trabalho exige ideias ou soluções únicas para os problemas” poderia ser reescrito assim: “O trabalho exige ideias e soluções únicas para cada problema”.

Por fim, quanto às cargas fatoriais, seis itens de cinco fatores distintos tiveram cargas menores que 0,700, e cinco deles não exibiram valores tão baixos, com média de 0,637, apresentando alguns deles, inclusive, cargas fatoriais muito próximas a 0,700, como “O trabalho exige que eu esteja atento a mais de uma tarefa ao mesmo tempo” (carga de 0,690) e “O trabalho inclui a resolução de problemas sem resposta certa óbvia” (carga de 0,696).

Apenas o item “O trabalho exige que eu faça apenas uma tarefa ou atividade por vez”, do fator complexidade do trabalho, teve carga fatorial realmente mais baixa, de 0,392, mas, ainda assim, nenhuma das cargas chegou ao patamar mínimo de 0,320, como proposto por Tabachnick e Fidell (2007Tabachnick, B. G., & Fidell, L. S. (2007). Using multivariate statistics. New York: Allyn & Bacon, Pearson Education.). Esse achado reforça o resultado obtido na versão francesa, em que Bigot et al. (2014Bigot, L., Fouquereau, E., Lafrenière, M., Gimenes, G., Becker, C., & Gillet, N. (2014). Analyse préliminaire des qualités psychométriques d’une version française du Work Design Questionnaire. Psychologie du Travail et des Organisations, 20(2), 203-232. doi:10.17652/rpot/2019.3.16837
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) relataram baixas cargas fatoriais em itens desse fator. De qualquer forma, vale reforçar que todos os itens do fator complexidade do trabalho receberam codificação inversa por se tratar de assertivas negativas, podendo ser um dos motivos a baixa carga fatorial (Bayona et al., 2015Bayona, J., Caballer, A., & Peiró, J. (2015). The Work Design Questionnaire: Spanish version and validation. Revista de Psicología del Trabajo y de las Organizaciones, 31(3), 187-200. doi:10.1016/j.rpto.2015.06.001
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; Podsakoff, MacKenzie, Lee, & Podsakoff, 2003Podsakoff, P., MacKenzie, S., Lee, J., & Podsakoff, N. (2003). Common method biases in behavioral research: A critical review of the literature and recommended remedies. Journal of Applied Psychology, 88(5), 879-903. doi:10.1037/0021-9010.88.5.879
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). É possível que a reformulação dos itens em formato de assertiva positiva solucione o problema identificado.

A título de comparação, assim como na presente pesquisa, o fator suporte social apresentou itens com cargas inferiores nos estudos de Bigot et al. (2014Bigot, L., Fouquereau, E., Lafrenière, M., Gimenes, G., Becker, C., & Gillet, N. (2014). Analyse préliminaire des qualités psychométriques d’une version française du Work Design Questionnaire. Psychologie du Travail et des Organisations, 20(2), 203-232. doi:10.17652/rpot/2019.3.16837
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) na versão francesa e Gorgievski et al. (2016Gorgievski, M., Peeters, P., Rietzschel, E., & Bipp, T. (2016). Betrouwbaarheid en Validiteit van de Nederlandse vertaling van de Work Design Questionnaire. Gedrag en Organisatie, 29(3), 273-301. Recuperado de https://msu.edu/~morgeson/gorgievski_peeters_rietzschel_bipp_2016.pdf
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) na versão holandesa. Também Guimarães (2017Guimarães, R. (2017). Work Design Questionnaire: Evidências de validade fatorial no contexto brasileiro (Dissertação de mestrado, Centro Universitário de Brasília, Brasília, DF, Brasil).), no WDQ-BR, cogitou a possibilidade de subdivisão do fator suporte social em dois: um relativo ao modo como o respondente percebe a relação de suporte, e outro referente ao modo como o respondente acredita que os outros o percebem. Como sugestão de melhoria, propõe-se que o item “A pessoa que me supervisiona se preocupa com o bem-estar dos que trabalham para ela” seja assim reescrito: “Meu chefe se preocupa com o bem-estar das pessoas da equipe”.

Para analisar a validade preditiva (ou de critério) do instrumento, verificou-se a capacidade da escala de revelar diferenças esperadas com relação a diferentes grupos de respondentes (Hair et al., 2009Hair, J. Jr., Black, W., Babin, B., Anderson, R., & Tatham, R. (2009). Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman.). Para tanto, foram recuperadas algumas proposições teóricas e achados empíricos a serem analisados pelo teste Kruskal-Wallis, conforme apresentado na Figura 4.4.

Figura 4.4
ELEMENTOS DA VALIDADE DE CRITÉRIO

Quanto à escolaridade, os resultados apontaram que há diferenças significativas entre os grupos categorizados por nível de escolaridade. Por sua vez, as estatísticas descritivas confirmam a proposição teórica de que quanto maior o nível de escolaridade, maior a percepção de que os trabalhos dos respondentes são mais especializados e vice-versa (Bigot et al., 2014Bigot, L., Fouquereau, E., Lafrenière, M., Gimenes, G., Becker, C., & Gillet, N. (2014). Analyse préliminaire des qualités psychométriques d’une version française du Work Design Questionnaire. Psychologie du Travail et des Organisations, 20(2), 203-232. doi:10.17652/rpot/2019.3.16837
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; Gorgievski et al., 2016Gorgievski, M., Peeters, P., Rietzschel, E., & Bipp, T. (2016). Betrouwbaarheid en Validiteit van de Nederlandse vertaling van de Work Design Questionnaire. Gedrag en Organisatie, 29(3), 273-301. Recuperado de https://msu.edu/~morgeson/gorgievski_peeters_rietzschel_bipp_2016.pdf
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; Morgeson & Humphrey, 2006Morgeson, F., & Humphrey, S. (2006). The Work Design Questionnaire (WDQ): Developing and validating a comprehensive measure for assessing job design and the nature of work. Journal of Applied Psychology, 91(6), 1321-1339. doi:10.1037/0021-9010.91.6.1321
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; Ríos et al., 2017Ríos, M., Vielma, R., García, J., Aravena, M., Vargas, J., & Díaz, M. (2017). Spanish-language adaptation of morgeson and Humphrey’s Work Design Questionnaire (WDQ). The Spanish Journal of Psychology, 20(28), 1-30. doi:10.1017/sjp.2017.24
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). Com base nesse resultado e considerando que a interface entre o campo jurídico e a inteligência artificial já começa a demonstrar que, no curto e médio prazos, os algoritmos conseguirão dar conta de decisões judiciais mais simples, restarão aos servidores os casos mais complexos e que requerem maior nível de especialização. Assim, é recomendável ao órgão que considere investir em políticas de incentivo à elevação do nível de escolaridade do quadro funcional, por exemplo, mediante campanhas, elevação de requisitos para ingresso no cargo, custeio total ou parcial de bolsas de pós-graduação e/ou parcerias com universidades.

Em relação ao sexo, os homens, quando comparados às mulheres, declararam exercer mais trabalhos que exigem o desenvolvimento de soluções para os problemas, realizando também tarefas mais especializadas e que lhes dão mais autonomia na tomada de decisão, o que ratifica a proposição teórica proposta por Bigot et al. (2014Bigot, L., Fouquereau, E., Lafrenière, M., Gimenes, G., Becker, C., & Gillet, N. (2014). Analyse préliminaire des qualités psychométriques d’une version française du Work Design Questionnaire. Psychologie du Travail et des Organisations, 20(2), 203-232. doi:10.17652/rpot/2019.3.16837
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). Embora os dados demográficos da população apontem que há um equilíbrio no quantitativo de servidores e de gestores homens e mulheres, os resultados sustentam uma distinção nas percepções quanto a três características motivacionais do trabalho (autonomia, solução de problemas e especialização). É importante diagnosticar os motivos que levam a essas diferenças e propor políticas afirmativas que fomentem a igualdade de gênero não apenas em termos quantitativos, mas, principalmente, em aspectos qualitativos, capazes de levar as mulheres a perceber maior nível de motivação em seus trabalhos.

Quanto a trabalhos relativos à vida humana, considerando que servidores da área finalística do STJ lidam com aspectos jurídicos voltados a cidadania, direitos civis, matérias criminais, litígios de família, entre outras questões que impactam indiretamente a vida humana, os resultados apontaram que há diferenças significativas entre os grupos de servidores da área finalística e da área-meio, indicando as estatísticas descritivas que o significado da tarefa é mais elevado para atuantes na área finalística do STJ, o que ratifica os estudos de Gorgievski et al. (2016Gorgievski, M., Peeters, P., Rietzschel, E., & Bipp, T. (2016). Betrouwbaarheid en Validiteit van de Nederlandse vertaling van de Work Design Questionnaire. Gedrag en Organisatie, 29(3), 273-301. Recuperado de https://msu.edu/~morgeson/gorgievski_peeters_rietzschel_bipp_2016.pdf
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), Morgeson e Humphrey (2006Morgeson, F., & Humphrey, S. (2006). The Work Design Questionnaire (WDQ): Developing and validating a comprehensive measure for assessing job design and the nature of work. Journal of Applied Psychology, 91(6), 1321-1339. doi:10.1037/0021-9010.91.6.1321
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) e Ríos et al. (2017Ríos, M., Vielma, R., García, J., Aravena, M., Vargas, J., & Díaz, M. (2017). Spanish-language adaptation of morgeson and Humphrey’s Work Design Questionnaire (WDQ). The Spanish Journal of Psychology, 20(28), 1-30. doi:10.1017/sjp.2017.24
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), numa analogia a trabalhos que lidam diretamente com a vida humana (tais como profissionais da saúde).

Por fim, quanto a trabalhos que se voltam a atividades externas (tais como os profissionais de vendas ou da área comercial), idealizou-se realizar uma analogia com o trabalho gerencial, pois o STJ não exerce trabalhos de natureza comercial equiparáveis aos estudos de Morgeson e Humphrey (2006Morgeson, F., & Humphrey, S. (2006). The Work Design Questionnaire (WDQ): Developing and validating a comprehensive measure for assessing job design and the nature of work. Journal of Applied Psychology, 91(6), 1321-1339. doi:10.1037/0021-9010.91.6.1321
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) e Ríos et al. (2017Ríos, M., Vielma, R., García, J., Aravena, M., Vargas, J., & Díaz, M. (2017). Spanish-language adaptation of morgeson and Humphrey’s Work Design Questionnaire (WDQ). The Spanish Journal of Psychology, 20(28), 1-30. doi:10.1017/sjp.2017.24
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). Sendo assim, a análise baseou-se na hipótese de que os gestores estariam mais voltados ao ambiente externo, interagindo mais com pessoas de fora do STJ, sobretudo os de nível estratégico, visando ao exercício de competências como atuação em redes, captação de recursos, negociação com organizações parceiras e habilidades políticas (Freitas & Odelius, 2018Freitas, P., & Odelius, C. (2018). Competências gerenciais: Uma análise de classificações em estudos empíricos. Cadernos EBAPE.BR, 16(1), 35-49. doi:10.1590/1679-395159497
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). Diante dessa analogia, os resultados confirmaram que quanto maior o nível hierárquico, maior a interação fora da organização, ratificando os estudos anteriores.

Finalmente, quanto à validade discriminante, recorreu-se à correlação de Kendall-tau, diante da ausência de normalidade na distribuição dos dados. Tomando-se como parâmetro o critério de Shipp, Burns e Desmul (2010Shipp, F., Burns, G., & Desmul, C. (2010). Construct validity of ADHD-IN, ADHD-HI, ODD toward adults, academic and social competence dimensions with teacher ratings of Thai adolescents: Additional validity for the Child and Adolescent Disruptive Behavior Inventory. Journal of Psychopathology and Behavioral Assessment, 32(4), 557-564. doi:10.1007/s10862-010-9185-6
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), houve validade discriminante para o instrumento, pois os coeficientes de correlação entre os 17 fatores foram todos inferiores a 0,85, o que atesta a validade discriminante do instrumento, mesmo se tratando de variáveis próximas de um mesmo construto. O maior coeficiente foi 0,531 entre varie­dade de habilidades e processamento de informações, e o menor foi -0,001 entre interdependência recebida e autonomia nos métodos de trabalho.

Destarte, seria crucial que as organizações identificassem melhor o desenho do trabalho e estabelecessem políticas organizacionais e práticas de gestão de pessoas compatíveis com as características dos trabalhos de cada grupo de servidores. O STJ pode, por exemplo, tomar proveito do suporte social identificado como a característica mais reconhecida no trabalho do seu corpo funcional. É possível também analisar se a baixa interação fora da organização é uma característica natural da organização ou se pode representar uma cultura de introjeção, introspecção ou isolamento, que precisa ser combatida.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo atingiu o objetivo de identificar e analisar diferenças nas características da tarefa, do conhecimento e sociais no trabalho de servidores do STJ, apresentando, secundariamente, evidências de validade fatorial, convergente, preditiva e discriminante do WDQ no contexto do Poder Judiciário brasileiro.

A partir de uma amostra de 895 servidores e gestores do STJ, os principais achados do estudo foram:

A característica do trabalho mais reconhecida foi o suporte social, enquanto a menor foi a interação fora da organização.

Conhecimentos especializados são mais requeridos de profissionais de nível superior.

No trabalho dos homens, há mais resolução de problemas, conhecimentos especializados e autonomia na tomada de decisão.

Servidores da área finalística afirmam exercer tarefas com mais significado.

Gestores consideraram ter menos autonomia para planejar suas tarefas, enquanto os demais servidores avaliam que seus trabalhos têm início, meio e fim mais bem definidos.

Esses resultados podem sinalizar, por exemplo, o seguinte: políticas de fomento ao aumento da escolarização poderiam ser uma forma viável para o desempenho de trabalhos mais especializados; há necessidade de políticas afirmativas para o equilíbrio qualitativo de oportunidades para as servidoras em trabalhos mais instigantes, desafiadores, autônomos e especializados; há carência de visualização do impacto do trabalho de servidores da área-meio nos resultados e serviços prestados pela área-finalística; há anseios de gestores por um maior nível de autonomia no planejamento, no controle de prazos e nas entregas; e verifica-se efetividade nas práticas gerenciais e nos processos de trabalho e de delegação de atividades que delimitam o início, o meio e o fim dos trabalhos dos servidores.

O estudo mostra, portanto, os indícios de que, num órgão público de grande porte e complexidade como o STJ, as características dos trabalhos se diferenciam em função de variáveis sociodemográficas e funcionais, exi­gindo-se customizações nas práticas de gestão de pessoas e nas políticas organizacionais.

Quanto a limitações, é possível destacar o fato de que algumas características da amostra, como a falta de variabilidade em aspectos contextuais e físicos do trabalho e a baixa diferenciação nas profissões e nos cargos pesquisados, restringem a comparação dos resultados, já que, costumeiramente, o WDQ é aplicado a amostras compostas por múltiplas profissões, com trabalhos de naturezas diversas. No STJ, os trabalhos podem ser considerados relativamente homogêneos, bem como voltados a rotinas administrativas e análise processual. Além disso, o fato de os dados terem sido coletados eletronicamente, de forma virtual, pode ter representado também uma limitação, já que não se permite uma orientação imediata ao participante, em caso de dúvida ou imprecisão de itens, termos ou expressões, ou ainda por não serem consideradas as circunstâncias em que o questionário foi preenchido.

Por fim, quanto às recomendações acadêmicas, considera-se que o instrumento apresentou evidências de validade fatorial, convergente, preditiva e discriminante, mas, de qualquer forma, a validade de escalas não pode ser considerada um atributo permanente e insensível aos contextos, e, portanto, é necessário verificar a adesão do WDQ-BR em novas populações (Souza et al., 2017Souza, A., Alexandre, N., & Guirardello, E. (2017). Propriedades psicométricas na avaliação de instrumentos: Avaliação da confiabilidade e da validade. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 26(3), 649-659. doi:10.5123/S1679-49742017000300022
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). Assim, sugere-se a aplicação desse instrumento em diferentes órgãos públicos brasileiros. Além disso, recomenda-se incluir, na agenda de pesquisas futuras, estudos correlacionais entre os 17 fatores identificados e variáveis como competências gerenciais e políticas de gestão de pessoas.

REFERENCES

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Jun 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    13 Nov 2019
  • Aceito
    08 Set 2020
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